quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Jaguamimbaba

Jaguamimbaba é o primeiro nome dado à serra da Mantiqueira, do lado paulista, que significa onça parda ou cachorro de estimação, e do lado mineiro mineiro amanti-kir, que é serra que chora ou nuvem que rola. Com a conservação do meio ambiente, o número de onças pardas tem aparecido mais vezes pela nossa região do Vale do Paraíba, principalmente em riachos e córregos. Por Elias Adriano dos Santos (SP) em 31-08-2010 link http://www.dicionarioinformal.com.br/jaguamimbaba/


  Person Sheet 

Name  João de Souza Pereira "Botafogo"
Em 1560, o governador geral Mem de Sá, tendo expulsado os Franceses da Baía de Guanabara, deteve-se na Capitania de São Vicente e "providenciou para que o provedor Brás Cubas e o mineiro Luís Martins fossem ao sertão a dentro a buscar minas de outro e prata". Os sertanistas percorrem trezentas léguas de sertão em busca de outro e prata. Partindo de São Paulo e passando por Mogy das Cruzes, desceram o rio Paraíba, guiados pelos índios até a paragem de Cachoeira, onde encontraram o caminho que atravessava do litoral para a serra acima e tomando por esse caminho subiram a serra de Jaguamimbaba (Mantiqueira ), forma à barra do rio das Velhas e correram a margem do rio São Francisco até o Pará-Mirim, donde voltaram pelo mesmo caminho. 
Navegando a favor da correnteza nas águas do rio Paraíba do Sul, os paulistas e outros sertanistas e aventureiros atingiam as terras de Guapacaré (atual Lorena) e transpondo o rio "antes dele encachoeirar-se ", atravessavam a garganta do Embaú, por onde se transpunha a serra da Mantiqueira e penetravam os sertões mineiros. 
As expedições de João Pereira de Souza Botafogo (1596), de Martim Corrêa de Sá e Anthony Knivet (1597), de André de Leão e Wilhelm Glimmer ( 1601), Jerônimo da Veiga ( 1643), Sebastião Machado Fernandes Camacho (1645), de Fernão Dias Paes (1674), atravessaram o Vale do Paraíba, percorrendo o rio e as velhas trilhas, abrindo o chamado "caminho geral do sertão", que ligava a vila de São Paulo aos primeiros núcleos de povoamento nos sertões do Paraíba e daqui às minas dos Cataguás, de Taubaté e da Gerais. 
Desde os primeiros anos do século XVII "foi esse caminho senhoreado e freqüentado pelos paulistas, tornando-se a linha de penetração mais importante do Brasil, senão na América do Sul" , até a abertura do "caminho novo de Garcia Rodrigues ", que ligou, diretamente, Rio de Janeiro às Minas Gerais. Fonte: http://martin.romano.org/ps05/ps05_394.htm

domingo, 19 de janeiro de 2014

Candombe Lagoa Santa Brasil set 2012



 Origem das Fotos - Museu do Forte - Paraty-RJ.

Candombe/ Festa de São João em Minas Gerais


1 - Cachaça: uma dose de história -

A expedição de Martim Afonso que aportou em 1531 no Brasil, como se sabe, trouxe mudas de cana e especialistas agrícolas. E, muito provavelmente, trouxe um dos primeiros alambiques do Novo Mundo, talvez um que já tivesse produzido aguardente de uva, mel ou cana nas Canárias, ponto de passagem da esquadra do fidalgo e provável origem das primeiras mu das de cana dessa primeira iniciativa organizada de produção canavieira em larga escala no Brasil.
Numa das três regiões citadas acima – mais provavelmente São Vicente , se levarmos em conta o caminho feito pela cachaça nas décadas seguintes –, o processo da destilação que os ibéricos aprenderam com os árabes produziu, pela primeira vez, a aguardente de cana no Brasil.
...........................................................................................................
PARATY Para dar conta desse consumo, as dezenas de engenhos em volta da baía de Todos os Santos e os de Pernambuco produziam a sua jeribita. Mas uma cidade se tornava sinônimo de cachaça: Paraty. Ali, os vicentinos que, segundo a hipótese mais provável, começaram a produção de cachaça em meados do século XVI nas terras do chamado Engenho dos Erasmos, fincaram no fim desse mesmo século ou no início do seguinte os primeiros alambiques que fi zeram a glória da bebida, aperfeiçoando suas técnicas de produção. O porto do qual os navios partiam para a África e para o Reino e tropeiros e colonizadores se internavam na direção das Minas chegaria a ter, no século XVIII, em torno de cem fábricas de cachaça em funcionamento.
Em Paraty, negros chegavam da África e eram desembarcados e levados para a engorda no saco de Mamanguá, enquanto os navios eram carregados de cachaça – o pagamento preferido dos comerciantes da Costa da Mina e de Angola. Naquele momento, os africanos haviam se tornado também grandes consumidores de cachaça – o único destilado que conheciam –, o que muito preocupava a Coroa portuguesa.
Acossada pela concorrência da cachaça no Brasil e na África, e com o apoio de senhores de engenho que veem a cana dos pequenos produtores desviada da função de matéria-prima do açúcar para a valorizada cachaça, Lisboa baixa em 13 de setembro de 1649, a proibição do fabrico do “vinho de mel” em todo o Brasil (em 1635, uma primeira lei nesse sentido não havia “pegado” e fora esquecida).
O protesto dos fazendeiros, sobretudo os da província do Rio de Janeiro, que abasteciam Angola de cachaça até por não conseguir competir com o açúcar de melhor qualidade de Pernambuco, é forte e a Coroa responde retirando a proibição, aumentando taxações, tornando a proibir e estabelecendo diversos obstáculos e regulações. Em 1659, o comércio de aguardente sob qualquer forma, é vetado, gerando protestos que culminam com a chamada Revolta da Cachaça, em 1660, quando, liderados por fazendeiros da região de São Gonçalo, o povo do Rio de Janeiro depõe o governador, então em viagem a São Paulo, obrigando a Câmara a dar posse a outro fidalgo.
A rebelião é sufocada com certa facilidade, depois que os paulistas negam seu apoio aos revoltosos, e seu líder, o produtor de cachaça Jerônimo Barbalho, é enforcado. Mas a Coroa não apoia a decisão do governador Salvador Correa de Sá e Benevides. Ele acabaria sendo chamado de volta a Lisboa e processado, enquanto a produção da cachaça, para deleite de fazendeiros, comerciantes e do povo em geral, era liberada sem restrições, “a fim de evitar novos problemas”.
A primeira rebelião popular da nascente nacionalidade brasileira contra o domínio português de que se tem notícia prefaciou o papel de símbolo da nacionalidade com que a cachaça seria brindada ao longo dos séculos seguintes. Com a descoberta do ouro, a branquinha subiria a serra do Mar e encontraria seu território definitivo: as Minas Gerais
. Fonte: O Históriante http://migre.me/hv5zs
 

2 - Cachaça: uma dose de história - "....farinha de Surui, Pinga de Paraty e fumo de Baependi/ É comê, bebê, pitá e caí.” (Transcrição)

A expedição de Martim Afonso que aportou em 1531 no Brasil, como se sabe, trouxe mudas de cana e especialistas agrícolas. E, muito provavelmente, trouxe um dos primeiros alambiques do Novo Mundo, talvez um que já tivesse produzido aguardente de uva, mel ou cana nas Canárias, ponto de passagem da esquadra do fidalgo e provável origem das primeiras mu das de cana dessa primeira iniciativa organizada de produção canavieira em larga escala no Brasil.
Numa das três regiões citadas acima – mais provavelmente São Vicente , se levarmos em conta o caminho feito pela cachaça nas décadas seguintes –, o processo da destilação que os ibéricos aprenderam com os árabes produziu, pela primeira vez, a aguardente de cana no Brasil.

...............................................................................................................
MINAS GERAIS A cachaça chegou às Minas com os tropeiros e bandeirantes, através do Caminho Velho, que já existia no fim do século XVII e ligava Paraty a Guaratinguetá e, daí, à região aurífera da Vila Rica. Também subiu o rio São Francisco, com os baianos que se internaram no sertão rosiano. Em 1715, o governador da província, Brás Baltazar da Silveira, já dá início à perseguição ao líquido brasileiro, proibindo a construção de novos alambiques, sob a alegação de que a bebida “inquieta os negros” e causa “dano irreparável ao Real Ser-viço e à Fazenda” – pura reserva de mercado para os vinhos e bagaceiras do Reino. A lei é tão inócua quanto as anteriores e outras que se sucederão ao longo do século para deter o avanço dos alambiques, que vão se tornando parte do equipamento básico das fazendas mineiras.
Enquanto as minas escasseavam em fins do século XVIII, os alambiques se multiplicavam para desgosto da Coroa. Durante a Inconfidência, ela será usada para brindes, por exemplo, no banquete oferecido pelo Padre Toledo em outubro de 1788 após o batizado dos filhos de Alvarenga Peixoto e Bárbara Helio-dora – considerada a primeira reunião inconfidente na Comarca do Rio das Mortes, hoje Tiradentes.
A própria família de Tiradentes produzia – e produz – cachaça, no engenho Boa Vista, na atual cidade de Xavier Chaves. O padre Domingos da Silva Xavier, irmão do alferes, cuidava do alambique. Já no território da lenda, o último pedido do futuro mártir da nacionalidade basileira teria sido: “Molhem minha goela com cachaça da terra”.
A ligação lendária entre o alferes e a bebida faz todo o sentido dentro da construção dos símbolos da nacionalidade brasileira do século XIX, a reboque da Independência. Nesse período, a cachaça atinge seu ponto mais elevado como parte da vida nacional. Em 1863, são 150 os alambiques em funcionamento apenas em Paraty, fornecendo, inclusive, para o Palácio Imperial, onde a preferência do conde d’Eu – que se casaria com a princesa Isabel no ano seguinte – seria glosada, mais tarde, por Oswald de Andrade: “No baile da Corte/ Foi o Conde d’Eu quem disse/ Pra Dona Benvinda/ Que farinha de Surui, Pinga de Paraty e fumo de Baependi/ É comê, bebê, pitá e caí.”
Recebida em palácio e cantada pelos nobres, tal era o prestígio da cachaça naquele século que foi admitida até nas cerimônias religiosas, como atesta o Baile da Aguardente, recolhido por Melo Morais Filho e mencionado por Câmara Cascudo no seu Prelúdio da cachaça. Segundo o folclorista, a penetração na religiosidade – a mais profunda das representações de um povo – comprova o elevado status que a cachaça atingiu naquele momento.
 Fonte: O Historiante http://migre.me/hv4EA
Registro (Piquete), no caminho Velho do Ouro, no Caminho da História.

sábado, 11 de janeiro de 2014

AMÉRICO VESPÚCIO E SEU OLHAR SOBRE O BRASIL (Transcrição)

Vespúcio atribui nomes ao litoral brasileiro por onde passou
Munidos de um calendário Litúrgico, começaram a batizar os lugares onde atracavam, com nome de santos do respectivo dia em cada lugar diferente, como por exemplo, em 28 de agosto com a vista do Cabo de Santo Agostinho, em 01 de novembro de 1501 à baía, denominada Baia de Todos os Santos. Após a parada em Cabrália, Gonçalo Coelho depara-se com dois degredados advindos da esquadra de Cabral, resgata-os. Entre estes estava Afonso Ribeiro, que permaneceu por dois anos em contato direto com os nativos, aprendendo seus costumes e suas atividades cotidianas, Vespúcio não perdeu tempo em colher preciosas informações com Ribeiro a respeito desta convivência com os nativos, tais informações foram suficientes para Américo Vespúcio escrever duas novas cartas, em uma delas, ele registra que conseguiram, na Baia batizada de Todos os Santos, descansar e realizar um contato amistoso com os nativos, Vespúcio relata que durante sua permanência neste local havia comido e dormido durante 27 dias com os naturais da terra. A frota de Coelho avançava sentido sul. Uma nova parada, no inicio de dezembro em Porto Seguro, onde os marujos recolheram algumas toras de pau brasil, árvore que teria responsabilidade de doar seu nome ao futuro daquele território. Em 01 de janeiro de 1502 a frota depara-se com uma paisagem paradisíaca, a chamada "boca do mar", cercada por montanhas arborizadas, os tripulantes pensavam estar mediante a foz de um rio, batizando o local com o nome de Rio de Janeiro. Vespúcio, cerca de 01 ano depois, em sua segunda viagem ao Brasil, voltaria a tal lugar, que o deixou profundamente extasiado diante de tanta beleza. Alguns dias depois, Vespúcio avistaria outra beleza natural, uma bela enseada, era 06 de janeiro de 1502, dia de Reis, então batizara tal lugar de Angra dos Reis, nome que até hoje se mantém. Américo Vespúcio ficou mais uma vez impressionado em meio a tanta beleza, conforme diz seu relato: Algumas vezes me extasiei com os odores das arvores e das flores e com os sabores destas frutas e raízes, tanto que pensava comigo estar perto do Paraíso Terrestre. Entre fins de janeiro a esquadra batizou outra região, uma ilha de águas calmas, chamando-a de Cananéia, deixando, não se sabe ao certo porque, de utilizar o nome de um santo, como feito até então. Na metade do mês de fevereiro a frota deixa a ilha, munidos com suprimentos suficientes para 06 meses de viagem, foram 49 dias de mar à dentro, sem avistar terra. Fonte:http://migre.me/hnHzf

domingo, 5 de janeiro de 2014

PESQUISAS SOBRE A EXISTÊNCIA DO OURO E DA PRATA NO PLANALTO PAULISTA NOS SÉCULOS XVI E XVII. (Transcrição)

EXPEDIÇÕES LOCAIS  Afonso Sardinha.
Os portuguêses ao desembarcarem em São Vicente no ano de 1530, tinham grandes esperanças nas minas de ouro e prata.
Várias expedições tomaram o rumo do interior do país; de Cananéia, partiu Pero Lobo, a mandado de Martim Afonso que, anteriormente fizera partir da Guanabara, três brancos para a região das futuras Minas. Parece que em 1526, segundo a lenda, Aleixo Garcia seguira o caminho que tempos de-pois seguiria Pero Lobo.
Em 1561, as buscas continuavam e Braz Cubas chegou a encontrar ouro e também pedras verdes, após ter feito parte de uma bandeira, a qual, não se sabe exatamente que rumo tomou. Segundo uma carta que enviou a D. João III de Por-tugal, em 25 de abril de 1562, tem-se uma vaga notícia da des-coberta do precioso metal a 30 léguas de Santos (9) .
Em 1562, Luís Martins achou ouro a 30 léguas de Santos .
De 1579 a 1592, Jerônimo Leitão foi até Paranaguá, on-de antes já estivera uma expedição de Heliodoro Eobanos, proveniente do Rio de Janeiro e efetuada entre 1570 e 1584. Ésse ouro foi explorado por gente da Capitania de São Vi-cente, entretanto foi em pouca quantidade, pois só se verifi-cou o povoamento do Paraná, pela criação de gado.
Parece que trouxeram algum ouro para Santos, "...por-que quando Cavendish lá esteve, em 1588, 1590 e em 1591 havia na vila ouro proveniente dessa fonte" (10) .
Entretanto, sómente em 1590, Afonso Sardinha, seu filho e Clemente Alvares descobriram ouro no Jaraguá, serras de Jaguamimbaba (São Paulo), de Ivuturuna (Parnaíba) e em Biraçoiaba (Sorocaba), entretanto a maior quantidade foi ex-traída do Jaraguá (11) .
Além dêsses, Antônio Bicudo Carneiro minerou o ribei-rão de Santa Fé que corre à esquerda do morro paulista. Até agora, aí estão tôdas as informações conhecidas sô-bre a mineração do ouro em São Paulo, informações encon-tradas no "Resumo da História de São Paulo", de Alfredo El-lis Júnior, 1942, em "Épocas de Portugal Econômico" de J. L. de Azevedo e na "História Econômica do Brasil", tomo I, de Roberto Simonsen. 
(Fonte: texto no original pesquisa da Internet realizada em 05/01/2014, artigo de  MYRIAM ELLIS AUSTREGÉSILO - Licenciada em Letras Neo-Latinas e auxiliar da Cadeira de História da Civilização Brasileira.)

Piquete-SP - Jaguamimbaba, que em tupi quer dizer "onça parda", é como era conhecida entre os nativos brasileiros a porção paulista da Serra da Mantiqueira. O lado mineiro era conhecido como "amanti-kir", que quer dizer, "serra que chora" ou "nuvem que rola", nome que deu origem à atual denominação da serra. Desde 1597 foi encontrado e explorado o ouro de aluvião, nos riachos da serra, um século antes das grandes descobertas em Cataguases, Cuiabá e Goiás pelos bandeirantes.1

África-Brasil (Semente, Raiz e Tempo) 1° parte

África-Brasil (Semente,Raiz e Tempo) 2° Parte (+playlist)

MINISTÉRIOS DAS RELAÇÕES EXTERIORES (Transcrição)

Nota nº 437

Década Internacional dos Afrodescendentes

26/12/2013 -

O Governo brasileiro manifesta sua grande satisfação pela proclamação da Década Internacional dos Afrodescendentes, aprovada pela Assembleia Geral da ONU.
A Década, intitulada "Pessoas Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento", será celebrada de 1º de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2024. Buscará aumentar a conscientização das sociedades no combate ao preconceito, à intolerância e ao racismo.
O Governo brasileiro empenhou-se diretamente no processo de negociações que levou à proclamação da Década.
***

Decenio Internacional de los Afrodescendientes 

El Gobierno brasileño manifiesta su gran satisfacción por la proclamación del Decenio Internacional de los Afrodescendientes, aprobado por la Asamblea General de la ONU.
El Decenio intitulado “Pueblos Afrodescendientes: reconocimiento, justicia y desarrollo”, será celebrado del 1° de enero de 2015 al 31 de diciembre de 2024. Buscará aumentar la concientización de las sociedades respecto a la lucha contra los prejuicios, la intolerancia y el racismo.
El Gobierno brasileño se ha empeñado directamente en el proceso de negociaciones que llevó a la proclamación del Decenio.
***
International Decade for People of African Descent

The Brazilian Government expresses its great satisfaction with the proclamation of the International Decade for People of African Descent, adopted by the UN General Assembly.
The Decade, entitled "People of African Descent: Recognition, Justice and Development" will be celebrated from January 1st , 2015 to December 31, 2024. It will seek to raise the awareness of societies in the fight against prejudice, intolerance and racism.
The Brazilian Government has directly engaged in the negotiation process that led to the proclamation of the Decade. (Fonte: http://migre.me/hio3S)

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

PORTUGUÊS E CASTELHANO NO BRASIL QUINHENTISTA (Transcrição)

a) A origem dos missionários:
Nas missões dependentes de Portugal é conhecido o facto de que ainda que a maior parte dos missionários fossem portugueses, outros países, mormente Espanha, enviaram grande número de operários, tanto para o Oriente como para o Brasil 25. Exemplo disso é o navarro Francisco de Xavier (1506-1552), que trabalhou no Oriente luso e utilizou o português em dois terços da sua produção escrita. 
26. De facto, a grande maioria dos jesuítas que trabalharam na missionação do Brasil eram portugueses 27. Houve, porém, alguns espanhóis que tinham entrado na Companhia em Portugal (Azpilcueta, Blázquez e Anchieta), e que, portanto, pertenciam desde a origem à Assistência jesuítica lusitana. Ora bem, tendo sido frequentes os pedidos de reforços por falta de pessoal, resultou a ida, para o Brasil em 1561, de um belga, de um italiano, e de dois espanhóis: Quiricio Caxa e Baltasar Álvarez. Em 1572 chegou o P. Ignacio Tolosa. Os últimos espanhóis idos para o Brasil no século XVI foram enviados em 1576: Juan Saloni (catalão),  Agustín de Castillo (de Madrid), Pedro Ámena o de Toledo (natural de Granada), Francisco Ortega (cántabro), e Miguel García (de Lagartera, Toledo) 28. Diferente é o caso de Francisco de Escalante (c.1563-c.1632), natural de Laredo, que entrou para a Companhia no Rio de Janeiro. A finais do século, vários religiosos espanhóis ocupavam ofícios importantes no Brasil. Na expedição missionária que ia para o Brasil em 1570, preparada e chefiada pelo P. Inácio de Azevedo, havia um total de 73 jesuítas, dos quais 13 eram espanhóis 29. Como é sabido, dita expedição nunca chegou ao Brasil pois foi destruída ao ser assaltada por calvinistas franceses no mar das Canárias, morrendo a maioria dos expedicionários durante as duas investidas: a primeira a 15 e 16 de Julho de 1570 (primeiro grupo de 40 mártires) e, a segunda, a 13 e 14 de Setembro de 1571 (segundo grupo de 12 mortos)30. No entanto, anos depois, houve algumas queixas com respeito aos espanhóis 31.Assim, é curioso o que em 1575 escrevia o Procurador em Lisboa ao  P. Geral, no sentido de que «como esos hermanos que vienen  ingleses sin saber la lengua de por ca como podran aprovechar en el Brasil» 32. Assim, de 1588 a 1609 foram para o Brasil uns 50 missionários, todos de nacionalidade portuguesa, ao longo de nove expedições. Assinalemos que também houve missionários doutras nacionalidades, os quais, evidentemente, também aprendiam o português. Por exemplo britânicos, como o londrino John Made33, ou como o P. John Vincent Yate, de Salisbury, de que se conservam duas cartas remetidas do Brasil em língua inglesa, escritas em 1593; numa delas pedindo inclusive uma gramática inglesa34.Cedo houve também vários italianos35, como o napolitano P. Leonardo Armínio (1545-1605), do qual se conservam dois textos: um em latim e outro em castelhano —lembremos que naquela altura Nápoles dependia politicamente da monarquia espanhola—; ou como o P. João Baptista Giaccopuzi (c.1539-1590), de Spezia, de que também ficaram dois textos: um em italiano e outro em latim, ambos dirigidos ao P. Geral36. E também houve missionários de outras nacionalidades37. Por volta do ano 1600 havia no Brasil uns 160 jesuítas. A partir do início do século XVII com certo espírito anti-espanhol, mesmo antes de 164038, os missionários não portugueses eram fundamentalmente italianos e centro-europeus39. Aliás, para além dos portugueses que no Brasil ingressaram na Companhia de Jesus, houve também brasileiros, nascidos no Brasil; o primeiro deles foi um chamado Cipriano, que entrou já em 1552 40.
b) A questão do tupi: Uma das regras da Companhia de Jesus é que todos aprendam a língua da terra onde residem, se não virem que é mais útil a sua própria41. Muito cedo perceberam os jesuítas que uma só língua era falada por todos os grupos que habitavam o litoral brasileiro, desde as capitanias mais setentrionais até São Vicente, no sul: o tupi, língua brasílica ou simplesmente língua geral. Ao chegarem os Padres ao Brasil verificaram que, para atrair e catequizar os índios, era indispensável saber a língua deles. De facto, desde muito cedo operou-se a aprendizagem da língua tupi por parte dos missionários42. Entre os primeiros jesuítas, o que mais se assinalou na língua tupi foi o P. Juan de Azpilcueta Navarro, segundo Nóbrega, talvez por ser «biscainho» 43. Mas a redução da língua tupi a regras ou «arte» gramatical foi obra de Anchieta com a sua  Arte de Gramática da Lingoa mais usada na costa do Brasil , que talvez fosse escrita primeiro em latim e que depois foi publicada em Coimbra (1595). Anos depois viria a Arte da Língua Brasílica do P. Luís Figueira (1621), com a totalidade do texto em português44. Na escola ensinava-se português, mas a doutrina era com frequência em tupi, sobretudo com os meninos recém-vindos do mato: bilinguismo na educação, como não podia ser doutro modo. Particularmente curiosas são algumas misturas linguísticas que encontramos nos documentos. Assim, por exemplo, na sua «Relação da Província do Brasil» (1610), Jácome Monteiro apresenta-se a si próprio, numa frase meia tupi, meia portuguesa, como «O Paí Jacomi xerapí do Paí Guaçu»45. Do Ir. Cipião — o italiano Cipione Comitoli — diz-se que meteu-se com tanto empenho à língua tupi, «que às vezes lhe falava homem portuges e elle respondia brasil»46. Portanto, ainda que o nosso objectivo neste trabalho seja analisar o bilinguismo luso-castelhano, não podemos esquecer o facto evidente de que no Brasil daquele tempo, assim como posteriormente, o principal bilinguismo dava-se entre o português e o tupi. É interessante o que a este propósito escrevia António de Sá em 1559 aos companheiros da Baia:«Yo enseño agora acá la doctrina christiana y las oraciones en nuestro romance [...]. Si allá tuvieren alguna manera de enseñar en lengua brasílica mán-denosla, porque de otra manera difficultosamente se les meterá en la cabeça, aunque les bozeen cada hora y cada momento. Ellos me dizen que nuestro romance es muy trabajoso de tomar, mas no por eso les dejo de enseñar todos los días [...], y algunas vezes hablo en lengua brasílica con ellos lo que sé, y conténtansse mucho»47. (Fonte: http://migre.me/hfwlx
)




 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

(Transcrição) - Do dilúvio universal ao Pai Tomé - Fundamentos teológico-políticos e mensuração do tempo na historiografia brasílica (1724-1759)

Se os índios cantavam a sua história, recordando a grande inundação ou dilúvio que teria atingido o continente em tempos remotos, eles também padeciam do mal do “esquecimento” da herança evangélica semeada pela passagem de São Tomé pelo continente americano. A questão não era banal, uma vez que incidia sobre (ao menos no plano teórico) a legitimidade do instituto da “guerra justa” contra o “gentio bravo” (ou também chamado, pejorativamente, índio tapuia)25. O esquecimento da pregação do apóstolo permitia a transformação do índio “gentio ou pagão” em “infiel”, embora, após a promulgação do Diretório dos Índios em 1755-58 (legislação que procurava promover a aculturação civil do índio), a retórica que justificava a catequese começasse a ser transposta para uma linguagem laica, ou seja formulada em termos de um questionamento sobre as possibilidades civilizatórias dos súditos indígenas
.............................................................................................................................
 
As primeiras referências à passagem do apóstolo das Índias orientais pela América datam do século XVI. Os cronistas jesuítas teriam sido os grandes difusores da crença nas pegadas americanas de São Tomé. O pregador teria sido o primeiro a semear o evangelho e a ensinar o cultivo da mandioca aos ameríndios em sua marcha do litoral para o interior do continente americano26. Herói civilizador nas Américas lusitana e hispânica, o apóstolo sintetiza um estilo de evangelização praticado pela Companhia de Jesus. São Tomé transformou-se em intérprete ou mediador cultural ao converter-se à cultura do índio para poder realizar a missão salvífica27. No século XVII, o jesuíta Simão de Vasconcellos (1597-1671) identificou as pegadas de São Tomé em cinco lugares, lembrando que suas pegadas eram veneradas pelos índios, os quais ainda conservavam na memória os ensinamentos daquele sábio a quem teriam apelidado de pai Zumé ou Sumé28.
...........................................................................................................................
A exumação dos rastros de Santo Tomé tornou-se um exercício de arqueologia, bem como uma forma de especulação histórico-cronológica sobre as origens do povoamento no continente. Não parece ser mera coincidência o fato de que o santo é popularmente conhecido como o santo que “precisa ver para crer”, um santo que exige provas documentais!!! Por volta de 1729, o cirurgião-mor do Rio de Janeiro, Mateus Saraiva (membro da Academia dos Felizes no Rio de Janeiro e sócio da Academia dos Renascidos), chegou a emitir um parecer sobre as inscrições lavradas nas pedras na serra de Itaguatiara (Rio das Mortes/MG) –, para serem, posteriormente, apresentadas por Martinho de Mendonça de Pina e Proença na Academia Real de História Portuguesa em Lisboa29. As análises do cirurgião-mor confirmavam que as inscrições constituíam provas materiais da passagem de São Tomé pela América
.......................................................................................................................
No entanto, entre os acadêmicos havia também dissonâncias. Frei Gaspar da Madre de Deus, por exemplo, opôs-se às evidências apresentadas pelos seus colegas da Academia dos Renascidos. Em conformidade com a orientação da Academia Real de História Portuguesa, ele não via necessidade de recuar a cronologia até os tempos imemoriais do Dilúvio; seu ponto de partida era a descoberta da América, do Brasil ou da fundação da capitania de São Vicente (São Paulo). No espectro geral da historiografia luso-americana, a posição de Frei Gaspar parece ter sido a menos providencialista, opondo-se a visão joaquimista de Frei Jaboatão, por exemplo. Frei Gaspar da Madre de Deus duvidava da “fé histórica” alimentada pela maioria de seus colegas relativa à passagem de São Tomé pela América.
.....................................................................................................................
Frei Gaspar da Madre de Deus preferia questionar a argumentação corrente, provando que as supostas “pegadas” de São Tomé não passavam de fósseis vegetais: “hão de conhecer que todas se vêem gravadas em certa casta de pedra, a que alguns filósofos chamam vegetativa”30. Da mesma forma, recusava-se a aceitar o argumento sobrenatural: “porque a nenhum filósofo é lícito reputar milagrosos sem razão convincente os fenômenos que cabem a força da natureza”31.
................................................................................................................................
Tinha certa razão Frei Gaspar da Madre de Deus quando se referiu ao fato de que os analistas costumavam tratar as inscrições como se fossem fósseis ou documentos registrados no “livro da natureza”. O cirurgião-mor do Rio de Janeiro, Mateus Saraiva, por exemplo, inspirava-se nas teorias do jesuíta Athanasius Kircher (1602-80) em Mundus subterraneus (1664), para defender uma perspectiva que conciliasse a análise geológica com as fontes bíblicas. Ou seja, a observação da formação geológica (estratigráfica) permitiria a datação das eras pré e pós-diluvianas. A perspectiva calcada nos relatos bíblicos servia para atestar a antigüidade do continente, e, assim, confirmar a retórica geopolítica da colonização.
.........................................................................................................................
Em seu clássico estudo sobre os fundamentos edênicos da colonização, Sérgio Buarque Holanda escreveu que as cruzes apostólicas arvoradas nas andanças de São Tomé seriam posteriormente reivindicadas como marcos de antiga ocupação européia no Novo Mundo.32 O acadêmico tenente José Miralles comentou em sua história militar: “(...) pois somente esta memória escrita na casca das árvores, e algumas cruzes de pão arvoradas, reconheciam os portugueses que bastavam para posse Real do que descobriam”33.
Fonte: Íris Kantor  http://cultura.revues.org/886

Curso de História do Brasil Aula Os Bandeirantes As Entradas Enem Vestib...


GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...