quinta-feira, 26 de março de 2015

NEGROS (Transcrição)

 

Dois motivos levaram Paraty a ser um dos mais movimentados porto de desembarque de escravos africanos. O primeiro é que Paraty foi, durante muito tempo, o único ou o mais rápido acesso do litoral para as cidades de São Paulo, Minas Gerais e Vale do Paraíba. Por isso, durante os ciclos do açúcar, ouro e café, era pelo porto da cidade que chegavam os navios negreiros com escravos destinados a essas regiões. O segundo motivo é que por ser uma vila pequena, não havia fiscalização de autoridades civis, militares e eclesiásticas que embaraçavam o desembarque, leilão, venda e entrega dos escravos.

O principal local de desembarque de escravos era no fundo do Saco de Mamanguá. Uma bula papal proibia a venda ou leilão de escravos antes de serem batizados. Daí o motivo da construção em 1720 da capela de Nossa Senhora da Conceição de Mamanguá. O registro era feito apenas do primeiro nome e da idade estimada. Pouco mais tarde a capela foi transferida para Paraty-mirim onde criou-se uma estrutura de descanso, engorda, batizado e venda de escravos. Tão intenso foi esse movimento que o território de Paraty-mirim foi elevado à categoria de Paróquia por decreto-provincial de 1836.

Por pressão dos ingleses, foi promulgada em 1830 a Lei Feijó proibindo o tráfico de escravo. Apesar de não ser levada a sério, os cafeicultores pressentindo o fim do tráfico, começaram a fazer estoque de escravos. Devido a essa lei, os navios negreiros não podiam chegar oficialmente pelo porto da cidade e, por isso, até o ano de 1850 os escravos eram desembarcados clandestinamente no porto de Paraty-Mirim, a 20 km da cidade. Nesse ano foi promulgada a lei Eusébio de Queiroz que acabou definitivamente com o tráfico, afetando a economia do município. A abolição definitiva da escravatura foi em 1888, com a promulgação da Lei Áurea.



Com tanta facilidade para obter escravos, Paraty foi construída utilizando esse tipo de mão de obra. Foram os negros que moveram os engenhos de açúcar e os alambiques de pinga, calçaram as ruas da cidade e as estradas da serra com pedras, subiram a serra com mercadorias destinadas ao interior e desceram com ouro e com café, cuidaram das plantações, mantiveram os rios limpos de galhos e árvores para evitar enchentes. Em 1717 o Capitão Lourenço de Carvalho era o mais rico paratiense “porque se acha com trezentos negros, que lha adquirem grande cabedal com a condução de cargas, em que continuadamente andam serra acima”. No auge do ciclo do café Paraty tinha uma população de 10.000 habitantes dos quais 3.500 eram escravos.
Por um documento oficial - o Registro de Posturas da Assembléia Legislativa Provincial de 1836 (equivalente à Assembléia Estadual) - percebe-se, pelos artigos transcritos, como era dura a vida dos escravos:

Postura 1: Ninguém poderá vender pólvora, nem arma de qualquer natureza ... à escravos ... O infrator escravo será punido com cem a duzentos açoites...

Postura 2: Todo escravo que for encontrado de noite ou nos domingos e dias santos a qualquer hora do dia, fora da fazenda de seus senhores .... será punido com vinte e cinco a cinqüenta açoites

Postura 6: ... consentir ajuntamento para danças e candomblé entre escravos alheios, será punida com as penas impostas na Postura Quinta. Os escravos que forem apreendidos serão castigados com cinqüenta a cem açoites.

Outro documento oficial, este um Registro das Posturas da Câmara Municipal da Villa de Paraty de 1829, dá uma idéia sobre a vida dos escravos:

Artigo 52: Os escravos que forem encontrados nas ruas e praças públicas a jogarem (candomblé), serão castigados na cadeia a arbítrio dos senhores ....

O fim do tráfico negreiro e, logo depois, a abolição da escravatura foi um golpe para a economia paratiense. Além da receita gerada pela intermediação da venda de escravos, os alambiques perderam ao mesmo tempo sua mão de obra e seu principal cliente: o traficante, que usava a pinga para trocar por escravos na África.

O Quilombo do Campinho

Uma comunidade negra, remanescente de quilombo, localizada a 13,4 km de Paraty, junto à rodovia BR-101, sentido Ubatuba, é considerada a maior organização comunitária de descendentes de africanos do estado do Rio de Janeiro. Oficialmente conhecida como quilombo do Campinho da Independência, no dia 21 de março de 1999 – Dia Internacional Contra a Discriminação Racial – o então governador Antony Garotinho, cumprindo o artigo 68 da Constituição Federal, que assegura aos remanescentes de quilombo o reconhecimento definitivo da propriedade fez a primeira titulação, nesse sentido, de terras do Rio de Janeiro, ao registrar 287,94 hectares em nome do quilombo. Essa terra não pode ser vendida, doada ou alugada a pessoas de fora da comunidade e, apesar da posse ser individual, seu uso é comunitário. Se um pedaço de terra não está sendo usado, outra família pode plantá-la.


Escravos moendo cana


Não há registros históricos sobre o quilombo do Campinho, mas a memória coletiva diz que por volta de 1750 essas terras foram doadas a três escravas libertas (Antonica, Marcelina e Luiza) pelo seu senhor, que tinha ali a Fazenda Independência. Talvez tenha contribuído para essa doação, o fato de que as terras não produzissem atividade rentável e não estivessem valorizadas, pois nessa época estava acabando o ciclo do ouro.

As terras do Campinho se tornaram o refúgio dos negros que eram libertos, ou dos que mesmo depois da abolição, não queriam continuar trabalhando para os brancos. Formaram uma comunidade completamente isolada da civilização e que, até hoje, evitam misturas com “gente de fora”. Por tanto, além de todos serem descendentes de Antonica, Marcelina ou Luiza, todos tem algum laço de parentesco. De 1750 até 1970, quando foi construída a BR-101, cortando suas terras, essa comunidade negra vivia completamente isolada do mundo, “presos no meio da serra”, longe da cidade e do mar.
No quilombo do Campinho a sociedade é nitidamente matriarcal, seja pelo fato das terras terem sido dadas às mulheres, seja porque era muito mais difícil um escravo homem ser liberto do que uma escrava mulher, fazendo do Campinho uma comunidade com muito mais mulheres do que homens. Todo o trabalho de roça, artesanato e de produção de farinha são ainda hoje feitos principalmente pelas mulheres. Os homens procuram trabalho na cidade, estando sempre no ciclo entre estar empregado ou não. A renda da comunidade vem da venda de produtos agrícolas (cana e banana), da produção de farinha de mandioca e do artesanato (cestos e esteiras feitos em taquara, taboa e cipó). Há na comunidade uma Casa do Artesanato, aberta diariamente, onde se pode comprar os produtos feitos no local e conhecer um pouca da história do quilombo.
A comunidade, católica em sua maioria, tem em maio o seu maior evento religioso, a Festa de São Benedito, o santo dos negros. Atualmente além da igreja católica, há igrejas evangélicas. As igrejas e o campo de futebol são as principais áreas de socialização.


Jogando Capoeira
 
A escola atende mais de cem crianças e está em processo de diferenciação, de forma a ensinar e preservar as características afro-brasileiras.

A Casa de Farinha, local onde ficam os equipamentos para descascar, lavar, ralar, secar e torrar a mandioca, é essencial para a comunidade pois produz o alimento básico para consumo diário além de ser sua principal fonte de renda. A Casa de Farinha é utilizada por várias famílias, que se unem para colher a mandioca e produzir a farinha. Existe uma Casa de Farinha comunitária, localizada na beira da BR-101, próxima a uma pequena cachoeira, e mais três ou quatro Casas de Farinhas menores. Atualmente a comunidade está buscando recursos para a construção de um alambique de pinga e um engenho para produção de açúcar mascavo.
Fonte: http://www.paraty.tur.br/negros.php

quarta-feira, 25 de março de 2015

Índios loiros no interior de Minas (Transcrição)

Não foram raras as princesas incas que se casaram com os espanhóis, sendo recebidas em pé de igualdade na corte. No Brasil, diz o cronista padre Simão de Vasconcellos, referindo-se aos aimoré: “Desses aimoré alguns são tão brancos como os portugueses.” Talvez por pura coincidência, esses indígenas viviam na região limítrofe entre Minas e Bahia, onde se encontram os alinhamentos e outros importantes monumentos. Mais desconcertante, porém, é a noticia de Knivet. No interior de Minas, no vale do Sapucai, o aventureiro inglês deparou e conviveu algum tempo com os muirapaque (gente esperta).
Segundo palavras do aventureiro, esses indígenas eram muito altos, loiros e barbadas, muito parecidos fisicamente com os holandeses. Este povo não possuia qualquer tradição sobre sua origem ou normas religiosas, havendo adotado inclusive a antropofagia ritual, corrente entre o comum dos nossos silvícolas. Esta circunstância pode avaliar a longa permanência do grupo na terra, já que não se pode considerá-los como nativos. Suas aldeias eram fortificadas com muralhas de pedras, barro e madeira. Habitantes da Mantiqueira devem ter sido destruídos tão logo se iniciaram as incursões dos bandeirantes paulistas, em direção às Minas Gerais. A entrada de Knivet data de fins do século 16, época em que o sertão de Minas permanecia virgem e intocado pelo branco. É ainda significativo o diálogo entre os tamoio e o explorador inglês, em que as palavras soam como eco daquelas com que Montezuma recebeu Hernán Cortez: “Nada receies, pois que teus antepassados foram nossos amigos, e nós amigos deles.” Em seguida, os tamoio conduziram-no ao Cabo Frio, a fim de que testemunhasse, pessoalmente, a obra do grande civiliza dor branco. 

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 Fonte:  Instituto de Pesquisas Psíquicas Imagick  - Pesquisas Sobre O Mito de Sumé Peabiru: o caminho da montanha do Sol - link: http://www.imagick.org.br/cidade/sume.html
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Nota: LUIS GALDINO é arqueólogo, membro da Escola Superior de Ciências e especialista em história da arte. Passou cinco anos no interior do Brasil, catalogando e documentando importantes ocorrências arqueológicas. Tem feito conferências e cursos em várias universidades brasileiras. Tem colaborado em jornais e revistas, nacionais e estrangeiros, divulgando e desmistificando fatos ligados à cultura dos brasilíndios.
Texto extraído da Revista Planeta
Número 4 - Dezembro de 1972

CAMINHO DO PEABIRU (Transcrição)

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Os peabiru (na
língua tupi, "pe" – caminho; "abiru" - gramado amassado) são antigos caminhos, utilizados pelos indígenas sul-americanos desde muito antes do descobrimento pelos europeus, ligando o litoral ao interior do continente. A designação Caminho do Peabiru foi empregada pela primeira vez pelo jesuíta Pedro Lozano em sua obra "História da Conquista do Paraguai, Rio da Prata e Tucumán", no início do século XVIII.
O principal destes caminhos, denominado como Caminho do Peabiru, constituía-se em uma via que ligava os
Andes ao Oceano Atlântico, mais precisamente Cusco, no Peru, ao litoral na altura da Capitania de São Vicente (atual estado de São Paulo), estendendo-se por cerca de três mil quilômetros, atravessando os territórios dos atuais Peru, Bolívia, Paraguai e Brasil.A estrada era, de aproximadamente 1,4 metros de largura, ela bifurca-se na zona de São Vicente (Estado de São Paulo) e na costa de Santa Catarina. Os dois trechos unem-se no atual estado do Paraná, para continuar logo até a atual fronteira com Bolívia, na cidade de Corumbá. Depois de ter atravessado as pradarias do Chaco, o caminho dirige-se a Potosí. Na realidade a estrada continua dividindo-se em dois trechos: Um dirige-se a Oruro, Tiahuanaco e Cusco, e outro que se dirige ao Oceano Pacífico no atual Chile setentrional.
Em tempos históricos, o Português Aleixo Garcia (1524 d.C.), percorreu o caminho de Peabirú e chegou ao Alto Peru (atual Bolívia), nove anos antes de que Pizarro chegara a Cusco. A existência do antigo caminho de Peabirú é importantíssimo, porque demonstra que era possível chegar, na antiguidade, ao Cerro Rico de Potosí (montanha rica em prata) desde as costas de Santa Catarina o São Vicente (Brasil), numa viagem de aproximadamente 2 meses.
Em pratica, o caminho de Peabirú se conectava com o caminho do Império Inca, que por sua vez uniam
Samaipata, a fortaleza Inca mais austral (atual Bolívia), com Cusco.
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 Fonte: Campo Erê na rota dos Incas Publicado - Pesquisa: Nelson Tresoldi link http://migre.me/paOWY

terça-feira, 24 de março de 2015

Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil

O trabalho de organização do Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil foi coordenado pelo Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense, em parceria com o Comitê Científico Internacional do Projeto da UNESCO “Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade”. Reúne 100 Lugares de Memória e foi construído a partir da indicação e contribuição de diversos historiadores, antropólogos e geógrafos do país, após consultas e intensas trocas de informações. Sem essa generosa contribuição, inclusive na redação preliminar dos verbetes e indicação da bibliografia ou fontes de referência, não teria sido possível a reunião desse amplo material.
O avanço da pesquisa histórica sobre o tráfico e a escravidão em nosso país permitiu a reunião dessas 100 indicações, mas temos certeza que estamos longe de esgotar o Inventário. Esse trabalho deve ser entendido como um ponto de partida para novas e futuras ações (nos âmbitos federal, estadual e municipal), tanto no campo da pesquisa histórica, como no do ensino, educação patrimonial, divulgação e desenvolvimento do turismo cultural dos Lugares de Memória do Tráfico e História dos Africanos Escravizados no Brasil.
Demos prioridade às evidências documentais, escritas ou orais, da presença histórica e cultural dos africanos, com o objetivo de centrar o foco na ação e no legado dos recém-chegados. Por outro lado, sabemos que a lista seria interminável se tivéssemos optado por reunir os Lugares de Memória dos descendentes de africanos no Brasil. O inventário é sobre os locais onde é possível lembrar a chegada dos africanos ou identificar as marcas de sua presença e intervenção.
Escravizados em seu continente, entre os séculos XVI e XIX, muitas vezes em guerras internas entre os inúmeros reinos que existiam nas diversas regiões da África tocadas pelo tráfico, africanos de diferentes línguas e origens tornaram-se “escravos”, categoria jurídica de época, no Brasil. Aqui reorganizaram suas identidades, criando novos sentidos para suas referências africanas. Nos verbetes, utilizamos tanto o termo jurídico de época (escravo) quanto o adjetivo “escravizado”, que sublinha o caráter compulsório da instituição. Para referir às novas identidades africanas criadas nas Américas, respeitamos a diversidade de expressões utilizadas pelos especialistas consultados, refletindo diferentes cronologias, abordagens historiográficas e usos regionais.
Se, de início, foi uma tarefa difícil a separação entre africanos e afrodescendentes, o esforço foi recompensado. O leitor também ficará impressionado com as dimensões das ações dos africanos escravizados no Brasil. Para melhor compreensão e maior visibilidade dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos, organizamos os 100 Lugares em 7 diferentes temáticas, apresentadas a seguir:
Portos de chegada, locais de quarentena e venda
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Patrimônio Imaterial
Fonte: http://www.labhoi.uff.br/memoriadotrafico

domingo, 22 de março de 2015

Gestão de sítios históricos é tema de debate no segundo dia do Seminário Internacional (Transcrição)

Por Denise Porfírio e Drielly Jardim

 Dando continuidade ao Seminário Internacional “Herança, Identidade, Educação e Cultura: gestão de sítios históricos ligados ao tráfico negreiro e à escravidão”, as Reuniões Técnicas dos profissionais atuantes na preservação e na promoção de sítios e lugares de memória ligados à escravatura que aconteceu, na última terça-feira(21), contou com a presença de especialistas da África, das Américas, do Caribe, do Oceano Índico e da Europa.
Os especialistas africanos ressaltaram a dificuldade em repassar aos visitantes dos sítios históricos ligados a verdadeira história da escravidão. O diretor de Educação dos Museus de Gana e Conselho de Monumentos (GMMB), Stephen Korsah, ressaltou que a questão se torna ainda mais complicada, porque os africanos têm uma versão sobre a escravidão, enquanto os europeus e os livros de história apresentam outras versões. “Conhecer a verdadeira história é complicado, por isso, decidimos então mesclar e utilizar o que há nos livros e nos relatos orais da população”, contou.
Ao apresentar dados e fotos do Castelo de Cape Coast, uma fortificação construída em Gana por comerciantes suecos para o comércio de madeira e ouro e, utilizada mais tarde para o comércio transatlântico de escravos, Korsah falou sobre os desafios de conservação e preservação dos sítios de memória.
“São inúmeros os desafios, mas o nosso departamento cuida disso e faz parte das nossas boas práticas fazer o nosso melhor. Acreditamos que os alunos e a população local são agentes de disseminação, porque crescem ouvindo e vendo o trabalho que aplicamos. Por isso, temos certeza que no futuro, poderão transmitir esse conhecimento e passar para frente”, disse.
O historiador Charles Samson Akibode acredita que além da preservação, é preciso se preocupar com a melhoria de vida da população dos sítios históricos.Não podemos falar de turismo e riqueza se não pudermos falar em melhorar a vida dos moradores”, defende. “Ao capacitar e incentivar a busca pelas raízes, nós os inserimos no processo de conversação histórica necessária para manter viva a memória desses lugares”, completou.Akibode compartilhou com os participantes as práticas utilizadas em Cidade Velha, primeira capital de Cabo Verde e declarada como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, em 2009. Para ele, o modelo de gestão que melhor funciona em Cidade Velha é o participativo. “O modelo piramidal, onde as gestões vêm de cima para baixo, não é o ideal”, analisa. “Levamos em conta as preocupações da comunidade e, dessa forma, conseguimos envolvê-la em todas as decisões. Assim, se sentindo parte de tudo o que a Cidade é, essa população garante que a conversação história seja mantida”, afirma.
Paul Lovejoy, diretor do Harriet Tubman Institute for Research on the Global Migrations of African Peoples (Harriet Tubman Instituto de Pesquisa sobre as migrações globais dos povos africanos), surpreendeu os participantes ao falar da escravidão no Canadá. Segundo o especialista, as pessoas não pensam no Canadá quando pensam nos afrodescendentes e em escravidão, mas o Canadá tem uma história muito efetiva no que se refere ao tema. “O Canadá abrigou cerca de 20 mil afrodescendentes que escaparam da escravidão ou fugiram dos Estados Unidos, porque tinham medo de serem reescravizados, mesmo já sendo libertos”, contou.Lovejoy explicou que uma das preocupações canadenses é sobre como fazer com que os cidadãos aprendam o impacto da escravidão no mundo moderno e como fazê-los entender que escravidão é um crime. Para isso, o Canadá possui um programa de rastreamento de sítios da experiência afro-canadense, onde o reconhecimento dos lugares de memória é realizado em total cooperação com as comunidades.Luís Rocca Torres, representante do Peru, manifestou sua opinião e ressaltou a importância da promoção dos sítios de memória dos peruanos. A ideia é reunir o maior número possível de sítios e posteriormente submeter sua candidatura para avaliação da Unesco.
O Uruguai atua em parceria com o Paraguai e a Argentina para identificar seus sítios de memória com o objetivo de promover, preservar e valorizar o legado da ancestralidade africana deixado em seus países.
Karla Chagas, pesquisadora do Centro de Patrimônio da Nação do Uruguai, destacou o Caserio de lós Negros, porto de entrada de escravos no país, em 1788, localizado em Montevideo transformado em monumento em 2002, Casco Historico de Colonia Del Sacramento fundado por Portugal em 1690, Calera de las Huérfana de 1791, Oratorio de lós Correa de 1826 , característico pela forte presença da população brasileira.
Segundo a pesquisadora, a população afrodescendente do país é de apenas 10% em relação ao resto da população de origem europeia. Outro patrimônio uruguaio de destaque é candombe termo que se refere à danças e ritmos praticados pelos negros no Uruguai baseado nos tambores chamados de tangó ou tambó nome também usado para designar o lugar onde realizavam as candomberas. Essas manifestações culturais à céu aberto chegaram a ser reprimidas pelas autoridades no século XIX, e por muito tempo foram realizadas apenas em ambientes fechados, em clubes secretos organizados pelos africanos e afrodescendentes.
Representante do Haiti, Mireille Frombum afirma que as circunstâncias políticas e os desastres naturais ocorridos no país não destruíram a força do povo haitano. E exibiu fotos de um museu pertencente a sua família que foi transformado em um local de memória à serviço da história. Reconstruído a partir de ruínas, a missão principal do museu é trabalhar, sobretudo, com crianças para desenvolver a autoestima e a valorização da história do negro no país.
Mathieu Dussauge, representante da Rota do Escravo em Guadalupe é coordenador do programa Traços e Memórias inaugurado em 2010. O projeto permite conhecer melhor os sítios patrimoniais ligados à história da escravidão em todo conjunto do território caribenho. A intenção é unificar o trabalho da Unesco junto com todas as zonas do Caribe Latino e promover a Rota da Abolição da Escravatura que visa a valorização humana.O ministro dos Povos Indígenas e Afrodescendentes de Honduras, Luís Green Sales, fez um cumprimento em sua própria língua e chamou a atenção para a valorização das línguas, dialetos e tradições africanas. Ressaltou a importância da agenda negra no contexto sócio-cultural e político no sentido de torná-la visível àqueles que negam a sua existência. E lembrou de locais importantes como o Forte de Santa Barbara, Forte de São Fernando, Igreja das Dores, como valiosas contribuições africanas.
O evento está previsto para acabar, nesta quinta-feira (23), com o resumo das perspectivas para a instalação de itinerários de memória (educação, cultura e desenvolvimento local) e orientações para a elaboração do guia metodológico e conteúdos pedagógicos para os módulos de formação. 
Fonte:Seminário Internacional Rota do Escravo ~ http://migre.me/p8cmo

domingo, 8 de março de 2015

Canoa indígena construída em 1610 é encontrada em Minas Gerais (Transcrição)

Teste com carbono 14 indica que a canoa encontrada por pescador no Rio Grande, no Sul de Minas, é de um tronco de araucária e tem 400 anos, anterior à chegada dos bandeirantes.

Chamada de piroga pelos índios, embarcação datada de 1610 foi achada em outubro do ano passado.
A canoa achada em outubro do ano passado no Rio Grande, na divisa de Andrelândia e Santana do Garambéu, no Sul de Minas, é a mais antiga já identificada no estado. Teste feito com carbono 14 de uma amostra da madeira, no Laboratório Beta Analytics, em Miami, na Flórida (EUA), mostra que a peça inteiriça data de aproximadamente 1610 – sete décadas antes da chegada dos primeiros bandeirantes à região. Outro resultado importante divulgado ontem, desta vez a partir de estudo científico do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT-SP), revela que a embarcação foi escavada no tronco de uma Araucaria angustifolia, conhecida popularmente como pinheiro do Paraná.
Encontrada pelo pescador Pedro Fonseca e o filho, Douglas, de 9 anos, que remavam em um fim de semana, a canoa tem 9,10m de comprimento e 70cm de largura e está em exposição na sede do Núcleo de Pesquisas Arqueológicas (NPA) do Alto Rio Grande, associação que encomendou os dois testes e completa 30 anos em favor da preservação do patrimônio cultural de Andrelândia. Nos últimos 18 anos, seis peças de tamanhos variados foram localizadas em rios. Outra “piroga”, como os índios denominavam esse meio de transporte, foi encontrada em 1999 no Rio Aiuruoca, no limite entre entre Andrelândia e São Vicente de Minas, e recebeu a datação de 1660, também com radiocarbono.
Entusiasmado com a descoberta, o conselheiro do NPA, engenheiro Gilberto Pires de Azevedo, explica que os povos pioneiros que habitavam a região tinham um contato muito grande com a araucária. “Escavações feitas na década de 1980 por arqueólogos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no sítio da Toca do Índio, na Serra de Santo Antônio, encontraram sementes de pinhão, que, possivelmente, eram consumidas como alimento. Os vestígios mais antigos têm 3.500 anos”, afirma Gilberto.
O conselheiro acrescenta que a datação confirma que a canoa tem procedência indígena, fato que já havia sido considerado pelos integrantes do NPA, “pois ela foi escavada num único tronco de madeira, não tem sinais aparentes de uso de ferramentas modernas, como serras ou formões, e traz marcas de fogo, indicando a antiga técnica dos índios”. A partir do século 18, explica, a araucária sofreu processo acelerado de destruição, sobretudo para o uso da madeira em construções civis. “Hoje seu território está reduzido a uma fração mínima, o que segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), a coloca em Perigo Crítico de Extinção”, lamenta o engenheiro.
Em 29 de novembro, o Estado de Minas documentou o achado arqueológico, que teve participação fundamental de Douglas. No domingo de sol forte e nível do rio baixo, devido à longa estiagem, o menino teve vontade de mergulhar, quando encostou a mão num pedaço de madeira. Comunicou então ao pais, e a dupla verificou que a embarcação estava enfiada na areia. Retirar a velha canoa não foi fácil, conforme declarou, na época, o arquiteto José Marcos Alves Salgado, também conselheiro do NPA: foram necessários quatro dias para levar a peça até uma trilha no mato e protegê-la. Na sequência, ela seguiu de caminhão até o Parque Arqueológico da Serra de Santo Antônio, unidade pertencente ao NPA.
Os achados no Sul de Minas, onde foram localizadas três canoas do século 17, sugerem que pode haver outras supresas, acredita Gilberto, lembrando que os achados arqueológicos se concentram em cavernas, grutas e na terra: “Descobertas desse tipo são muito raras no Sudeste do país e a importância histórica é enorme. É preciso haver mais estudos nos rios da região, ainda nessa época de poucas chuvas”. O conselheiro do NPA adianta que a associação vai construir instalações adequadas para proteger melhor a canoa e garantir mais conforto aos visitantes.
Descobertas – Um desenho feito pelo alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858), em viagem pelo país entre 1821 e 1825, mostra 13 índios numa canoa. Ela tem 10,6m de comprimento e 70cm de largura e foi encontrada em 1999 no Rio Aiuruoca, que integra aa bacia do Rio Grande, em São Vicente de Minas, no Sul do estado.
Por Gustavo Werneck

 Fonte original da notícia: em.com.br
Fonte Defender/RS - Defesa Civil do Patrimônio - http://migre.me/oVNVi

As Primeiras Notícias de Ouro e a Carta Régia de 1603 (Transcrição)

 Posted in Marcadores: Brasil - Colônia, HIS - 2º Ano | às 12:37
Notícias de ouro na Colônia, em São Vicente, surgiram no final do século XVI. Entretanto, a exploração não foi levada adiante por ser de pequena monta.
A Carta Régia de 15 de agosto de 1603 legislou sobre o assunto, estabelecendo um princípio, consagrado posteriormente, que liberava a exploração das minas, reservando-se a Coroa o quinto de todo o ouro encontrado.
As notícias sobre a existência de ouro pareciam confirmar as opiniões de muitos que, naquela época, entendiam haver metal precioso na América portuguesa, como havia na América espanhola. Há controvérsias quanto aos primeiros achados, atribuídos a Borba Gato, genro de Fernão Dias, que, em 1695, na área do Rio da Velhas, teria obtido êxito na procura do metal precioso. Fonte:
Filosofando e Historiando http://migre.me/oVJ94
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Nota: "Após a fundação de São Paulo, em 1554 a cobiça do ouro e a aventura lançaram audaciosos homens pelos sertões paulistas. No Vale do Paraíba quase todas as cidades existentes surgiram como necessidade de apoio às expedições. Com Lorena foi assim: nasceu em função da travessia do Rio Paraíba, feita pelos bandeirantes e viajantes que demandavam as Minas Gerais era o famoso " Porto de Guaypacaré". Uma das primeiras noticías históricas de Lorena data de 1702 quando o capitão-mor Arthur de Sá e Menezes concedeu " provisão de mercê da passagem do rio para o porto conviniente para os passageiros de Minas " O núcleo inicial de povoação surgiu no fim do século XVII com as "roças" de Bento Rodrigues Caldeira, junto ao porto de Guaypacaré, citadas em documentos. Lorena não tinha este nome. Remotamente era um pequeno povoado encrustado nos sertões de Guaratinguetá, depois as Roças de Bento Rodrigues Caldeira".
Fonte: http://wiki.cancaonova.com/index.php/Lorena
 Alto da Serra - Núcleo Embrião de Piquete-SP
Imagem (detalhe): Leituras Cartográficas Históricas e Contemporâneas, ed. conjunta Brasil Connects Cultura & Ecologia, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e Exército Brasileiro, São Paulo/SP, março/2003 (acervo do historiador Waldir Rueda)
Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/santos/mapa41.htm

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...