quinta-feira, 31 de março de 2016

OURO DA SERRA DE JAGUAMIMBABA (LADO PAULISTA DA SERRA DA MANTIQUEIRA) - CAMINHO VELHO - ESTRADA REAL DO SERTÃO - CAMINHO GERAL DO SERTÃO - CAMINHO DOS PAULISTAS - ESPAÇO COLONIAL DE PIQUETE-SP

NA CAPITANIA DE SÃO VICENTE (Woshington Luis)
Capítulo X - Os colonos
Algumas notas sobre alguns dos primeiros povoadores e conquistadores de São Vicente

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§9º - AFONSO SARDINHA
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O autor dos Apontamentos informa que Pedro Taques, na Nobiliarquia das principais famílias da Capitania de S. Vicente, diz a respeito de Afonso Sardinha o seguinte: "Foi o primeiro descobridor das minas de ouro, prata, ferro e aço em todo o Brasil pelos anos de 1589 em as serras seguintes: na de Jaguamimbaba, que ao presente tempo se conhece com o nome de Mantiqueira; no sítio que agora se diz Lagoas Velhas do Geraldo, distrito da freguesia da Conceição dos Guarulhos, termo da cidade de S. Paulo; na de "Jaraguá, onde fez o seu estabelecimento minerando, e aí faleceu" etc.
Não diz Az. Marques de que Título da Nobiliarquia extraiu essa informação. Na obra, porém, do genealogista paulistano no Título Taques Pompeu (Rev. do Inst. Hist. Geogr. Bras., vol. 33, primeira parte, pág. 93) se lê a respeito de Afonso Sardinha: "o afamado paulista, primeiro descobridor de minas de ouro em todo o Estado do Brasil, em S. Paulo nas serras de Iguamimbaba, que agora se chama Mantaguyra, na de Jaraguá, termo de S. Paulo, na de Vuturuna, termo de Parnahyba, na de Hybiraçoyaba, termo de Sorocaba".
Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/sv/svh072k.htm

 Nota esclarecedora:  "Foi o primeiro descobridor das minas de ouro, prata, ferro e aço em todo o Brasil pelos anos de 1589 em as serras seguintes: 
Ana de Jaguamimbaba, que ao presente tempo se conhece com o nome de Mantiqueira
B) no sítio que agora se diz Lagoas Velhas do Geraldo, distrito da freguesia da Conceição dos Guarulhos, termo da cidade de S. Paulo; 
C) na de "Jaraguá, onde fez o seu estabelecimento minerando, e aí faleceu"
Conclusão:  A Serra de Jaguamimbaba, local onde foi encontrado ouro por Afonso Sardinha em 1597, fora sucessivamente, termo da Capitania de São Vicente, do Sertão de Taubaté, do Sertão de Guaratinguetá, do Sertão do Guaipacaré, atualmente constituída do lado paulista pelo contraforte da Serra da Mantiqueira,  espaço colonial de Piquete-SP e do lado Mineiro, pelo território abrangido naquele tempo pelo Freguesia de Soledade de Itajubá, hoje (Marmelópolis-MG e Delfim Moreira-MG). Cujas referências cravadas pelos topônimos, não deixam dúvidas ou seja,  do lado paulista temos, a corruptela "Itabaquara" e do lado Mineiro, transpondo o Alto da Serra, Garganta do Sapucaí, desfiladeiro de Itajubá,  temos "as minas de Itajubá".
 

ESTABELECIMENTO DE AFONSO SARDINHA NA SERRA DO JARAGUÁ

segunda-feira, 28 de março de 2016

Na Capitania de São Vicente - Washington Luis - (Transcrição)

Capítulo X - Os colonos
Algumas notas sobre alguns dos primeiros povoadores e conquistadores de São Vicente.
Para uma terra de tudo desprovida, imensa, sem esperanças de minas, habitada por indígenas ferozes, para essa terra só viriam homens que o rei mandasse em serviço, ou catequistas-apóstolos, que uma fé ardente arrebatasse para o sacrifício, ou então degredados por força das leis criminais, ou nela ficariam náufragos de expedições ousadas e temerárias, ou desgraçados fugidos de navios, onde a vida era pior que a que eles encontrariam entre os canibais. Foram poucos, muito poucos, os que vieram habitar o Novo Mundo em princípios do século 16. Alguns nomes aparecem nas Atas das câmaras municipais e nos Inventários e Testamentos, que merecem atenção. E, felizmente, não foram eles fidalgos.
Ao retirar-se para Portugal, nos meados de 1533, Martim Afonso de Souza deixou menos gente, do pessoal de sua frota, do que a que encontrou no porto de S. Vicente, em 1532, ao que suponho.
As terras de S. Vicente nenhum atrativo tinham para reter gente aventureira, sequiosa de se enriquecer e rapidamente.
A região era habitada por um gentio bárbaro, cruel, comedor de carne humana. No litoral, na baixada, os alagadiços, em que mais se formavam mangues que canaviais, poucos e insignificantes engenhos poderiam produzir açúcar, e sem meios de exportação. E não só de açúcar se vive.
Só alguns séculos depois, iria ser ele convertido em bananais.
Na serra, na Paranapiacaba, que se empina asperamente diante do mar, as terras são as piores que constituem o Estado de S. Paulo. Escarpadas, de dificílimo e perigoso acesso, voltadas para o antártico, e, por isto, sujeitas a contínuos nevoeiros, úmidos, garoentos ou chuvosos, açoitadas por frios e devastadores ventos do Sul, essas terras nada produziam.
Não obstante o seu conhecido espírito de vigorosa iniciativa e de perseverante decisão para o trabalho, os paulistas ainda não conseguiram transformar as vertentes de Paranapiacaba em zona de produção e de proveito.
Apesar de todos os esforços, das construções de diversas estradas de diferentes espécies, algumas magníficas, que desde muito tempo, e que atualmente ligam a opulenta capital do Estado ao seu esplêndido porto marítimo, situado em Santos, nessas terras nada existe, a não ser talvez a captação das águas pela companhia Light, continuando todas, mesmo hoje, mais ou menos, como no tempo de Martim Afonso de Souza [1], vestidas de matas ordinárias que à distância, dão a encantadora ilusão de florestas, mas que não se prestam para nenhuma cultura, nem permitem chácaras de recreio, quintas de repouso ou mesmo casas de moradia.
Os donatários de largas sesmarias, concedidas por Martim Afonso durante a sua estada em S. Vicente, aí não se fixaram.
Pero de Goes foi-se logo embora; fez-se donatário da Paraíba do Sul, onde também não foi feliz, e só voltou, para a Bahia, com Tomé de Souza, como seu capitão do mar. De Ruy Pinto e de Francisco Pinto nunca mais se ouviu falar, ou pelo menos, deles só há menção nos documentos coevos para a guerra aos carijós, que, aliás, não fizeram. Só ficaram aí os que já se ocupavam do tráfico de escravos indígenas e alguns poucos mais.
Pode-se considerar porém o povoamento de S. Vicente, oficialmente, com o estabelecimento do primeiro governador do Brasil. Pelo menos é desse tempo que se encontram documentos locais, que o fazem presumir, na correspondência de Tomé de Souza e de seus companheiros com a metrópole, nas cartas dos jesuítas aos seus superiores, nas Atas da Câmara de Santo André e nas de S. Paulo, nos Inventários e Testamentos dos primitivos tempos, nos arquivos dispersos e estragados de algumas ordens religiosas. Difícil é encontrar informações nos arquivos portugueses. Tudo mais desapareceu ou não existiu ou funda-se em lendas e tradições discutíveis.
Todo esse povoamento se fez muito lentamente, muito vagarosamente, chegando mesmo a tal abatimento, que, em certa época – (carta do padre Manuel da Nóbrega ao provincial de Portugal em 1557 – Cartas Jesuíticas do Brasil, vol. 1º, pág. 174), Manuel da Nóbrega escreveu da Bahia que "a capitania de S. Vicente se estava despovoando, pela pouca conta e cuidado que el-rei e Martim Afonso têm"; e lembrou que seria bom ter a Companhia lá um ninho onde se recolhesse, quando de todo S. Vicente se despovoasse, como já disse.
Manuel da Nóbrega estava verificando a pouca conta e cuidado que o rei e o donatário tinham pelo povoamento; e, prevendo o seu abandono completo, previdentemente sugeria que a Companhia de Jesus assegurasse aí, além da catequese, a posse e domínio.
Mas os portugueses, por iniciativa própria, e os mestiços, mamelucos, iam conservar para o Brasil as terras de S. Vicente e os seus sertões, como vamos ver.
Desses que aí já estavam, dos que ficaram, e dos que vieram após 1549, até o fim do segundo governo de d. Francisco de Souza (1612), podem-se respigar algumas poucas e lacunosas informações.
Entre esses há algumas figuras bem interessantes, que estão pedindo melhor e maior estudo, que sem dúvida ainda será feito. Entre eles foi João Ramalho, uma das mais curiosas.
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§9º - AFONSO SARDINHA
Não se pode afirmar ao certo quando Afonso Sardinha chegou à Capitania de S. Vicente; mas parece ter sido ele um dos seus mais antigos moradores.
Residiu primeiro em Santos, porque no seu testamento (Azevedo Marques, Apontamentos) fala, e por vezes, em papéis de crédito que lhe levaram os ingleses, e também de umas casas, que naquela localidade possuiu, cujos títulos lhe levaram os ingleses.
Esses ingleses seriam os das armadas de Felton em 1587 ou de Thomaz Cavendish em 1591-1592. Mas passou depois a morar na vila de S. Paulo e no seu termo, onde tinha trapiches de açúcar e gado em sua fazenda, vendia marmelada, emprestava dinheiro aos capitães-mores de S. Vicente e alugava casas aos vigários, fazia vir negros da África e comprava peles em Buenos Aires. Tudo em pequena quantidade, pois que para a metrópole só havia uma viagem marítima cada ano, e essa, bem precária. Mais raras e mais precárias deveriam ser as viagens para outros pontos.
Lorde Macaulay (Ensaios Históricos, vol. 1º, pág. 246 em estudo sobre Lorde Clive) informa que as relações com a Europa eram infinitamente pouco freqüentes. A viagem para o Cabo de Boa Esperança, que, em 1860 se fazia em três meses, consumia normalmente ainda por 1730, mais de seis meses, num tempo em que a Inglaterra já começava a dominar os mares e a sua marinha era superior à portuguesa. Nesse mesmo estudo sobre Lord Clive, informa ainda que, numa de suas viagens, Lorde Clive foi obrigado a aportar no Brasil, onde aprendeu algumas palavras portuguesas, gastando na sua viagem um tempo imenso, tais os riscos e dificuldades que as navegações do Atlântico ofereciam.
José de Anchieta (Cartas Jesuíticas, vol. 3º, pág. 85) reclamava paciência para as informações enviadas de S. Paulo de Piratininga para a Europa, pois que para lá "de ano em ano parte apenas um navio". Dada a lentidão das coisas coloniais, o pequeno valor que elas representavam e a pouca importância que a elas se davam, não é temerário supor que em 1583, a comunicação marítima com a metrópole fosse ainda anual.
Foi ele, entretanto, uma das principais figuras da capitania e dela foi conquistador e povoador. Era analfabeto e sua assinatura era feita com uma cruz com três hastes.
Afonso Sardinha parece ter sido homem jeitoso; pertencia à classe dos que hoje são chamados "despistadores", sabendo conduzir-se entre as duas correntes que dividiam a capitania – jesuítas e colonos – agradável a ambas, sem suscetibilizar nenhuma, para se filiar à vencedora.
Vivia bem com os jesuítas, e havia resolvido, desde 2 de novembro de 1592, deixar-lhes por sua morte em testamento público todos os seus bens, o que se realizou a 9 de julho de 1615 (Azevedo Marques, na sua Cronologia) mas votava com os colonos, impedindo que as aldeias fossem entregues aos padres da Companhia de Jesus.
Os jesuítas eram contrários às guerras contra os índios, e influíam sobre o capitão-mor Jorge Correia, para que as não fizesse (Azevedo Marques, Cronologia – Atas, vol. 1º, págs. 446-8).
Não tomou parte na governança da vila de Santo André, tendo-se em vista que o seu nome não consta nas atas publicadas.
As atas da Câmara da vila de S. Paulo começam em 1562 e vão até 1564, e continuam em 1572, havendo, pois, um hiato de oito anos nos papéis municipais paulistas. De 1562 a 1564, o nome de Sardinha não aparece entre os da governança da terra e nada se pode saber até 16 de março de 1572, data em que recomeçam as atas.
Em 1572 foi ele eleito vereador e nomeado almotacé em 1575. Foi de novo eleito vereador em 1576 e em 1590 (Atas da Câmara desses anos, vol. 1º, págs. 46, 59, 89, e 377).
Em abril de 1578, no inventário de Damião Simões, aparece ele se obrigando pelo pagamento de uma foice de resgate avaliada em 150 réis, arrematada por Bento Frias (Inventários e Testamentos, volume 1º, pág. 8).
Em 20 de abril de 1592, foi nomeado pelo capitão-mor Jorge Correia para capitão da gente da vila de S. Paulo e seus termos (Registro Geral, vol. 1º, pág. 51).
A Câmara de S. Paulo, composta dos juízes João de Prado e Pedro Álvares, dos vereadores Fernão Dias e Antônio Preto, a 2 de maio desse ano (Atas, vol. 1º, págs. 439 e 440), fez objeções e criou dificuldades para registrar essa nomeação, sob o fundamento de que "a vila nunca tivera outro capitão senão o capitão da terra". O procurador do conselho, Alonso Peres, achou procedente essas razões, mas alegou, entretanto, que a terra estava ameaçada e que os inimigos estavam a jornada e meia da vila.
Todos ficaram concordes a respeito, resolvendo, porém, esperar o capitão-mor, Jorge Correia, para tratar sobre o assunto, não impedindo, entretanto, que Afonso Sardinha exercesse as suas funções sem, porém, mandar registrar a provisão (Atas, vol. 1º, págs. 439 e 440). A vila de S. Paulo estava com efeito ameaçada de sério ataque por parte dos índios inimigos.
A 23 de agosto de 1592 (Atas, vol. 1º, pág. 445) os oficiais da Câmara se reuniram para tratar da necessidade de uma entrada ao sertão da capitania "para ver o estado dos nossos inimigos", com os quais estavam em guerra, havia dois ou três anos (Atas, vol. 1º, pág. 442), já tendo protestado perante o capitão-mor. Leram, então, e também aos moradores da vila que todos foram convocados, o capítulo de uma carta do capitão Jorge Correia que dizia que "se parecesse bom se fizesse o salto", e logo foi deliberado que se fizesse a guerra com o maior "ímpeto de gente e com toda a brevidade" e que Jorge Correia mandasse a gente de Itanhaém e de S. Vicente.
Houve, porém, sério rebate dos índios contrários, sendo grave a situação e "estando os nossos atemorizados", Jorge Correia mandou Afonso Sardinha ao sertão, em seu nome, ver o estado em que estavam os índios contrários ou dar-lhes guerra com a maior segurança podendo levar todos os índios da capitania (30 set. 1592, Reg. Geral, vol. 1º, pág. 59). Queria contemporizar.
Jorge Correia ainda quis contemporizar alegando o perigo da guerra no mar com os piratas estrangeiros, e mais ser necessário pedir socorro ao Rio de Janeiro. A Câmara, porém, vigorosamente repeliu as alegações protelatórias.
Essa entrada se fez, pois que no inventário de Catarina Unhate, em 1613, foi avaliado o índio Francisco, "Pés Largos", da viagem de Afonso Sardinha (Inv. e Test., vol. 1º pág. 270). Dada a forma vaga com que eram feitos os inventários, a cativação do índio Francisco poderia ter sido feita, entretanto, antes ou depois desse ano e por Afonso Sardinha, o moço, pois que ambos entraram ao sertão em diversas épocas. O padre Manuel da Fonseca, porém, na Biografia do Padre Belchior de Pontes, a qual foi escrita em 1752, narra que a aldeia de Carapicuíba fora povoada por índios trazidos do sertão por indústria de Afonso Sardinha, que por sua morte os deixou ao Colégio de S. Paulo (pág. 118).
Quando foi nomeado capitão para entrar ao sertão, em 1592, Afonso Sardinha, o velho, fez o seu extenso testamento lavrado por tabelião, a 2 de novembro desse ano, e nele declara que do seu casamento com Maria Gonçalves (vide Azevedo Marques, Cronologia, Testamento de Afonso Sardinha, o velho) não houve filhos, não tendo ele herdeiros forçados, pois que Afonso Sardinha, o moço, seu filho, foi havido na constância do matrimônio. Era portanto adulterino, sem direito a herdar.
Casado com Maria Gonçalves, deixou-a herdeira de toda a sua fazenda "a portas fechadas" e, de combinação com ela, todos os bens do casal, após a morte de ambos, ficariam aos jesuítas. Nomeou-a testamenteira juntamente com o irmão Baltasar Gonçalves, seu cunhado, morador de S. Paulo. Não morreu nessa entrada, durou até proximamente 1616.
Conhecidas a escassez feminina européia e a facilidade dos costumes indígenas, Afonso Sardinha, o moço, deveria ter sido um mameluco. Aliás, essas ligações, de que resultavam os mamelucos, eram comuns na Capitania de S. Vicente, e os Inventários e Testamentos referem sempre muitos bastardos, palavra que naquele tempo chegou a significar filho de branco com índia, segundo diz o padre Manuel da Fonseca, na biografia do padre Belchior de Pontes [6].
Os cronistas antigos de S. Paulo, dada a identidade de nomes, confundem os feitos dos dois Sardinhas, atribuindo os do pai ao filho e vice-versa, o que sucede, como já notei, com muitos outros colonos. Pela narração feita não se pode saber com certeza o que pertence ao velho e o que pertence ao moço.
O próprio Azevedo Marques, nos seus Apontamentos, verbo Afonso Sardinha, quando reproduziu o que escreveu Taques, sobre esses dois colonos, declara (págs. 2 e 3 em nota) expressamente que esse genealogista confundiu os dois Afonso Sardinha. Apesar de reconhecer a confusão, não a esclareceu e ao contrário a manteve.
O autor dos Apontamentos informa que Pedro Taques, na Nobiliarquia das principais famílias da Capitania de S. Vicente, diz a respeito de Afonso Sardinha o seguinte: "Foi o primeiro descobridor das minas de ouro, prata, ferro e aço em todo o Brasil pelos anos de 1589 em as serras seguintes: na de Jaguamimbaba, que ao presente tempo se conhece com o nome de Mantiqueira; no sítio que agora se diz Lagoas Velhas do Geraldo, distrito da freguesia da Conceição dos Guarulhos, termo da cidade de S. Paulo; na de "Jaraguá, onde fez o seu estabelecimento minerando, e aí faleceu" etc.
Não diz Az. Marques de que Título da Nobiliarquia extraiu essa informação. Na obra, porém, do genealogista paulistano no Título Taques Pompeu (Rev. do Inst. Hist. Geogr. Bras., vol. 33, primeira parte, pág. 93) se lê a respeito de Afonso Sardinha: "o afamado paulista, primeiro descobridor de minas de ouro em todo o Estado do Brasil, em S. Paulo nas serras de Iguamimbaba, que agora se chama Mantaguyra, na de Jaraguá, termo de S. Paulo, na de Vuturuna, termo de Parnahyba, na de Hybiraçoyaba, termo de Sorocaba".

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Alto da Serra de Jaguamimbaba - Espaço Colonial de Piquete-SP

terça-feira, 15 de março de 2016

DESVENDANDO MAPAS E CAMINHOS.

Entre as inúmeras denominações, relativamente a importância dos rios, utilizados pelos que seguiam em demanda do sertão da América Portuguesa,  temos como exemplo a citação "caminhos que andam". Neste sentido resta incontrastável, serem os rios, elementos geográficos indispensáveis, ao sucesso de qualquer expedição. Desta feita, no contexto da cronologia das expedições, conhecendo a geografia dos lugares, posso afirmar que houve expedições que em busca de objetivos distintos, percorreram o mesmo caminho. Senão vejamos: a) A expedição de João Ramalho, de 1562, atuando contra os índios do Vale do Paraíba, momento que coincide com a confederação dos Tamoios, deu causa a que, essa nação indígena, deixando Cabo Frio latitude 20" Sul, refugiasse no sertão Mineiro, em especial entre a região do Alto Sapucai, até as nascente do rio São Francisco como costa da historiografia. Consequentemente, o caminho percorrido, era via, Garganta do Sapucai, Alto da Serra da Mantiqueira, espaço colonial de Piquete, adentrando ao território Mineiro pela atual cidade de Marmelópolis-MG; b) Na mesma direção, ao afirmar o texto* que, entre 1594-1999, "Afonso Sardinha e João do Prado investem contra as tribos do Jeticaí (atualmente conhecido como rio Grande que, na junção com o rio Parnaíba, forma o rio Paraná)" Estamos dizendo que, o caminho percorrida,  inclui, o rio Paraíba do Sul e a  Serra de Jaguamimbaba, via Alto da Serra.  Alto da serra este que, em conformidade com o mapa, contem o espaço colonial de Piquete, do lado paulista e Itajubá do lado Mineiro. Onde, o mesmo Afonso Sardinha,  encontrou a primeira, porém nem tanto significativa, quantidade de ouro de lavagem, na capitania do Sul, cujo  governador era D. Francisco de Souza, no ano de 1597. Fato este constante de seu testamento. A assertiva acima encontra fundamento na contextualização das referências geográficas, contidas no texto que trata da cronologia das Bandeira* . Quer se dizer que, o Rio Sapucai, após receber as águas do rio Verde, entre outros, formam um especial caminho, que leva ao rio Grande, tributário do Paranaíba, formador do Paraná, sendo esse o verdadeiro caminho, para os mares do sul, ou seja, a região do Prata, palco de grandes conflitos.     .
c) Quanto a  Martim Correia de Sá e sua entrada em 1597, partindo do Rio de Janeiro, fato documentado e indiscutível, por ser uma das primeira vez que se fez referência a localidade de  Paraty. Mas uma vez, traz importante referência na composição do espaço geográfico percorrido, pelas três expedições, sendo que esta, parte do Rio de Janeiro,  chega no rio Sapucaí ou Verde. O fechamento para compreensão da tese exposta, está no fato de haver trazido consigo o então Martim Correia de Sá, o aventureiro inglês seu escravo, Anthony Kanivet, que entre tantos relatos temos que; permaneceu um grande período com os Tamoios fugidos da confederação, os quais permaneceram no Sertão Mineiro; Sendo estes os índios encontrados após transpor o rio Paraíba. Cita ainda que os nativos que viviam na margem esquerda do Paraíba, iam pescar no Rio Pará, que hoje sabemos que se trata da denominação dada ao Rio São Francisco pelos indigenas. Em fim Anthony Kanivet, percorrendo os mesmos caminhos que Afonso Sardinha, João Ramalho e outros,  seguiu em direção ao Mar do Sul,  após alcançar o Rio Uruguai, onde foi novamente capiturado na bacia do Prata. Ademais, partido de São Paulo, em busca do Sabaraçu, foi também esse o caminho percorrido por Fernão Dias. Restando evidente que as Roças de Bento Rodrigues Caldeira seu filho, instalada na região do Guaipacaré, hoje Lorena-SP, era parte do plano de logística objetivando o abastecimento das expedições. Oportunamente o que parecer tratar-se de uma grande petulância de minha parte, encontra respaldo nos relatos de grandes mestres. E, particularmente, devo informar que por dever de oficio, venho circulado por Minas Gerais, o que faz quase dezoito anos. Assim sendo, 1999 passando por Cabeceira de Goias-GO (Caminho de Goías), fui parar  em Arinos (Caminho Geral do Sertão Bahiano), na beira o rio urucuia, cujo ônibus seguia, com destino Chapada Gaucha-MG e Januária-MG, na margem do São Francisco. Sertão de Guimarães Rosa,  onde por três meses ouvi muitas histórias. Em março de 1999, o destino me levou a  conhecer Capinópolis-MG, próximo ao rio Parnaíba também de muitas histórias. Em junho de 1999, transferi residência para Caldas-MG. Estando no ano 2000 em Cristina-MG, foi possivel conhecer  a constituição geográfica da região. Ou seja, caminho em demanda o Rio Sapucai, após transposição do Alto da Serra, segue em demanda de Marmelópolis-MG, Virgínea-MG, Don Visoço-MG alcançando a cidade de Caxambu. Sendo oportuno lembrar que se tratava de importante caminho de ligação entre Guaratinguetá e São João Del Rei, até que fosse criada a Comarca do Rio das Mortes. Esclarecendo, tanto o caminho de entrada pelo Registro Itajubá-MG, no Alto da Serra da Mantiqueira, Garganta do Sapucai, espaço colonial de Piquete-SP, quando o caminho de entrada pela Registro Mantiqueira, (Garganta do Embaú), passa pelo Território de Pouso Alto-MG, uma vez que à época, Don Viçoso-MG era Distrito da referida localidade.  Não menos importante, faz quinze anos que estou no Vale do Camanducaia, ou seja, nove anos em Cambui-MG e seis anos na Ponte Nova do Jaguari (Extrema-MG),  caminho de São João de Atibaia. Restanto dizer que sou de Piquete-SP e, a primeira paisagem vislumbrada por mim quando nasci, foi a serra da Mantiqueira do quintal de minha casa.
*Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Entradas_e_bandeiras 


segunda-feira, 14 de março de 2016

Entradas e bandeiras - Consturando caminhos

Cronologia do Bandeirismo de Preação

  • 1557 - Os espanhóis edificam Ciudad Real del Guayrá, próximo à foz do rio Piquiri, no que hoje é o extremo oeste do estado do Paraná.
  • 1562 - João Ramalho ataca as tribos do rio Paraíba, enquanto os jesuítas ajudam a dissolver a Confederação dos Tamoios.
  • 1576 - Os espanhóis fundam Vila Rica do Espírito Santo, na margem esquerda do rio Ivaí.
  • 1579 - Jerônimo Leitão ataca as aldeias das margens do Anhembi (Tietê).
  • 1594-1599 - Afonso Sardinha e João do Prado investem contra as tribos do Jeticaí (atualmente conhecido como rio Grande que, na junção com o rio Parnaíba, forma o rio Paraná).
  • 1595 - Uma carta régia proíbe a escravização dos indígenas.
  • 1597 - Martim Correia de Sá parte do Rio de Janeiro e chega ao rio Sapucaí ou Verde
  • 1602 - Nicolau Barreto percorre os sertões do Paraná, Paraguai e Bolívia, atingindo as nascentes do rio Pilcomayu.
  • 1606 - Manuel Preto segue rumo ao sul, à frente de uma bandeira.
  • 1607 - Outra expedição, dessa vez chefiada por Belchior Dias Carneiro, dirige-se para o sul do Brasil.
  • 1610 - Jesuítas castelhanos fundam os povoados de Santo Inácio e Loreto, na margem esquerda do rio Paranapanema.
  • 1619 - Manuel Preto ataca aldeias de Jesus, Maria e Santo Inácio (província do Guairá)
  • 1620 - Os jesuítas iniciam o povoamento do atual Rio Grande do Sul, com duas administrações: a província do Tape, com seis "povos", e a do Uruguai, com dez reduções.
  • 1623-1630 - Onze aldeias compõem a província do Guairá, limitada pelos rios Paranapanema, Itararé, Iguaçu e Paraná (margem esquerda).
  • 1626 - Surge a província do Paraná, com sete reduções, entre os rios Paraná e Uruguai.
  • 1628 - Manuel Preto e Antônio Raposo Tavares destroem as reduções do Guairá, em várias campanhas que terminam em 1633.
  • 1631 - Os jesuítas criam a província do Itatim a sudeste do atual Mato Grosso.
  • 1633 - Antonio Raposo Tavares inicia a invasão do atual Rio Grande do Sul.
  • 1639 - A Espanha concede permissão para que os índios se armem.
  • 1640 - Os jesuítas são expulsos de São Paulo.
  • 1648 - Uma expedição chefiada por Raposo Tavares
  • Governo-geral, Matias Cardoso de Almeida enfrenta os "índios bravos" do Ceará e do Rio Grande do Norte em sucessivas campanhas que terminam em 1694.
  • Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Entradas_e_bandeiras
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HISTÓRIA E VIDA COTIDIANA: AS CÂMARAS MUNICIPAIS E OS "HOMENS BONS"

HISTÓRIA E VIDA COTIDIANA: AS CÂMARAS MUNICIPAIS E OS "HOMENS BONS": Em 1551, no governo de Tomé de Sousa, foram instaladas as Câmaras Municipais, ou seja, órgãos políticos compostos pelos "homens bons". Eles eram donos de terras, senhores de engenho, membros das milícias e do clero. Eles comandavam as pequenas regiões, enquanto o governo-geral representava o poder central da colônia lusitana no Brasil. Estes ricos proprietários definiam os rumos políticos das vilas e cidades. O povo não podia participar da vida pública nesta fase.
Fonte: Blog História e Vida Cotidiana, http://migre.me/tehuX 

domingo, 13 de março de 2016

FOTO DA ESCRAVIDÃO


HISTÓRIA E VIDA COTIDIANA: AS CÂMARAS MUNICIPAIS E OS "HOMENS BONS"

HISTÓRIA E VIDA COTIDIANA: AS CÂMARAS MUNICIPAIS E OS "HOMENS BONS": Em 1551, no governo de Tomé de Sousa, foram instaladas as Câmaras Municipais, ou seja,   órgãos políticos compostos pelos "homens bons...

Os potentados do Ouro e as estratégias de ascensão social. Como tornar - se nobreza nos trópicos. - (Minas Gerais – século XVIII) - Autor - Cláudia O TONI

(Transcrição)
1 INTRODUÇÃO
Ao se traçar um perfil dos potentados do ouro em Minas Gerais do século XVIII, alguns já inventariados pela historiografia, percebe-se que eram conquistadores ou  descendentes de algum conquistador, tinham cargos de mando na Câmara e na administração,  possuíam títulos, como o de cavaleiros de ordens importantes, tinham sob seu comando  escravos, índios, mulatos, mamelucos, homens livres e pobres e estabeleciam redes com  vários segmentos sociais, num mandonismo local que possuía além da força, a capacidade de  negociação com as camadas subalternas.
Embora os potentados em Minas Gerais do final do século XVII e início do século  XVIII fossem considerados pelos governadores como opositores ao governo, devido à sua  independência em relação ao poder central português, a maioria acabou sendo agraciada com honras e mercês porque prestaram algum tipo de serviço à Coroa. 
De acordo com Luciano Raposo de Almeida Figueiredo: é necessário deixar claro que esses Grandes, a despeito da facúndia com que reclamavam direitos imemoriais e estrilavam contra a usurpação, não  pareciam alimentar planos mais sérios do que comover os sentimentos do Rei  em busca de melhores condições de barganha. Do soberano continuavam a  esperar honras e distinções,  mercês e hábitos, gêneros valorizados de modo  especial por súditos que habitavam as fímbrias das conquistas ultramarinas (FIGUEIREDO, 2001, p  237).
 A questão de maior problema entre os potentados e a Coroa se deu quando o governo passou a estender os tributos ao sertão. Os grandes proprietários não aceitavam pagar estes impostos alegando o direito de conquista e os riscos que haviam corrido neste desbravamento. Na medida em que a ordem pública avançava, eclodiam sedições contra tal avanço, nas quais os proprietários buscavam ter seus direitos respeitados. E muito embora houvesse  um espaço privilegiado para a ordem privada, os motins aconteciam sempre que se rompia com os acordos costumeiros entre os colonos e a Metrópole. E de fato, os propósitos da Coroa  na maioria das vezes eram contrários à prática cotidiana da população local. A Coroa que possuía uma economia dependente das receitas da colônia brasileira procurava agir politicamente com bastante cuidado devido ao descontentamento com a sua política tributária, ocasionando uma relação instável entre os súditos e o governo ultramarino. Entretanto, em vários momentos ocorreria uma cumplicidade entre a Coroa e os  potentados na manutenção da ordem pública, “afinal, tais potentados se viam como vassalos Del rey e tinham a ganhar na repressão de outros régulos. Isto lhes permitia destruir bandos adversários, ampliar seu poder nas localidades, além de estabelecer dons e contradons com Lisboa”. (FRAGOSO, 2005, p.147).
2 ORIGEM E TRAJETÓRIA DOS POTENTADOS
De acordo com o dicionário histórico do Brasil Colonial o  potentado é “um homem  poderoso, grande proprietário de terras que, principalmente nos sertões, exercia seu mando  de forma quase sempre autônoma, fugindo às tentativas de controle  metropolitano”. (BOTELHO, 2008, p.156).
As origens dos potentados em Minas Gerais se reportam às origens da descoberta do  ouro. As gentes que foram para as minas naquele momento eram principalmente os  negociantes de gado dos sertões do São Francisco, os comerciantes de escravos da Bahia, os paulistas com prática em apresamentos indígenas e os portugueses. Estes povoadores e conquistadores abriram perspectivas econômicas e de mando, com a promessa do Império Luso de retorno financeiro e de mercês. Contando com milícias  privadas de escravos armados-o que lhes conferia respeito e vantagens-se transformaram em poderosos locais, os chamados potentados.
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Fonte: http://www.iict.pt/pequenanobreza/arquivo/Doc/t2s2-02.pdf

Parte do Mapa da Capitania de Minas Gerais, com as divisas de suas Comarcas - Ponte Nova do Jaguari Extrema-MG

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quarta-feira, 9 de março de 2016

OS CAMINHOS ANTIGOS DO BRASIL. - de S T R A V A G A N Z A by Leopoldo Costa (Transcrição)

IV. CAMINHO VELHO

 
O Caminho Velho foi aberto em 1660, por ordem do governador geral Salvador Correa de Sá e Benavides (1602-1688), e partia de Parati, aproveitando uma antiga trilha indígena. Tinha cerca de 8 palmos de largura (1,76 m).
Em 1597, Martim Correa de Sá (1575-1631) usou este caminho para alcançar o reduto dos índios tamoios em Minas Gerais, com uma expedição de 700 portugueses e 2.000 índios escravizados. Com este Caminho, a vila de Parati passou a ser o principal porto de exportação de ouro para a coroa. Chegou a ser o segundo porto da Colônia em volume de embarques, só superado pelo do Rio de Janeiro. Em 1703 foi criada uma casa de fundição de ouro na vila.
A partir da descoberta de ouro no sertão das Minas Gerais, em fins do século XVII, o seu trajeto alcançava a vila do Falcão (atual Cunha), de onde descia até o vale do rio Paraíba do Sul (próximo de Guaratinguetá), prosseguindo até Vila Rica (Ouro Preto) ele foi importante no escoamento do ouro das minas, transportado por via marítima de Parati para Sepetiba, e daí, por via terrestre  novamente, pelas terras da fazenda Santa Cruz, até ao Rio de Janeiro, de onde seguia para Portugal. Esta via estendia-se por mais de 1.200 quilômetros, que podiam ser percorridos em cerca de 100 dias de viagem . Devido ao risco de ataque de piratas e a ocorrência de naufrágios, o rei João V (1689-1750) recomendou, em 1728, a substituição do trecho marítimo, entre Sepetiba e Parati. Então, em meados do século XVIII já existia uma variante, o Caminho Novo da Piedade, que partindo do Rio de Janeiro, pelo caminho da fazenda Santa Cruz, alcançava o vale do rio Paraíba do Sul, onde entroncava-se com o Caminho de São Paulo na altura da cidade de Lorena.
Nota: Esse Mapa do Caminho do Ouro, produzido pelo Sitio Histórico Caminho do Ouro em Paraty. Possibilita definir o caminho percorrido à partir do porto Guaipararé (Lorena-SP) em demanda do Sertão das Minas Gerais. Ou seja, a toponímia,  Registro (Piquete), no mapa, demonstra qual era o caminho percorrido em continuação ao caminho dos paulistas, caminho da Piedade, relativamente aos que vinha do Rio de Janeiro, e caminho Velho,  no que diz respeito aos que vinham de Paraty, via Serra do Facão, Cunha-SP. Sendo certo que, antes que fosse autorizada a abertura do caminho por Cunha-SP, o caminho de Paraty passava por Taubaté, quando então, nesta localidade, encontrava-se com o caminho dos Paulistas.
Nota: Mapa de Santos de 1776, cujo objetivo foi a definição das fronteiras entre a Capitania de São Paulo e Minas, verdadeira faixa de gaza, dado o conflito histórico, relativamente aos limites entre os Estados, que perdurou mais de século, possibilita esclarecer, os caminhos que sempre foram percorridos, após os encontros dos caminhos; a) dos Paulistas, ou Caminho Geral do Sertão, b) Caminho Velho do Rio de Janeiro e c) Caminho da Piedade. Uma vez que, o referido, Guaipacaré, correspondia a fronteira do Sertão.  Ou seja, entre a Margem esquerda do Rio Paraíba do Sul, e a Serra da Mantiqueira, espaço colonial de Piquete-SP, denominado, Sertão dos Índios Bravos, sempre existiu uma bifurcação de caminhos. Ainda que reiteradamente insistem os historiadores, em citar, tão somente a Garganta do Embaú, via Registro da Mantiqueira, como único acesso ao Sertão. É certo que, neste contexto,  nunca citado, não obstante a relevante, cartografia histórica, existe um outro caminho, mais antigo. Estou falando do caminho,  via Alto da Serra, percorrido pelos que tinham com objetivo, a região do Vale do Sapucaí, primeira região alcançada pela coroa Portuguesa, em busca do El Dorado, dando origem, as mais diversas denominações. Ou seja, Garganta do Sapucai, desfiladeiro de Itajubá, Estrada Real do Sertão, Caminho dos Paulista, donde se deu a instalação do Registro de Itajubá em 1746. Itinerário percorrido por Martim Corrêa de Sá. Sabido que, com ele esteve o aventureiro Inglês Anthony Kanivet, que adentrou por esse mesmo caminho, por mais de uma vez. Sendo que, em uma delas a serviço do então D. Francisco de Souza, sétimo governador da Capitania do Sul. Quando então, abandonando a condição de escravo a que vinha sendo submetido, permaneceu em companhia dos tamoios nesse sertão, uma vez que tiveram que abandonar a região de Cabo Frio onde viviam, e ali permaneceram refugiados, após a conhecida confederação dos Tamoios. É certo que esses caminhos se encontravam, uma vez que, em um primeiro momento, a meta era alcançar, a serra das vertentes, contido no complexo Mantiqueira,  nascente do Rio São Francisco, onde se supunha estar contida a grande lagoa Dourada, Ademais, faz-se necessário lembrar que, após a inúmeras tentativas,  via Bahia, Espirito Santo, em especial, pelo Rio Doce, objetivando alcançar as nascentes do grande rio Para, como era chamado o São Francisco pelos índios, o caminho mais favorável,  foi via capitania do Sul. Não sendo oportuno ampliar essa reflexão,  nesse momento, deve-se ter em consideração que, a designação Caminho Geral do Sertão, não decorreu de mera conjectura  fantasiosa tem seu real sentido.   
Roteiro do Caminho Velho do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas do Ouro de 1707.
Fonte: http://stravaganzastravaganza.blogspot.com.br/2011/02/os-caminhos-antigos.html

sábado, 5 de março de 2016

IDENTIDADES DE FRONTEIRA E TRANSGRESSÕES DE LIMITES: SÃO PAULO E MINAS GERAIS (1930-1935) (Transcrição)

 Em 1879, Prudente de Moraes, ainda como parlamentar da Província de São Paulo, apresentou uma indicação à Assembléia Legislativa de São Paulo pela qual argumentava a necessidade de redefinir as divisas entre as duas Províncias. Para tanto fez um resumo da história das demarcações realizadas no passado, iniciando pelo Alvará de 2 de Dezembro de 1720, que pela primeira vez determinou parâmetros para definir a divisa entre as duas capitanias. Por esse Alvará foi delegado às Câmaras Municipais de Guaratinguetá e São João Del Rei estabelecerem os locais por onde deveria passar a linha demarcatória entre São Paulo e Minas. Segundo Prudente de Morares, depois de muitas discussões, os indicados para tal tarefa, levando a cabo sua missão, estabeleceram em 1714 “o início do ponto divisório entre essas Comarcas, o morro do Caxambu, na antiga Freguesia de Baenpendi, lugar onde foi colocado um marco. Daí partiram as divisas que, indo até o Rio Grande, extremavam as duas capitanias”. 
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Contudo,  os moradores do Rio das Mortes arrancaram o marco que havia sido colocado no morro do Caxambu e vieram colocá-lo no alto da Serra da Mantiqueira; e a provisão régia de 30 de Abril de 1747 determinou, sancionando esse fato, que a linha divisória partisse do marco colocado no alto da Mantiqueira e seguisse o rio Sapucaí e Rio Grande. Outra provisão, igualmente régia, de 9 de maio de 1748, confirmou aquela linha divisória, que partindo da Mantiqueira seguia o Rio Sapucaí até o Rio Grande. Mas esta provisão estabeleceu a cláusula de ser aquela linha divisória, se fosse do agrado do Governador geral de Minas, Gomes Freire de Andrade. Como era natural, o Governador de Minas não se agradou dessa linha divisória, visto que os mineiros já então estavam ocupando parte do território abrangido por São Paulo por essa divisa; e então determinou que se estabelecesse uma nova linha partindo do mesmo marco do alto da Mantiqueira, mas em vez de seguir o Rio Sapucaí e cair no Rio Grande, seguiria pela crista daquela serra até a serra de Mogi-Guaçú e daí desceria Rio Grande. Essa é a terceira linha divisória. É aquela que está sendo respeitada atualmente em conseqüência da posse que tomaram os mineiros dos territórios aquém do Sapucaí.4 . 
 Mapa de Santos, de 1776.
Nota: No que diz respeito a identidade de fronteira, essa é mais uma oportunidade de trazer a baila aspectos da relevância Histórica do espaço colonial de Piquete-SP. Nesta direção deve-se ter em consideração que, um dos pontos de grande divergência, que acabou por ser definido como marco de divisa entre São Paulo e Minas foi o Alto da Serra, toponímia constante do Mapa  a cima.  Existem ademais, elementos de convicção histórica que permite afirmar que a via Alto da Serra, foi o caminho  percorrido pela expedição enviada ao Sertão por Martim Afonso de Souza em 1531, à partir de Paraty-RJ, em demanda do do Alto do Sapucai, caminho percorrido pela Bandeira de Fernão Dias,  Caminho percorrido pelo aventureiro Inglês, Anthny Kanivet. 
 Fonte: http://www.anpuhsp.org.br/sp/downloads/CD%20XVIII/pdf/ORDEM%20ALFAB%C9TICA/Flavia%20Arlanch%20Martins%20de%20Olveira.pdf

terça-feira, 1 de março de 2016

Negócios, contratos e a administração fiscal nas Minas Gerais: os conflitos de jurisdição e os poderes locais (1780 - 1815) - (Transcrição)


- Local de instalação do Registro de Itajubá em 1746, Pico da Meia Lua, Alto da Serra, Caminho Velho, Garganta do Sapucai, Estrada Real do Sertão, Caminho dos Paulistas, Rota Afro da Diáspora, Via do Peabiru, Caminho do Ouro etc.
 
No caminho “velho” ou caminho das Minas pela Capitania de São Paulo, foram  instalados os seguintes Registros: Capivari, Itajubá, Jacuí, Jaguarí, Mandu, Ouro Fino, Picu,  Rio Grande, Sapucaí e Sapucaí Mirim. O Registro do Capivari ficava situado no antigo caminho que ligava Guaratinguetá da Capitania de São Paulo à Vila de São João Del Rei. Na segunda metade do século XVIII teria existido um arraial de Capivari no chamado caminho do Picu e daí o nome do Registro. Os Registros de Itajubá, Jacuí, Jaguarí e Mandu são todos da segunda metade do século XVIII e todos de regiões limítrofes com a Capitania de São  Paulo. Como Registro de fronteira com a Capitania de São Paulo, Jacuí demonstra bem a diversidade dos produtos “importados” que entravam pela passagem. Eram eles: açúcar, aço, ferro, cobre, chumbo, enxofre, vinho, escravo, cavalos além de secos e molhados que não temos como distinguir a não ser como comestíveis e não comestíveis. 
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O Registro de Itajubá entre os anos de 1765 a 1783 registrou 1670 entradas totalizando  um volume de mais de 14 contos de alfânde ga. Sua movimentação assemelha-se mais a do Jacuí pela natureza dos produtos importados que entraram e pelo fato de não ser freqüentado  apenas por produtores/ mercadores das regiões próximas transportando produtos de abastecimento. Apesar da aguardente e rapadura ter uma presença expressiva, são os produtos importados de metais, escravos e sal que representam o maior volume das alfândegas. Além disso, o Registro tem como característica entradas com grandes volumes de mercadorias diversas que entraram aqui como outros. Trata-se da dificuldade de inserir numa mesma  entrada as denominações de todos os produtos que entram numa mesma carregação e em pequenas quantidades. Nesse caso, elas foram todas anotadas nos campos de observação.
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Produto Entrada
1)  - aguardente e rapadura, 102
2)  - aguardente, 237
3)  - aguardente, café e rapadura, 14
4)  - aguardente, molhado e seco, 30
5)  - aguardente, rapadura e açúcar, 24
6)  - aguardente, rapadura e sal, 93
7)  - aguardente, rapadura e seco, 8
8)  - sal, 333
9)  - Escravo, 159
10) - escravo e seco, 7
11) - gado cavalar, 21
12) - Molhado, 161
13) - sal e escravo, 24
14) - metais (aço, ferro, cobre, chumbo) e ferramentas, 38
15) - sal, seco, metais (aço, ferro, cobre, chumbo) e ferramentas, 40
16) - escravo, sal, seco metais e ferramentas, 11
17) - vinho, aguardente, rapadura, sal, e seco 19
18) - vinho, metais e ferramentas, 17
19) - fardos e caixas, metais e ferramentas, 4
20) - outros*, 328

Esse livro de registro também informa as localidades de destino. Aqui neste caso como podemos observar são todas as localidades da Comarca do Rio das Mortes o que pode indicar  realmente o destino final ou entreposto para re-distribuição das mercadorias. Entretanto, parece-nos mais provável ser o destino final das mercadorias introduzidas pelo fato de ser um momento de expansão territorial e político da região.
Fonte: Cláudia Maria das Graças CHAVES Universidade Federal de Ouro Pretohttp://www.iict.pt/pequenanobreza/arquivo/Doc/p4-01.pdf
N.º 07 do Mapa, corresponde a localização do Registro de Itajubá,  no Alto da Serra da Mantiqueira, estrada de ligação, entre Guaratinguetá e São João Del Rei, Caminho dos Paulista, Estrada Real do Sertão, Caminho Velho, Caminho do Sertão, espaço colonial de Piquete-SP

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...