sábado, 30 de janeiro de 2016

O Rio Sapucaí: Anotações Para Uma Narrativa Histórica (Transcrição)

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A descoberta do rio Sapucahy é atribuída a diversos bandeirantes paulistas, em expedições datadas desde a última década do século XVI até meados do século seguinte, e presume-se que tenha sido concomitante à descoberta do rio Verde. Teriam chegado ao vale do rio Sapucaí, as expedições de João Botafogo (1596), Martim Correa de Sá, Padre João Farias, Matias Cardoso de Almeida (1664), entre outros, havendo inclusive hipóteses sobre eventuais encontros entre algumas dessas bandeiras. 
Mas a conquista do vale do Sapucaí como território mineiro foi objeto de duras disputas entre autoridades metropolitanas e forasteiros e bandoleiros que já exploravam o ouro deste território anteriormente à ocupação oficial. Disputas essas acirradas pelo conflito entre as próprias autoridades metropolitanas, civis e eclesiásticas, notadamente entre paulistas e mineiros.
A partir da Guerra dos Emboabas (1708/1709), os conflitos pela posse das minas desencadeiam uma séria de medidas administrativas visando assegurar a presença nos sertões das autoridades metropolitanas. Em 1714 foram criadas na região das Minas, comarcas, entre elas a Comarca do Rio das Mortes, tendo como sede a Vila de São João del Rey . Para contestar a delimitação dessa comarca ao sul, autoridades paulistas fixaram novo marco em Caxambu, que foi removido pelos mineiros em 1731, inaugurando uma série de conflitos violentos em que as ordens régias pouco valiam.
Os impactos ambientais da exploração do ouro nos rios eram intensos. 
As descobertas de ouro, [...], foram a principio mais freqüentes nos ribeiros que nos rios. [...] No começo era muito facil a exploração do ouro nos leitos dos rios e córregos [...]. Poucos annos, porem, depois estes se foram cobrindo de lama, de sorte que se tornou mais difficil a exploração dos depósitos mais ricos de ouro, que se iam sempre afundando [...]. O represamento e o desvio das águas atravez dos baixios próximos de depósitos de alluvião é que conduziu á descoberta do ouro nas margens dos rios e nessas baixadas (taboleiros). (SILVEIRA, 1927, p. 52) 
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A partir do reconhecimento oficial da região pelas autoridades mineiras, são efetivados os descobertos de ouro em São Gonçalo do Sapucaí (1739) e Santana do Sapucaí (1746). A posse canônica do segundo descoberto em 1750 teria ensejado conflitos entre o Bispado de Mariana, de Minas Gerais e o Bispado de Guaratinguetá, de São Paulo. Tais conflitos já vinham desde 1747, quando da “Questão das Cinco Igrejas”, em que os bispados disputavam a jurisdição eclesiástica sobre as igrejas de Aiuruoca, Baependi, Campanha, Carrancas e Pouso Alto. O rio “Sapucahy” era a linha divisória entre as duas dioceses.
A cartografia da época sobre os limites entre as capitanias evidencia os conflitos entre ambas.
No mapa “Demonstração de P.te da Diviza desta Capitania com a de S. Paulo”, produzido por volta de 1800, encontra-se representada a divisa entre Minas Gerais e São Paulo, bem como a rede de caminhos entre essas duas capitanias, tendo os rios Paraíba, Baependi, Aiuruoca, Verde e Sapucahi [Sapucaí] e a Serra da Mantiqueira como referências. (COSTA. A., 2007, p. 158)
Este mapa apresenta uma curiosa inversão na representação cartográfica tradicional entre o Norte e o Sul, sendo a capitania de São Paulo desenhada na parte setentrional e a capitania de Minas, na porção meridional. Nesta porção figura parte do vale do rio Sapucahy. Foram assinalados a posteriori, seguindo as indicações da legenda do mapa, o registro de Itajubá (n. 7); a Vila de Campanha (n. 10), criada em 1798; o Arraial de São Gonçalo (n. 11) e o Morro do Lopo (n. 16).
 Fonte: Maria Lúcia Prado Costa. http://www.fundamar.com/imprensa.aspx?id=59












AS CONTROVERTIDAS MINAS DE SÃO PAULO (1550 - 1650) - (Transcrição)

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Sondáveis interesses:
Afonso Sardinha, o moço, residia junto ao rio Pinheiros, em São Paulo e minerava em Jaraguá. Descobriu minas de ferro em Araçoiaba em 1589 e, com seu parceiro, Clemente Alvares, minas de ouro no Jaraguá, Vuturuna (Parnaíba) e Jaguamimbaba (nas proximidades da Serra da Mantiqueira). Sardinha ainda teria construído dois engenhos para fundição de ferro em Araçoiaba, sendo um deles doado ao governador geral do Brasil, D. Francisco de Souza, instalado em São Paulo desde 1599.11 O moço faleceu em 1604, em pleno sertão, e fez correr fama de que deixara em testamento “oitenta mil cruzados de ouro em pó enterrado num botelho de barro” A afirmação foi ironizada por Afonso Taunay, pois segundo ele, depois da conversão aproximada desta quantidade em quilos, Sardinha o moço poderia ser considerado um “Fugger brasileiro”.12 Esta suspeitosa riqueza de Sardinha pode ser considerado apenas mais um dos episódios nebulosos que envolvem o tema das minas na São Paulo dos séculos XVI e XVII. Algumas décadas depois, e após muitas especulações, pedidos e expectativas, as minas de São Paulo ainda pareciam despertar dúvidas. Numa carta de Salvador Correia de Sá e Benevides ao rei, datada de 1654, este falava que, em relação às minas da Capitania de São Vicente, os interessados “as avaliam por mais do que são; e os outros por menos do que mostram”.13 Fazia questão de pontuar que “depois de todas aquelas diligencias feitas com Dom Francisco de Sousa por el rey de Castela e das noticias das particularidades (...) não acabo de persuadir me a que na realidade aja tais minas”. Por fim, recomendava cautela para não alimentar muitas ambições e solicitava o envio de alguém com desinteresse para as demandas minerais, segundo ele, coisa “difícil de conservar entre ouro e prata em terras tão remotas”, ainda mais com “os ânimos daqueles moradores sediciosos e turbulentos; porque é a Rochela do sul a capitania de São Paulo”. Reconhecia que ia contra a opinião de muitos, mas, assim mesmo, acreditava que valeria a pena o esforço. E o esforço da família Sá em relação às tais minas de São Paulo não era novo. Anthony Knivet já havia relatado como participara de uma entrada liderada pelo pai de Benevides, Martim de Sá, em 1599.14 Ademais, o avô, Salvador Correia de Sá, era próximo do governador D. Francisco e herdou
as suas mercês após a sua morte, depois de algumas diligências políticas na corte de Madri.15 Em 1613, Salvador Correia de Sá recebeu as mercês, repassando-as, primeiro, para um dos filhos, Martim de Sá, e, depois, para o outro, Gonçalo de Sá. Segundo Carvalho Franco, Benevides viera de Portugal com o avô e o teria acompanhado a São Paulo, onde ficou parte de sua adolescência, por cerca de cinco anos, fazendo ensaios de metal e recolhendo notícias sobre as tais riquezas minerais. Numa carta do avô de 1616, citada por Carvalho Franco, Salvador Correia alegou que estava averiguando as minas e que havia muito ouro, que a cada dia se descobria mais, mas que os ministros reais teriam empenho em esconder as descobertas, já que atingiam suas jurisdições.16 De fato, Salvador Correia chegou a encarregar o filho Gonçalo de empreender uma devassa na vila para apurar a suspeita de que moradores estavam induzindo testemunhas a relatar que não havia ouro algum.17 As notícias das riquezas sempre se revelaram desencontradas. As suspeitas variavam entre a ideia de riquezas minerais extremadas, desviadas, e a de inexistência de metal, tratando-se de um mito alimentado pelos moradores para arrancar privilégios da Coroa. Seja como for, sobre essa riqueza mineral, da qual Taunay, concordando com Capistrano de Abreu, chegou a afirmar que “muito ogó haveria”, sempre recaiu certa suspeita de traquinagem e malícia por parte dos paulistas, tanto na perspectiva do desvio quanto na da inexistência. Uma população mancomunada para ludibriar autoridades e fiscais, como vislumbrou Gonçalo de Sá.18 As eternas suspeitas e boataria em torno das minas esgotaram a paci- ência até mesmo dos membros do Conselho de Portugal. Em 1630, diante de uma nova petição sobre as minas, feita por Martim de Sá, seus membros responderam que D. Francisco de Souza “não fez cousa de consideração nem de que resultasse utilidade” e Salvador Correia de Sá “também não fez nada nem apurado com clareza a importância delas”. Portanto, se não era possível “alcançar a verdade e certeza das minas de ouro do Brasil”, melhor negar novas mercês e deixar que os particulares buscassem livremente o ouro, desde que pagassem o quinto. Neste mesmo ano, o tema parece ter voltado com força, já que o vigário Lourenço de Mendonça, que viera de Potosí – e segundo seu memorial “persona mais inteligente em matéria de minas” – também solicitava a mercê para explorar e beneficiar as minas de São Paulo, tudo sob suas custas. Em sua petição, usou um argumento técnico para justificar porque D. Francisco de Souza fracassara e como isso não se repetiria:
Fue pues el dito Dom Francisco a beneficiar las dichas minas y sierras por lavadores y bateas o artesones por el qual modo solamente se cava el oro graúdo y que la vista llega a alcançar y se pierde la maior cantidad que es el menudo y que esta encorporado por la tierra y piedra como es el de las minas de Sarruma del Peru. Para superar o problema, dizia o padre que adotaria o sistema de azougue – uso do mercúrio – utilizado no Peru, e que as minas renderiam mais que as de Potosí. Prometia ainda remediar a monarquia com muitos bens e fazer entrar em Lisboa a mesma riqueza que entrava em Castela. Para seu benefício, pedia somente que pudesse trazer para São Paulo gente de Potosí que soubesse beneficiar o ouro e gente para construir engenhos. Por fim, pedia provisões para os capitães e “justicia” de São Paulo, ordenando que ninguém o impedisse, pois soubera que “algunas veces ho an hecho a hombres que a esto venieron del Peru”.19 Lourenço deixa transparecer que existiria uma grande riqueza mineral, não só mal trabalhada, pela explora- ção na base da faiscagem, como atravancada pelas autoridades, ou seja, um discurso muito semelhante ao de Salvador Correia de Sá anos antes. Outro documento célebre é a carta de Manuel Juan Morales ao rei, de 1636. Ele relata sua permanência em São Paulo desde pelo menos 1595, e sua carta cumpre bem o papel de denunciar uma série de descalabros, justificando mercês ao próprio missivista, detentor da solução de uma parte dos problemas. O tema dos metais de São Paulo perpassa seu relato, já que o autor era especialista em minério de ferro. Em relação ao ouro, alardeia que quando foi responsável pela arrecadação dos quintos, fez subir de setenta mil maravedis, em 1603, “hasta el dia de oi, que es de 636, a cantidad de três mil y seiscentos cruzados”.20 Queixava-se, contudo, que as autoridades enviadas a São Paulo para coibir abusos, principalmente relacionados ao apresamento de gentios no sertão e aos ataques às reduções jesuíticas, eram subornadas com ouro. Em 1609, o capitão-mor Gonçalo Conqueiro foi destituído do posto e enviado preso à Bahia pelo governador Diogo de Meneses, sob a suspeita de que ele havia escondido ouro não quintado em sua casa.21 Autoridades corrompidas pelo ouro, ciosas de seu poder e abrigadas por uma população turbulenta e insubmissa que praticava toda sorte de impedimentos, roubos e boicotes deitaria frutos no tempo. Já no final do século XVII, em 1692, o governador do Rio de Janeiro, Antonio Paes de Sande, dizia que os paulistas escondiam as verdadeiras informações das minas e teriam  sido, inclusive, indiretamente responsáveis pela morte do governador D. Francisco de Souza, que se deu em São Paulo em 1611, já que este teria morrido de desgosto depois das notícias do assassinato de um mineiro que enviara às minas.22 Fossem por iniciativa de alguns indivíduos ou de uma população supostamente irmanada e unida em torno da proteção e disfarce das ditas minas, a visão que parece prevalecer neste século XVII é a de que as riquezas minerais de São Paulo eram reais, mas sempre ludibriadas ou erroneamente beneficiadas pelos paulistas. Por outro lado, não se pode deixar de estranhar as recorrentes investidas da poderosa família Sá em torno das minas e de suas mercês. Além disso, como justificar a longa permanência do governador geral do Brasil motivada por elas? Estes supostos empecilhos colocados pelos moradores de São Paulo poderiam ser parte de uma retórica. O discurso sobre um povo sonegador, que colocava obstáculos ao acesso mineral, bem poderia servir para manter em suspensão as possibilidades minerais, valorizar o esforço, e para mais delas se extrair privilégios. De todo modo, os vínculos entre a riqueza mineral e os privilégios jurisdicionais nos parecem claros. O quanto um servia para justificar o outro é uma questão ainda em aberto.
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Fonte: José Carlos Vilardaga - Departamento de História - Universidade Estadual de Londrina - Londrina (PR) Brasil, http://www.scielo.br/pdf/vh/v29n51/v29n051a08.pdf

Don Francisco de Souza (Trasncrição)

Em São Paulo
D. Francisco chegou a São Paulo em maio de 
1599 com grande comitiva. Estava vindo do Espírito Santo, onde havia ficado entre outubro e novembro de 1598 em busca de metais preciosos. Em São Paulo, visitou as minas de Araçoiaba de Afonso Sardinha o Moço;Bacaetava, São Roque e Jaraguá. Ao chegar, encontrou em atividade mineração de ouro, mas em pequena escala, no litoral e vizinhanças da capital. Dizia-se que Brás Cubas, o fundador de Santos, descobrira ouro e metais. Em 1578 seria corrente a notícia da existência das minas de ouro e prata da capitania de São Vicente, segundo súdito inglês residente em Santos.
Nomeou
Diogo Gonçalves Laço capitão das minas de ouro e prata do Ibiraçoiaba: na ocasião, declarou seus descobridores Afonso Sardinha o Moço e Clemente Alvares. No regimento a Laço, ordenou aos dois Afonso Sardinha as diligências que Nicolau Barretoexecutaria no ano seguinte, acompanhado por Sardinha, o Moço, morto no sertão em 1604.
Enviou a primeira grande bandeira paulista, comandada por
André de Leão, morador do Rio de Janeiro, ao trecho do rio Paraíba e, transposta a serra da Mantiqueira, entraram em território hoje mineiro, dizendo-se que pode ter chegado à bacia do São Francisco. Nela seguiu como prático o holandês Wilhelm Jost ten Glimmer, morador de Santos, que forneceria o roteiro da jornada a João de Laet(escritor holandês da «Descrição das Indias Ocidentais» em 1625). Como dirigentes, um morador de Santos e outro do Rio, conhecedores da penetração pelas vias do Quilombo e de Parati. A diretriz usual era a de Atibaia ou Sapucaí, através do vago «sertão de Parnaíba». As bandeiras quinhentistas ganhavam com mais facilidade a região do Guairá do que o próximo vale do Paraíba, pela profunda desigualdade da flora desses terrenos. Os santistas foram os primeiros a penetrar ali, seguindo o vale do rio Quilombo e se localizando em Mogi das Cruzes, antiga sesmaria de Brás Cubas, o primeiro a tatear tal caminho para penetrar no sertão das Minas. Os de São Paulo obtinham comunicação penosa com Moji pela via do rio Anhembi. Graças a Dom Francisco, uma estrada ligou os dois núcleos de povoamento. Já os moradores do Rio conheciam bem o vale médio do rio Paraíba, pela via de Parati. Obscuras bandeiras de apresamento, porém, iam penetrando o interior, tanto que não se abandonava a esperança dos achados mineiros.
André de Leão permaneceu nove meses no sertão mas nada encontrou de jazidas. Em agosto de
1602 D. Francisco enviou a bandeira de Nicolau Barreto, com centenas de homens, autorizado a descobrir ouro e prata, mas retornaram em 1604 com desilusões. Voltou-se então o governador para «as minas de ferro e aço».
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_de_Sousa

HISTÓRIA E LENDAS DE S. VICENTE - BIBLIOTECA - Na Capitania de S.V (Transcrição)

Capítulo XVII - D. Francisco de Souza
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Nesse tempo eram correntes as lendas de riquíssimas minas de ouro e prata no Novo Mundo, e todos sonhavam com os inesgotáveis tesouros de reis fabulosos, que governavam países inverossímeis pela sua riqueza. Repetiam-se e acreditavam nessas fantasias como se fossem verdades incontestáveis.
Supunha-se que o Rio S. Francisco tinha as suas nascenças na Lagoa Dourada no centro do continente sul-americano, a terra do ouro.
Essas minas eram faladas no Brasil, e, principalmente, na Europa. Muitas das expedições marítimas espanholas e portuguesas, que então se organizaram, não tiveram outro fim senão descobrir e assenhorear-se, e por qualquer forma, dessas terras onde o ouro e a prata eram mais abundantes que o ferro em Bilbao. E tudo fácil de colher.
Os piratas, franceses e ingleses, corriam os mares não policiados para saquear, se apoderar dos galeões carregados de ouro que vinham da América para os reinos de d. Carlos I.
D. Francisco de Souza, mesmo em Lisboa e em Madri, ouvira falar dessas minas e nas pretensões de Roberio Dias, e sem dúvida, a esses boatos dera crédito; no Brasil, depois de sua vinda essa crença mais se confirmou.
Frei Vicente do Salvador, contemporâneo de d. Francisco de Souza, recolhe, nas páginas de sua História do Brasil (livro 1º, cap. V), e dá curso à notícia de que um soldado de crédito lhe contara que um índio aprisionado falara de uma certa paragem, onde havia mina de muito ouro limpo, de onde se poderia tirar o metal precioso aos pedaços.

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Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/sv/svh072r.htm

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

AO SUL DA CAPITANIA DAS MINAS Formação da Freguesia de Itajubá (Transcrição)

2. Formação da Freguesia de Itajubá:
 Em 1709 foi criada a Capitania das Minas e de São Paulo e a região das Minas deixou de pertencer a Capitania do Rio de Janeiro. Mais tarde, esses dois territórios foram separados e se formaram a Capitania das Minas e de São Paulo, de acordo com o alvará régio de 1720:
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Eu El-Rei faço saber aos que este meu alvará virem, que tendo considerado ao que me reprezentou o meu Conselho Ultramarino, (...) e bom governo das ditas Cap. De SP e das Minas, e a sua melhor defeza, que a de S. Paulo se separem das que pertencem ás Minas, ficando dividido todo aquelle districto, que até agora estava na jurisdição de hum só governador, em dous governos e dous governadores (...)7 
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 Com a descoberta do ouro na região do Ribeirão do Carmo e de Vila Rica, nos fins dos seiscentos, as expedições de ocupação e exploração das terras na Capitania das Minas proliferaram também para as terras ao sul da Capitania. A área foi ocupada, principalmente por homens da Capitania de São Paulo que devassaram o território mineiro na busca desenfreada pelo metal precioso.8 Sendo assim, interessa-nos agora discorrer acerca da formação e ocupação desse território ao sul da Capitania, mais precisamente, a formação da freguesia de Itajubá, ponto referencial de nosso estudo. A principio, toda a região ao sul das Minas pertencia a Comarca do Rio das Mortes, tendo como sede a vila de São João del Rei. Como dissemos, essa região sul mineira foi ocupada, principalmente, a partir das descobertas do ouro na região central das Minas e logo se tornaria alvo de disputas entre a Capitania de São Paulo e das Minas. Encravada bem ao sul da Capitania das Minas, a freguesia de Itajubá fazia fronteira com a Capitania de São Paulo, somente pela Serra da Mantiqueira. Ocupada nos princípios dos setecentos, essa freguesia fazia parte de uma região que deu origem ao que hoje se denominou imprecisamente como o sul de Minas, segundo Marcos Andrade. 9 Em relação ao período e a ocupação de Itajubá, alguns autores afirmam ter sido o sargento-mor, Miguel Garcia Velho, sobrinho do capitão, Manoel Garcia, residente na Vila de Taubaté e membro de uma das famílias de bandeirantes mais proeminentes da Capitania de São Paulo, que descobriu as minas do Itagybá. 10 Segundo Geraldino Campista, não se sabe a data precisa da fundação desse povoado, mas provavelmente tenha sido entre os anos de 1703 a 1705. Afirma o autor que, Miguel Garcia Velho, depois de ter voltado da região do Rio do Carmo, onde havia se dedicado à extração do ouro, para a Vila de Taubaté tenha subido a Serra da Mantiqueira. Ao afastar-se da estrada geral dos bandeirantes, na altura de Passa Quatro e pelos vales do Bocaina, transposta a Serra dos Marins, dirigiu-se ao planalto do Capivary, descobrindo pintas de ouro nas immediaçoes do Córrego Alegre, em uma paragem a que denominou Caxambu, em virtude dos montes calvos ahi existentes e em cujo dorso ainda hoje se podem observar vestígios das catas então rasgadas.11 Entretanto, Waldemar Barbosa apresenta, em seu Dicionário Histórico Geográfico de Minas Gerais, uma segunda autoria para a descoberta do povoado, a Antonio Caetano Pinto Coelho, de acordo com informações de Felício Moniz Pinto Coelho da Cunha, fidalgo da Casa Real, que teria sido o seu avô, citado acima, o descobridor das minas do Itajubá. Waldemar Barbosa afirma que Antonio Caetano Pinto Coelho era português, vindo ao Brasil como capitão-mor da Capitania de Itanhaém, com patente de 17 de maio de 1717 e haveria descoberto as minas do Itajubá, para onde abriu caminho e ali promoveu a distribuição das datas. 12 Independente da autoria da descoberta das Minas, alguns documentos apontam para a formação do povoado, por volta do início do século XVIII, de acordo com a portaria que ordena a Francisco de Godoy a cobrança de quintos de ouro nas minas do Itajubá: 
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Por me constar, q’ das minas de Itajubá, do districto desta Capp.nia vierao, o Guarda mor e Escrivão dellas, com alguas pessoas, e q’ trazendo todos ouro p.a o povoado não pagarão q.tos a S. Mag. Q’ D.s q.’ como herão obrigados. Ordeno a Francisco de Godoy de Almeida, escrivão do guarda mor das ditas minas q’ se acha nesta cidade, assim q’ se recolhe p.a a villa de Taubaté aonde he morador, cobre logo de todas as pessoas q’ vierem das ditas minas os q. tos q’ devem do ouro q’ trouxerao, os quaes remeterá a esta cidade(...). São Paulo, 14 de fevereiro de 1724. 13
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Geraldino Campista também cita alguns documentos pertencentes ao Arquivo de São Paulo, que fazem referência às minas de Itajubá, dentre eles um atestado do Pe. João da Silva Caualo: 
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 Certifico em como entrei nestas minas novas de Itajubá em adjunto com Geraldo Cubas Ferreira com anno de assistir nellas e d’ahi a um mez, pouco mais ou menos, entrou Gaspar Vaz da cunha e contou tanta grandeza do Sapucahy e, com promessas altas que me fizeram elle dito e outras mais, me reduziram a seguir viagem com elles e como depois de chegado ao logar e achasse no engano, tornei para estas ditas minas donde estou assistente por nellas achou ouro de sobra e com conta pelo que tenho visto em algumas experiências que fez: tem ________ o guarda-mor e seu genro e seus camaradas e o estarem estas minas em má opinião não tem gente a ellas, foi por causa de um cavalheiro escrever cartas a Tabaybathé dizendo não haver ouro nestas minas e que estavam bromados; falso grandioso, porque ao contrario tenho visto e as mais que aqui se acham, não tiram sim de uma cata arrobas de ouro, mas tiram cousa que os agrade e por isto passar na realidade, juro esta verdade in verbo sacerdotis. Novas minas de Itajubá, em novembro – 3 de 1723 annos. O Pe. João da Sylva Caualo. 14 
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 Ainda segundo Geraldino Campista, o acesso e a comunicação entre a paragem de Itajubá com as povoações do Vale do Paraíba eram difíceis e a abertura de um caminho pela Serra da Mantiqueira era uma alternativa que encurtava as distâncias entre os povoados do vale com a serrana Itajubá. Esse caminho foi aberto pelo Capitão Lazaro Fernandes, da freguesia de N. Sra. da Piedade(atual Lorena/SP), atraindo novos moradores pra Itajubá. Entretanto, os moradores da freguesia de Itajubá não sofriam apenas com o difícil acesso e a falta de comunicação com outros lugares, mas também com a cobrança de impostos, por parte da Coroa, devido à exploração das minas. Os impostos abusivos era um fator prejudicial aos mineradores do povoado, bem como se viu para muitas regiões auríferas das Minas. Afirma o autor ser o ouro extraído de Itajubá de má qualidade, tendo sempre na permuta, valor inferior, o que atraía a insatisfação do povoado que não conseguia pagar os impostos. 15 
Fonte: Autor Juliano Custódio Sobrinho∗  http://www.ufjf.br/virtu/files/2010/05/artigo-3a4.pdf
Obs: Ainda que respeitáveis pesquisadores, tenham mantido a tese de Geraldino Campista, relativamente a um suposto caminho aberto pelo Capitão Lázaro Fernandes, até os dias de hoje, como sendo um dos primeiros caminhos que possibilitaram o acesso ao Sul de Minas. Resta indiscutível que, o acesso à região, que já aparece em documento datado de 1554, está relacionado de modo definitivo, a descoberta de ouro por Afonso Sardinha, no lado Paulista da Serra da Mantiqueira que se denominava, (Serra de Jaguamimbaba) em 1597. Caminho percorrido por Andre de Leão em 1601, caminho percorrido por Fernão Dias Paes. Restando definitivo tratar-se o referido acesso da Garganta do Sapucai ou desfiladeiro de Itajubá, onde veio a se instalar em 1745 ou 1746, um registro de passagem de mesmo nome.  Complementando, o espaço geográfico correspondente a então Soledade de Itajubá, núcleo do qual derivou a Freguesia de Itajubá, estava localizado originariamente no espaço ocupado hoje pelo Município de Marmelópolis. 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O Jongo no Vale do Paraíba Paulista (Transcrição)

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Grupos de Jongo no Vale do Paraíba Paulista
São José dos Campos: O jongo em São José dos Campos apresenta características do Jongo carioca, como por exemplo, a palavra entoada para marcar a ruptura do ponto (término de um ponto para iniciar outro) no Rio de janeiro como em São José dos Campos é machado isso se deve na história recente ao jongueiro Laudeni que é natural de Barra do Piraí onde aprendeu o jongo com o pai mestre Dovalino de Souza em Barra do Piraí (RJ). Além da batida de São josé dos campos é mais parecida com a batida do caxambu típica do Rio de Janeiro. Quando veio morar em São José dos Campos trouxe o jongo como tradição familiar Hoje é responsável pela manutenção deste patrimônio cultural em São José dos Campos. Seu Laudeni de Souza fundou o grupo de JongoMistura de Raça ensaia todos os sábados no Ponto de Cultura OCA, na Vila Tatetuba a partir das 15hs. O grupo nasceu em 2002 em São José dos Campos como um trabalho de resgante do jongo que não era mais praticado em São José dos Campos, sendo apenas uma memória dos mais antigos.
Guaratinguetá: Existem os grupos de Jongo mais antigos do Vale do Paraíba é uma comunidade de jongueiros que existe a mais de 150 anos no bairro de Tamandaré, uma das poucas sobreviventes no País. As Associação Cultural Jongueira do Tamandarée Associação Cultural Quilombolas do Tamandaré mantem viva está tradição na cidade de Guaratinguetá.
Piquete: Em Piquete o reduto do Jongo[7] [8] é a Vila Eleotério. Até o século passado porem era no bairro da Raia que o jongo acontecia. No bairro da Raia havia a maior concentração de população de origem africana e seus descendentes, sendo possível que na composição da comunidade tenha egressos de quilombos.[7]
Ponto de Jongo de Piquete
Solista: Gilberto Agusto da silva (Gil do jongo)
"Bandolê o lê o lê
Bandolê o lê o lá
Bandolei a jongueiro ê
Bandolê o lê o lá
O bandolê o lê lá"
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Jongo_no_Vale_do_Para%C3%ADba_Paulista

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

PESQUISAS SOBRE A EXISTÊNCIA DO OURO E DA PRATA NO PLANALTO PAULISTA NOS SÉCULOS XVI E XVII.

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EXPEDIÇÕES LOCAIS . Afonso Sardinha. Os portuguêses ao desembarcarem em São Vicente no ano de 1530, tinham grandes esperanças nas minas de ouro e prata. Várias expedições tomaram o rumo do interior do país; de Cananéia, partiu Pero Lobo, a mandado de Martim Afonso que, anteriormente fizera partir da Guanabara, três brancos para a região das futuras Minas. Parece que em 1526, segundo a lenda, Aleixo Garcia seguira o caminho que tempos depois seguiria Pero Lobo. Em 1561, as buscas continuavam e Braz Cubas chegou a encontrar ouro e também pedras verdes, após ter feito parte de uma bandeira, a qual, não se sabe exatamente que rumo tomou. Segundo uma carta que enviou a D. João III de Portugal, em 25 de abril de 1562, tem-se uma vaga notícia da descoberta do precioso metal a 30 léguas de Santos (9) . Em 1562, Luís Martins achou ouro a 30 léguas de Santos . De 1579 a 1592, Jerônimo Leitão foi até Paranaguá, onde antes já estivera uma expedição de Heliodoro Eobanos, proveniente do Rio de Janeiro e efetuada entre 1570 e 1584. Ésse ouro foi explorado por gente da Capitania de São Vicente, entretanto foi em pouca quantidade, pois só se verificou o povoamento do Paraná, pela criação de gado. Parece que trouxeram algum ouro para Santos, "...porque quando Cavendish lá esteve, em 1588, 1590 e em 1591 havia na vila ouro proveniente dessa fonte" (10) . 
Entretanto, sómente em 1590, Afonso Sardinha, seu filho e Clemente Alvares descobriram ouro no Jaraguá, serras de Jaguamimbaba (São Paulo), de Ivuturuna (Parnaíba) e em Biraçoiaba (Sorocaba), entretanto a maior quantidade foi extraída do Jaraguá (11) . Além dêsses, Antônio Bicudo Carneiro minerou o ribeirão de Santa Fé que corre à esquerda do morro paulista. Até agora, aí estão tôdas as informações conhecidas sô- bre a mineração do ouro em São Paulo, informações encontradas no "Resumo da História de São Paulo", de Alfredo Ellis Júnior, 1942, em "Épocas de Portugal Econômico" de J. L. de Azevedo e na "História Econômica do Brasil", tomo I, de Roberto Simonsen. POTOSI Quanto à prata encontrada em maior 
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file:///C:/Users/SERGIO%20DOS%20SANTOS/Downloads/JAGUAMIMBABA.pdf

 Mapa de Santos de 1776 - Toponímia  Alto da Serra, espaço colonial de Piquete-SP - Boa Vista, Garganta do Sapucaí, Desfiladeiro de Itajubá, Estrada Real do Sertão, Registro de Itajubá, Serra de Jaguamimbaba,  como era a designação dada pelos indígenas ao lado paulista da atual serra da mantiqueira, no Sertão de Taubaté-SP.

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...