sábado, 18 de outubro de 2014

Peabiru o caminho milenar(Transcrição)

 Há muitas traduções para esta palavra de origem tupi, como há muitas hipóteses para o verdadeiro significado desse caminho milenar chamado pelos indígenas de Peabiru.
Peabiru o caminho do ouro no BrasilO caminho, ramificado em diversas trilhas, parece possuir ao todo cerca de cinco mil quilômetros, sendo 1200 km dentro do território do Brasil. Forrada por um tipo especial de grama miúda e macia, tão fechada que impedia o crescimento de qualquer outra espécie de vegetal, mantendo a passagem sempre livre, a misteriosa e hoje quase desconhecida estrada, com um metro e quarenta de largura, serviu para os conquistadores europeus alcançarem a notável civilização Inca por terra, anos antes de Francisco Pizarro destruí-la quase completamente.
Uma das hipóteses sobre a construção do Peabiru supõe justamente que o caminho tenha sido uma tentativa de expansão do Império Inca, ou de alguma civilização pré-incaica, em tempos muito antigos, na direção do Oceano Atlântico. Neste caso, a expressão original Pe-Biru significaria algo como Caminho para o Biru, nome pelo qual os incas denominavam seu território.
Outra hipótese aponta na direção dos guaranis ou povos antecessores, como os itararés, na construção do Peabiru, entre os anos 1000 e 1300. O termo, então, poderia ser interpretado como Caminho para a Terra Sem Mal, e estas tribos, originárias do território onde hoje fica o Paraguai, teriam construído o Peabiru durante sua migração para o litoral sul do Brasil, em busca de um paraíso, a lendária Terra Sem Mal.Uma terceira hipótese é que o Peabiru teria sido aberto por ninguém menos que São Tomé, o incrédulo apóstolo de Cristo. Sérgio Buarque de Holanda, um dos mais importantes historiadores brasileiros, diz que a comoção criada no século 16 pela descoberta de um Caminho de São Tomé por pouco não desbancou o célebre Caminho de Santiago de Compostela. Os indígenas brasileiros o chamavam de Sumé.
Trilha milenar, Peabiru
Ainda hoje, muitos consideram os resquícios do Peabiru como um caminho sagrado, próprio para peregrinações pelo interior do Brasil, a partir de vários pontos do litoral, principalmente Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O Peabiru, cujo significado mais conhecido é Caminho de Grama Amassada, foi quase todo destruído pela paulatina ocupação humana, restando ainda poucos vestígios. O trânsito intenso através do Peabiru chegou a ser proibido, em 1553, por Tomé de Souza. Segundo o, então, Governador-Geral do Brasil, era preciso fechar o caminho milenar e punir quem por ali transitasse com a pena de morte, pois “a fácil comunicação entre a Vila de São Vicente com as colônias castelhanas causam um grande prejuízo à Alfândega Brasileira, resultado do contrabando”. Só muito tempo depois, algumas dessas trilhas foram aos poucos sendo reativadas.
Provavelmente é o caso do chamado Caminho Velho, que teria usado uma das antigas ramificações do Peabiru para ligar Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, às Minas Gerais. Com a descoberta de pedras e metais preciosos naquela região do interior do Brasil, o Caminho Velho foi calçado com pedras e passou a ser conhecido como Trilha do Ouro.Hoje, boa parte da Trilha do Ouro pode ser desfrutada em passeios turísticos a partir da cidade histórica de Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro.
Fonte: http://www.brasilazul.com.br/peabiru.asp
Via do Peabiru - Alto da Serra - Espaço Colonial de Piquete-SP: Caminho Velho - Estrada Real do Sertão - Caminho dos Paulista -

sábado, 4 de outubro de 2014

O Retrato Do Rei - Ana Miranda -



   
O Retrato do Rei é um romance da poeta e romancista brasileira Ana Miranda, publicado em 1991 em São Paulo.

Resumo da história

Trata-se da guerra dos emboabas, que ocorreu no Brasil de 1707 a 1709, entre paulistas e portugueses, principalmente. Emboabas é o termo usado pelos paulistas para designar os forasteiros.
O livro é organizado em seis seções: O contrato da carne; O retrato do rei; A herança; A guerra; À ventura; Pós-escrito. O conflito todo começa devido ao contrato da carne ter sido retirado das mãos do frei Francisco, o qual passa a arquitetar ações para que a guerra ocorra e depois ajuda os portugueses a vencer a guerra. O retrato do rei de Portugal foi enviado a Minas Gerais, para ficar com os paulistas e mostrar aos portugueses de que lado Vossa Magestade estava, mas o retrato acaba sendo escondido por Mariana de Lancastre depois de ser envenenada por frei Francisco.
Mariana é uma fidalga portuguesa que vai à Minas para falar com o pai prestes a morrer. Seu pai manda um paulista desbravador ir buscá-la: Valentim. Ao longo do penoso caminho, eles apaixonam-se, mas nada revelam um ao outro. A seção da herança fala da morte do pai de Mariana e da data de ouro que ela herdou, sem ter um escravo para trabalhar lá. A fidalga, que estava de posse do retrato do rei, veste-se de homem e foge de Valentim e dos paulistas e fica morando na data. Valentim vai atrás dela para ficar apenas vivendo perto dela e olhando-a por alguns dias, sem falar de seus sentimentos.
Os desentendimentos entre paulistas e portugueses aumentam e os portugueses chegam a matar a pauladas um paulista velho e desarmado pelas atitudes de seus filhos. Assim, a guerra começa. Os paulistas são mais valentes e habilidosos no combate, mas os portugueses confiscam as armas deles. Os paulistas refugiam-se em Sabará para fortalecerem-se para a guerra, e cortarem a estrada que traz a carne a ser comercializada vinda do norte. Os portugueses atacam, ateando fogo em todo o vilarejo. Outras batalhas acontecem, mas os paulistas só são definitivamente derrotados quando são covardemente massacrados pelos portugueses depois de 6 dias de fome e rendidos. Valentim e Heironimo, os líderes, estavam em São Paulo buscando reforços, por isso escapam ao ataque. De São Paulo parte um exército paulista que conquista duas cidades em seu caminho, mas rendem-se e voltam a São Paulo depois de os portugueses devolverem o retrato do rei a eles.
Mariana, que estava vagando por Minas atrás de Bento do Amaral, que lhe roubou o retrato do rei, assume para si o amor que sente por Valentim e vai para São Paulo atrás dele. Ao chegar lá e vê-lo noivo de outra, ela rouba o retrato da Câmara dos vereadores e foge para o mato, aonde se joga segurando o retrato do rei numa grande queimada. Valentim larga a noiva e procura desesperadamente por ela por toda a região.

Personagens principais

  • Mariana de Lancastre;
  • Valentim Pedroso de Barros;
  • frei Francisco de Menezes;
  • Hieronimo Pedroso de Barros;
  • Fernando de Lancastre;
  • Bento do Amaral;
  • Manuel Nunes Viana;
  • Manuel da Borba Gato;
  • Hieronimo Pedroso;
  • Pedro de Moraes Raposo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre http://migre.me/lXvIy
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Espaço Colonial de Piquete no Roteiro do Caminho da Narrativa contida no Romance Retrato do Rei. Uma vez que o caminho percorrido necessariamente a partir do povoado com cabanas e uma pequena igreja sobre uma colina coberta de plantação de bananeiras às margens do Paraíba. (Vila de Guaipacaré),  era em direção ao Registro (Piquete-SP), no sopé da Mantiqueira. Especificamente no Bairro do Itabaquara, onde começa o Vale do Embau e os rios, passa quatro, passa vinte, passa trinta,  que André João Antonil  segundo o qual eram atravessados inúmeras vezes razão da denominação atribuída, "Cultura e Opulência do Brasil com suas Minas e Drogas",  em seu respectivo roteiro.  (Retrato do Rei - Ana Miranda - São Paulo, Companhia das Letras 199, Capitulo 10 pág. 92 e Capitulo 11, pág 96), na fala do personagem Valentim temos:
 
                                    Capitulo 10
                                                      Frei Francisco chegou ao Pindamonhangaba e dali atingiu o Guaratinguetá. Mas dois dias caminhando até o pôr-do-sol, e ultrapassou o porto Guaipacaré, onde ficam as roças de Bento Rodrigues. Três jornadas depois avistou o Paraíba correndo no meio de um vale.
                                    A viagem transcorria com lentidão quando Frei Francisco, feliz, ouviu um sino ecoando. A estrada melhorou, tornou-se mais larga, pavimentada de pedras grandes.
                                     Avistou ao longe Mariana e seu cortejo.
                                      Às margens do Paraíba, um rio caudaloso cercado de rochedos, havia um povoado com cabanas e uma pequena igreja sobre uma colina coberta de plantação de bananeiras. Atrás de uma das casas, pastavam cavalos que serviam de muda às escolta do ouro.
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                                   Capitulo 11
                                   "Já estamos no Sertão de Minas?" , perguntou Mariana, ao atingirem o sopé de uma montanha.
                                    "Sim", disse Valentim, abaixando-se e recolhendo um punhado de terra vermelha. "Aqui começa o Embaú. Embau quer dizer garganta, vale. Estais vendo aqueles morros?" Valentin apontou uma  massa verdejante de matas.
                                      "São a Mantiqueira", ele disse. " Muros altos, para que nas Minas não cheguem os fracos.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Projeto da UNESCO “Rota do Escravo:


 CAMINHO VELHO DO OURO, CONGADO, JONGO,  PATRIMÔNIO DA MEMÓRIA DA DIÁSPORA AFRICANA EM PIQUETE-SP:
Resistência, Herança e Liberdade”. Reúne 100 Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil. Entre os inúmeros lugares Piquete-SP passa a estar contido em um itinerário de relevância Histórica, reconhecido pela comunidade internacional.  Uma vez que o Núcleo Embrião de Itajubá (Arraial de Nossa Senhora da Soledade de Itajubá),  localizava-se no território abrangido hoje pela cidade Marmelópolis-MG e Delfim Moreira-MG. Neste caso a entrada original a partir de Minas em direção a Paraty é  pelo Alto da Serra, Garganta do Sapucaí, Desfiladeiro de Itajubá, Meia-Lua, Boa Vista: Lugares de Memória no Contexto: 1)Trabalho e Cotidiano 1.1 - Caminho do Ouro - 1.2 Estrada Real (Paraty –RJ) 2) Patrimônio imaterial - 2.2 Congado (MG, RJ, SP)- 2.3 Jongo (RJ, SP, MG, ES)(grifos meus)
Dona Zezé Machado (in memória) - Zé das Moças (in memória) Cida filha de Dona Zezé.
Jongo de Piquete-SP

 
 

Guaianás

Os índios guaianás, também conhecidos como "guaianases", foram um agrupamento indígena brasileiro, que povoou São Paulo de Piratininga até o final do século XVI. Durante o período colonial, essa tribo recebeu vários nomes, como guaianases e guaianã. Era um grupo considerado coletor, ocupando a região da Serra do Mar, em um território que ia desde a Serra de Paranapiacaba até a foz do Rio Paraíba, no atual estado do Rio de Janeiro. [1]
Graças ao relato de Gabriel Soares de Sousa, que ao descrever toda a costa brasileira em seu Notícia do Brasil, publicado em 1587, o cronista luso afirma que os Guaianá eram vizinhos dos Tamoios na região onde seria São Paulo, sendo que a tribo que a habitou os planaltos paulistas, foi o povo que se autodenominava Tupi, conhecidos por seus vizinhos como Tupiniquim. Grandes chefes indígenas como Tibiriçá, Piquerobí e Kaiobi são confundidos com guaianás, porém são de origem Tupi.
Também na obra Os Nascimentos de São Paulo, Benedito Prezia afirma que "...identificamos dois grupos Guianá que viveram em São Paulo: um no século XVI, próximo culturalmente aos Puri, e um outro, no século XVII, vindo do Paraná, e que era, seguramente, ancestral dos caingangue..
FONTE: Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. http://migre.me/m53dV

 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Anthony Knivet e a região do vale do Paraíba (Transcrição)

O marinheiro de Cavendish viveu a serviço e submissão da família Correia de Sá por quase uma década. Foi durante esse período que Knivet adentrou os sertões e consequentemente passou pela região do vale do Rio Paraíba, sendo citadas várias vezes no relato, pelos caminhos indígenas da serra do Mar.
[...] Knivet embrenha-se pelo sertão, por lugares nunca antes pisados por um europeu, entrando em contato com tribos desconhecidas e negociando escravos que serão usados nos engenhos e em trabalhos domésticos. Suas entradas pelo interior do Brasil, seguindo rotas indígenas e caminhos desconhecidos, são viagens de exploração em busca de minas de ouro e pedras preciosas, que se incrementaram no governo de d. Francisco de Souza.
[1]
A facilidade de adaptação e contato com os povos indígenas permitiu ao Knivet um relativo sucesso, como o apontado em suas crônicas e em outros documentos como o inventário realizado a pedido de Martim de Sá sobre despesas, no qual podemos verificar a seguinte passagem:

[...] O objetivo de Martim de Sá era a compra de escravos por missangas e ferramenta; mas, apesar de os Guaianazes serem muito dados a esse comércio, a ponto a ponto de venderem suas próprias mulheres e filhos, na ocasião encontravam-se em extrema escassês
[2]. Por isso Martim de Sá resolveu enviar Knivet, com oito de seus escravos, aos Puris, gentio amigo dos contrafortes da Mantiqueira, cujo morubichaba acolheu muito bem o emissário e, depois de recebidas as dádivas de Martim de Sá, lhe entregou setenta escravos, fazendo-os acompanhar por trezentos frecheiros até à outra banda do Paraíba, rumo ao litoral [....].[3]

Ainda sobre o caminho dos Guaianazes, segundo o relato de Knivet havia sido prometido a ele um escravo para realizar trabalhos para o inglês quando retornando ao Rio de Janeiro. Mas o prometido não aconteceu. Continuou a cumprir suas entradas.

As sequencias de datas das entradas, seguem ainda com alguns espaços a serem preenchidos durante as análises dos documentos de viagem e cartoriais, como é o caso do solicitado pela família Sá (inventário). Isso aponta a um conflito de datas constante e de “versões”, como o artigo está preocupado com a verificação do caminho e da utilização do rio como transporte e alimentação para os viajantes, prevalecem às relações cruzamentos dos dados. Assim, as datas funcionam aqui como acessórias a análise, apenas como guia temporal dessas entradas paulistas.


Mapa de São Paulo, com destaque para o Vale do Paraíba. Data provável: 1868
Em 1593, em seu inventário, Martim de Sá descreve sua entrada no sertão ao lado de Knivet. Mas, suas expedições pela região ganham mais força dois anos depois, em 1595, por um fator pessoal. Após uma discussão com sua madrasta o jovem é enviado pelo pai a fazer o caminho dos Guaianases, que ia de Angra dos Reis à Cananéia (do Rio de Janeiro à região de São Paulo), com o intuito de apresamento indígena e reconhecimento local e de seu gentio. Nesse momento, o objetivo era o de retornar a Ilha Grande, onde estavam fixados, e após o contato com os Puris próximo a Mantiqueira, quarenta dias depois de dobrar o rio Paraíba, retornou a Ilha Grande.
No inventário mencionado de Sá, já é sem tempo relatada a escassez de indígenas, mesmo aqueles que eram ligados ao comércio escravo, chegando a vender seus filhos e mulheres, quando Knivet seguia viagem verificava que a disponibilidade de obter escravos cativos diminuía, por isso a incursão ao interior do território da colônia.
Na entrada de 14 de outubro de 1597, com a bandeira em regra, seguiram juntamente a Sá e Knivet, o também inglês Henrique Banaway, além de um capelão, muitos moradores e colonos do Rio de Janeiro. Nessa passagem Knivet comenta que partindo de Parati para o sertão, a oeste verificava um grande número de canoas a navegar entre as ilhas e a terra firme, o que leva à crença em um comércio entre os moradores do Rio de Janeiro com as cidades do litoral norte paulista e o vale do Paraíba.
[4]
Isso tornava a região atrativa e propícia ao abastecimento servido de rota para as incursões, que desde 1560, vasculham com o intuito de fazer o reconhecimento da região e dos nativos, tornando o rio Paraíba importante durante os anos verificados na pesquisa e permitindo com isso o deslocamento não somente de brancos, mas também de outros indígenas para ocupar a região.
Esse processo fica mais intenso até 1640, principalmente na região onde seria formada a vila de Taubaté. E os muitos relatos de viajantes e bandeirantes que por vezes partindo da vila foram formar muitas cidades mineiras e nessas descrições falam do intenso fluxo de povoadores passando pela região.
Fonte:

 

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...