domingo, 29 de setembro de 2013

“Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade”. "Reúne 100 Lugares de Memória e foi construído a partir da indicação e contribuição de diversos historiadores, antropólogos e geógrafos do país, após consultas e intensas trocas de informações". (SEPPIR)

"Manifestações como a capoeira, o jongo e o congado aparecem como marcos da presença africana na cultura imaterial brasileira.
O projeto está integrado no programa "Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade", criado em 1994 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), ao qual outros países de passado escravocrata também já apresentaram suas rotas". Fonte: http://migre.me/geFyq
Jongo de Piquete-SP
Nota:
"O jongo foi registrado no Livro das Formas de Expressão, tendo sido proclamando Patrimônio Cultural Brasileiro em 2005 pelo IPHAN. A pesquisa desenvolvida para o registro foi feita pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNCP). O pedido de registro do jongo teve como proponente os próprios grupos e associações de produtores da manifestação cultural, foi encaminhado pelo CNCP, que já vinha apoiando regularmente esses grupos e suas expressões há alguns anos. Para a elaboração do inventário, que tem como objetos de investigação os documentos, entrevistas e performace através de observação participante, os pesquisadores visitaram as comunidades. O inventário restringiu-se às comunidades visitadas: “no Estado do Rio de Janeiro: 1- Em Angra dos Reis, o grupo congrega moradores das comunidades de Bracuí e Mambucaba; 2- Em Barra do Piraí, o grupo é integrado pelos remanescentes de dois antigos núcleos jongueiros; 3- O caxambu de Miracema; 4- O Jongo de Pinheral; 5- O Jongo da Serrinha, situado no morro de mesmo nome, na cidade do Rio de Janeiro; 6- O caxambu de Santo Antônio de Pádua; 7- O tambor do Quilombo São José da Serra, no município de Valença. Cinco grupos no Estado de São Paulo também foram identificados e contatados: 1- O jongo do bairro Tamandaré, em Guaratinguetá, atualmente representado por dois grupos; 2- O jongo de Cunha; 3- O jongo de Piquete; 4- O jongo de São Luís de Paraitinga; 5- O jongo de Lagoinha. No litoral do Espírito Santo foram contatados jongueiros de São Mateus e Conceição da Barra.” (Dossiê IPHAN 5, 2007: 19)
Fonte: ‘JONGO NO SUDESTE’: PATRIMÔNIO IMATERIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS Luana da Silva Oliveira http://migre.me/geFVoFonte: Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil

Turistas no Brasil vão conhecer rota dos escravos africanos em iniciativa da UNESCO

“O turismo é uma acção cultural de muita eficácia, talvez seja a mais desenvolvida na troca de relação direta” explica o antropólogo Milton Guran
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Turistas do mundo inteiro vão poder conhecer a rota de escravos no Brasil. Está em fase final no país um levantamento, apoiado pela UNESCO, dos lugares brasileiros que guardam a memória da época da escravidão de africanos.O Brasil foi o país das Américas que recebeu o maior número de escravos vindos da África. Foi também o último a libertá-los já no final do século XIX. 40% de todos os negros que saíram da África vieram para o Brasil, entre os séculos XVI e XIX. Estima-se que foram de quatro a seis milhões de pessoas.
“O turismo é uma ação cultural de muita eficácia, talvez seja a mais desenvolvida na troca de relação direta. É um deslocamento pelo mundo com um único objetivo de conhecer o outro,” explica o antropólogo e fotógrafo Milton Guran, que integra o grupo da UNESCO. 
De acordo com Milton Guran, ciente dessa potencialidade do turismo, a UNESCO decidiu desenvolver um roteiro voltado para a memória da diáspora africana. “Estão sendo levantados, nos vários países onde ocorreu a diáspora, inventários como o que estamos fazendo aqui no Brasil. Aqui nós estamos finalizando um levantamento dos lugares de memória do tráfico de escravos e dos africanos escravizados no território brasileiro”, explica.
“É preciso deixar claro que essa rota, no caso do Brasil, é só a dos africanos e não dos filhos dos africanos. Não podemos tratar tudo de uma vez. Mas, isso já vai ser o primeiro passo para pensarmos o turismo de memória no país,” afirma Guran.

O especialista lembra a dívida que o Brasil tem com os africanos, justificando a importância da conservação da história deles no país. “Esse país não existiria sem a mão-de-obra africana, não existiria sem a tecnologia africana. Foram os africanos que trouxeram o tipo de agricultura que tínhamos, incluindo os próprios instrumentos agrícolas: enxada, picareta e tudo mais,” lembra.
O trabalho com o ferro também é herança dos africanos. Eles trouxeram a siderurgia rudimentar. Aos africanos subsaarianos devemos a pecuária extensiva, a criação de gado. Em Portugal, não se encontrava três vacas para dar leite.”
No contexto de resgate da memória dos africanos, Guran destaca que a imposição da língua portuguesa, como língua nacional, também é uma dívida que os brasileiros vão ter para sempre com os povos da África.
“Até à vinda da família real para o Brasil, até há 200 anos, a língua mais falada era a dos Jesuítas. Palmares foi destruído por pessoas que não falavam português. Pegando como exemplo um grande estado, São Paulo, por exemplo, não se falava português”, conta. 
“Já os escravos não, como eles eram misturadas e falavam muitas línguas diferentes, eles precisaram de aprender a língua do senhor e a língua do senhor passou a ser a língua franca.”
Fonte:
http://migre.me/geF0J
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Caminho do Ouro - Rota dos escravos africanos no Brasil divulgada pela SEPPIR:
O trabalho de organização do Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil foi coordenado pelo Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense, em parceria com o Comitê Científico Internacional do Projeto da UNESCO "Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade". Reúne 100 Lugares de Memória e foi construído a partir da indicação e contribuição de diversos historiadores, antropólogos e geógrafos do país, após consultas e intensas trocas de informações. Sem essa generosa contribuição, inclusive na redação preliminar dos verbetes e indicação da bibliografia ou fontes de referência, não teria sido possível a reunião desse amplo material. O avanço da pesquisa histórica sobre o tráfico e a escravidão em nosso país permitiu a reunião dessas 100 indicações, mas temos certeza que estamos longe de esgotar o Inventário. Esse trabalho deve ser entendido como um ponto de partida para novas e futuras ações (nos âmbitos federal, estadual e municipal), tanto no campo da pesquisa histórica, como no do ensino, educação patrimonial, divulgação e desenvolvimento do turismo cultural dos Lugares de Memória do Tráfico e História dos Africanos Escravizados no Brasil. Demos prioridade às evidências documentais, escritas ou orais, da presença histórica e cultural dos africanos, com o objetivo de centrar o foco na ação e no legado dos recém-chegados. Por outro lado, sabemos que a lista seria interminável se tivéssemos optado por reunir os Lugares de Memória dos descendentes de africanos no Brasil. O inventário é sobre os locais onde é possível lembrar a chegada dos africanos ou identificar as marcas de sua presença e intervenção.
Escravizados em seu continente, entre os séculos XVI e XIX, muitas vezes em guerras internas entre os inúmeros reinos que existiam nas diversas regiões da África tocadas pelo tráfico, africanos de diferentes línguas e origens tornaram-se "escravos", categoria jurídica de época, no Brasil. Aqui reorganizaram suas identidades, criando novos sentidos para suas referências africanas. Nos verbetes, utilizamos tanto o termo jurídico de época (escravo) quanto o adjetivo "escravizado", que sublinha o caráter compulsório da instituição. Para referir às novas identidades africanas criadas nas
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5. Trabalho e Cotidiano
O cotidiano no período colonial e ao longo do século XIX foi marcado pela presença de africanos, de diferentes procedências, nas mais diversas regiões e atividades. Há registros de seu movimento nos inúmeros locais de trabalho das cidades, das minas de ouro e das fazendas. Sua atuação estendia-se pelas estradas, praças, feiras, mercados públicos e, até mesmo, em uma das poucas indústrias existentes no país, a Fábrica de Ferro Ipanema. Nesses locais de trabalho, criaram possibilidades de transformação da própria escravidão.
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Local: Caminho do Ouro – Paraty – RJ A Estrada Real é hoje um importante trajeto turístico dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Parte dela foi destruída, mas alguns segmentos ainda puderam ser recuperados para fins turísticos. O primeiro trajeto desta estrada foi aberto no final do século XVII e por ali passaram os exploradores que subiram a Serra da Mantiqueira em direção a Minas Gerais, onde o ouro foi descoberto na última década daquele século. O caminho aberto foi então chamado Caminho do Ouro porque por ele descia o minério levado para o Rio de Janeiro, e de lá para Lisboa. Mas esse era ainda o caminho dos escravos que subiam serra acima para trabalhar nas lavras e nos serviços auxiliares da mineração. A maioria desses escravos era formada por africanos desembarcados no porto do Rio de Janeiro e reenviados a Paraty para de lá subir a serra a pé, geralmente carregando mercadorias, até seu destino final. Referência: Mariza de Carvalho Soares. Devotos da cor. Identidade étnica, religiosidade e escravidão no Rio de Janeiro, século XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2000. pp. 76-77. Consultor: Mariza de Carvalho Soares. Fonte SEPPIR: Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil  http://migre.me/geFhD

Caminho do Ouro - Rota Afro da Diáspora

Clique na imagem para ampliá-la 

Parafraseando: Os exploradores que subiram a Serra da Mantiqueira em direção a Minas Gerais, onde o ouro foi descoberto na última década daquele século, passavam pelo Alto da Serra em conformidade com o Mapa, espaço colonial de Piquete-SP.  Por sua vez,  esse caminho  era ainda o caminho dos escravos que subiam serra acima para trabalhar nas lavras e nos serviços auxiliares da mineração. Fonte: http://migre.me/geFns
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 "Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade". Reúne 100 Lugares de Memória e foi construído a partir da indicação e contribuição de diversos historiadores, antropólogos e geógrafos do país, após consultas e intensas trocas de informações.

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5. Trabalho e Cotidiano
O cotidiano no período colonial e ao longo do século XIX foi marcado pela presença de africanos, de diferentes procedências, nas mais diversas regiões e atividades. Há registros de seu movimento nos inúmeros locais de trabalho das cidades, das minas de ouro e das fazendas. Sua atuação estendia-se pelas estradas, praças, feiras, mercados públicos e, até mesmo, em uma das poucas indústrias existentes no país, a Fábrica de Ferro Ipanema. Nesses locais de trabalho, criaram possibilidades de transformação da própria escravidão.
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Local: Caminho do Ouro – Paraty – RJ A Estrada Real é hoje um importante trajeto turístico dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Parte dela foi destruída, mas alguns segmentos ainda puderam ser recuperados para fins turísticos. O primeiro trajeto desta estrada foi aberto no final do século XVII e por ali passaram os exploradores que subiram a Serra da Mantiqueira em direção a Minas Gerais, onde o ouro foi descoberto na última década daquele século. O caminho aberto foi então chamado Caminho do Ouro porque por ele descia o minério levado para o Rio de Janeiro, e de lá para Lisboa. Mas esse era ainda o caminho dos escravos que subiam serra acima para trabalhar nas lavras e nos serviços auxiliares da mineração. A maioria desses escravos era formada por africanos desembarcados no porto do Rio de Janeiro e reenviados a Paraty para de lá subir a serra a pé, geralmente carregando mercadorias, até seu destino final. Referência: Mariza de Carvalho Soares. Devotos da cor. Identidade étnica, religiosidade e escravidão no Rio de Janeiro, século XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2000. pp. 76-77. Consultor: Mariza de Carvalho Soares. Fonte SEPPIR: Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil http://migre.me/geFhD

Transporte de escravos na África-1890 Fonte: http://migre.me/gezP4
 
Tropas e Tropeiros: Os tropeiros na Mata são os mesmos que no período minerador transportavam ouro ao litoral, regressando com mercadorias de toda a espécie. Posteriormente, com a enfase à lavoura, interligam-se por todo o território. Apesar das ferrovias, construídas selva a dentro, muitas regiões, até a década de 40 do século XX, contavam com um único transporte, a tropa.http://migre.me/gezUV
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A Rota do Escravo - A Alma da Resistência


A História do Racismo e do Escravismo (BBC).


Seminário internacional debate turismo em lugares marcados pela escravidão


sábado, 28 de setembro de 2013

‘Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil’ é disponibilizado na página da SEPPIR

Data: 26/09/2013
O trabalho de organização do estudo foi realizado pelo Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense em parceria com o Projeto ‘Rota dos Escravos’, da Unesco
‘Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil’ é disponibilizado na página da SEPPIR
Foto Geledes
O Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil está disponível em PDF na página eletrônica da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). O trabalho reúne 100 Lugares de Memória e foi construído a partir da indicação e contribuição de diversos historiadores, antropólogos e geógrafos do país, após consultas e trocas de informações.
O inventário traz informações sobre os locais onde é possível lembrar a chegada dos africanos ou identificar as marcas de sua presença e intervenção, a partir de evidências documentais, escritas ou orais, da presença histórica e cultural dos africanos, com o objetivo de centrar o foco na ação e no legado dos recém-chegados.Os organizadores acreditam que o avanço da pesquisa histórica sobre o tráfico e a escravidão no Brasil permitiu a reunião das 100 indicações, mas têm certeza que o Inventário está longe de se esgotar. A organização do Inventário foi coordenada pelo Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense, em parceria com o Comitê Científico Internacional do Projeto da UNESCO “Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade”.
“Esse trabalho deve ser entendido como um ponto de partida para novas e futuras ações (nos âmbitos federal, estadual e municipal), tanto no campo da pesquisa histórica, como no do ensino, educação patrimonial, divulgação e desenvolvimento do turismo cultural dos Lugares de Memória do Tráfico e História dos Africanos Escravizados no Brasil”, afirma o representante do Projeto Rota do Escravo, Milton Guran, que se reuniu com a ministra Luiza Bairros (Igualdade Racial) no início deste mês de setembro.Sobre a escravidão no Brasil, o inventário traz a seguinte explicação: ‘Escravizados em seu continente, entre os séculos XVI e XIX, muitas vezes em guerras internas entre os inúmeros reinos que existiam nas diversas regiões da África tocadas pelo tráfico, africanos de diferentes línguas e origens tornaram-se “escravos”, categoria jurídica de época, no Brasil. Aqui reorganizaram suas identidades, criando novos sentidos para suas referências africanas. Nos verbetes, utilizamos tanto o termo jurídico de época (escravo) quanto o adjetivo “escravizado”, que sublinha o caráter compulsório da instituição. Para referir às novas identidades africanas criadas nas Américas, respeitamos a diversidade de expressões utilizadas pelos especialistas consultados, refletindo diferentes cronologias, abordagens historiográficas e usos regionais’.
Coordenação de Comunicação da SEPPIR

 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A Rota das Abolições da Escravidão e dos Direitos Humanos

a "rota do escravo" da unesco
" Primeiro sistema de mundialização da história, o comércio negreiro transatlântico e a escravidão, constituem a matéria invisível das relações entre a Europa, a África, as Américas e as Antilhas. Este episódio dramático da história da humanidade chama, devido à seu caráter humano (várias dezenas de milhões de vítimas), por causa da ideologia que o justificou (a construção intelectual do desprezo do africano e do racismo para justificar a venda de seres humanos como bens conforme com à definição do Código negro francês) e visto o tamanho da desestruturação econômica, social e cultural do continente africano, a atenção para se interrogar sobre o sigilo histórico que o rodeou durante muito tempo " (Doudou DIENE).
Sob a proposta do Haiti e países da África, iniciadores do projeto, a Conferência general da UNESCO aprovou em 1993 o lançamento do projeto " a rota do escravo " que foi feito oficialmente em 1994 em Ouidah no Benin.
A rosta do escravo
A ação central da "rota do escravo" é o programa científico sobre o comércio negreiro (transatlântico, no Mediterrâneo e no Oceano Índico) e a escravidão. Esse programa foi lançado através de setores temáticos de pesquisa em três direções :
- O programa de educação e ensino :
Aquele programa estruturado mediante uma " Task Force " internacional é sustentado por programas nacionais e resultados de pesquisas científicas. O setor da educação da UNESCO através da Unidade de coordenação da rede das Escolas associadas, é responsável pelo programa, em relação com a divisão do diálogo inter-cultural.
- O programa sobre a promoção das culturas vivas e das manifestações artísticas e espirituais :
Trata-se de promover as atividades culturais, artísticas e as manifestações espirituais nascidas nas interações do comércio negreiro nas Américas e no Caribe e as tradições africanas, ou seja, o patrimônio comum e material dos povos africanos, ameríndios e europeus que o comércio negreiro que levou a existência de sociedades plurais.
- O programa sobre a memória da escravidão e a diáspora negra :
O comércio negreiro constitui pela sua ignorância, uma das formas mais radicais de negação histórica. « A rota do escravo » iniciou-se , com a intenção de manter viva a memória do comércio negreiro em dois projetos : o programa de turismo cultural sobre a " rota do escravo " e a criação de museus da escravidão.- O projeto da “rota das aboliçoes da escravidao” participa plenamente dos objectivos liderados pela “rota do escravo” da Unesco, constituindo uma prolongaçao dele:
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no ponto de vista historico, pois o tema das aboliçoes da escravidao desenvolvido pelo projeto “da rota das aboliçoes” completa cronologicamente o proceso do trafico negreiro e da escravidao valorizado pelo projeto da Unesco.
- no ponto de vista geografico, porque, ubicado no coraçao da Europa, permete para aquele continente ficar daqui para frente desempenhar um papel ativo no dever de memoria, apôs de ter sido ausente e atrasado nesse assunto.

Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil

O trabalho de organização do Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil foi coordenado pelo Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense, em parceria com o Comitê Científico Internacional do Projeto da UNESCO "Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade". Reúne 100 Lugares de Memória e foi construído a partir da indicação e contribuição de diversos historiadores, antropólogos e geógrafos do país, após consultas e intensas trocas de informações. Sem essa generosa contribuição, inclusive na redação preliminar dos verbetes e indicação da bibliografia ou fontes de referência, não teria sido possível a reunião desse amplo material.
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4. Igrejas e Irmandades - Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil - (Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense em parceria com o Comitê Científico Internacional do Projeto da UNESCO "Rota do Escravo")

A presença de africanos também pode ser identificada na prática da religião católica. Africanos de diversas procedências converteram-se, fundaram irmandades, participaram de festas e construíram igrejas em devoção aos santos católicos negros, como Santo Elesbão, Santa Efigênia, São Benedito e Santo António do Categeró, mas, especialmente, à Nossa Senhora do Rosário. Por todo território, ao longo do período colonial e de todo o século XIX, o catolicismo tornou-se também africano. Para além do patrimônio arquitetônico, as inúmeras igrejas pertencentes a irmandades de "Homens Pretos", como eram oficialmente chamadas, representam hoje marcos visíveis dos africanos no conjunto da população católica. .................................................................................................................................
Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de Diamantina – Diamantina - MG Localizada no Largo do Rosário, é a Igreja mais antiga da cidade de Diamantina. Foi fundada por volta de 1731 pela Irmandade do Rosário, constituída por cativos crioulos e de diferentes procedências africanas, destacando-se principalmente os minas. Referência: SCARANO, Julieta. Devoção e Escravismo. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos no Distrito Diamantino no século XVIII. São Paulo, Conselho Estadual de Cultura- Companhia Editora Nacional, 1975.
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Local:
Igreja de Nossa Senhora do Rosário de São João del Rei – São João Del Rei – MG Em 1708, foi instituída a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito dos Homens Pretos, cujos devotos se reuniam na antiga capelinha de Nossa Senhora do Pilar. Em 1719, a Irmandade recebeu autorização para erguer templo próprio, o que de fato ocorreu a partir de 1720, na Praça Embaixador Gastão da Cunha. Em 1753, a Igreja sofreu alguns acréscimos e remodelações, adquirindo suas dimensões atuais. Nos livros de entradas de irmãos, do final do século XVIII e início do XIX, encontram-se registros de escravos e libertos de diversos grupos de procedência, além de crioulos: minas, angolas, congos e, principalmente, benguelas. Referência: BRÜGGER, S.M.J. e OLIVEIRA, A.J.M. de. "Os Benguelas de São João del Rei: tráfico atlântico, religiosidade e identidades étnicas (séculos XVIII e XIX)". Revista Tempo, vol.13, n.26, Depto. de História da UFF, Niterói, 2009. Disponível em: http://www.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/v13n26a10.pdf. Acesso em: 08 de novembro, 2012. Consultor: Silvia Brügger
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Local:
Igreja de Santa Efigênia ou de Nossa Senhora do Rosário do Alto da Cruz, Ouro Preto (MG). Atribui-se a construção da igreja a Chico Rei. Segundo a tradição oral, muito presente nas cidades mineiras, Chico Rei, líder de uma nação africana, teria conseguido enriquecer a partir do trabalho na Mina Encardideira em Ouro Preto, primeiro como cativo e depois proprietário. Na Igreja realizam-se até hoje as coroações de reis negros, festejos conhecidos como congados, que relembram a história de Chico Rei e de reinos africanos. Está localizada à rua Santa Efigênia, no bairro de Alto da Cruz). Referência: SOUZA, Marina de Mello e. Reis Negros no Brasil Escravista. História de Coroação de Rei Congo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. Depoimento de Pedrina de Lourdes Santos, liderança do congado de Oliveira, cidade do interior mineiro. Entrevista realizada por Fernanda Pires Rubião. Oliveiras (MG), setembro 2007. In: RUBIÃO, Fernanda Pires. Os Negros do Rosário. Memórias, Identidades e Tradições no Congado de Oliveira (1950-2009). Dissertação de Mestrado. PPGH História. UFF, 2010. Consultor: Fernanda Pires Rubião

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Local:
Igreja de Nossa Senhora dos Pretos de Taubaté – Taubaté – SP A Irmandade do Rosário dos Pretos de Taubaté teria começado num pequeno altar na Igreja Matriz. No início do século XVIII, a Igreja foi construída e existe até hoje na Rua do Rosário, a pouca distância da catedral de São Francisco de Assis. A documentação – livros dos termos de mesa e livro de entrada de irmãos, principalmente do século XIX, encontra-se depositada na Divisão de Museus e Patrimônio Histórico de Taubaté. As atas da eleição que se fez no ano de 1805/1806 indicam a presença de africanos, entre eles Miguel Monjolo e Miguel Congo. No Vale do Paraíba de São Paulo ainda foram construídos outros templos ligados aos escravos e africanos recém-chegados, como a Capela do Rosário de Bananal e a Igreja do Rosário de Guaratinguetá, hoje, entretanto, destruídas. Referência: RIBEIRO, Fábia Barbosa. Caminho da piedade, caminhos de devoção: as irmandades de pretos no Vale do Paraíba paulista – século XIX. Tese de Doutorado. História Social, USP, 2010. Consultor: Cristina Wissenbach/ Fábia Barbosa Ribeiro
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Local:
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo – São Paulo – SP Fundadas em 1715, a Igreja e a Irmandade foram transferidas do Largo do Rosário em 1904, quando o templo foi demolido e o logradouro rebatizado com o nome de Antonio Prado, prefeito de São Paulo entre 1900 e 1910. Hoje a área é ocupada por uma prédio comercial, BM&Bovespa. A desapropriação iniciara-se na década de 1890 pelas residências dos irmãos forros e libertos e pelo cemitério da Irmandade, em terrenos limítrofes à Igreja. A justificativa para as demolições eram os batuques ocorridos após as missas. Transferida para o Largo do Paissandu, desde o início do século XX, a Igreja e sua Irmandade mantêm-se como palcos de celebrações negras. Referência:
História das ruas de São Paulo. Arquivo Histórico de São Paulo. Prefeitura de São Paulo.
Disponível em: http://www.dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/ListaLogradouro.asxAcesso em: 09 de novembro, 2012. SANTOS, Carlos José Ferreira dos. Nem tudo era italiano: São Paulo e a pobreza (1890 – 1915). São Paulo: Annablum e Fapesp, 1998. Consultor: Jaime Rodrigues
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5. Trabalho e Cotidiano - Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil (Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense em parceria com o Comitê Científico Internacional do Projeto da UNESCO "Rota do Escravo)

O cotidiano no período colonial e ao longo do século XIX foi marcado pela presença de africanos, de diferentes procedências, nas mais diversas regiões e atividades. Há registros de seu movimento nos inúmeros locais de trabalho das cidades, das minas de ouro e das fazendas. Sua atuação estendia-se pelas estradas, praças, feiras, mercados públicos e, até mesmo, em uma das poucas indústrias existentes no país, a Fábrica de Ferro Ipanema. Nesses locais de trabalho, criaram possibilidades de transformação da própria escravidão.
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Local:
Caminho do Ouro – Paraty – RJ A Estrada Real é hoje um importante trajeto turístico dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Parte dela foi destruída, mas alguns segmentos ainda puderam ser recuperados para fins turísticos. O primeiro trajeto desta estrada foi aberto no final do século XVII e por ali passaram os exploradores que subiram a Serra da Mantiqueira em direção a Minas Gerais, onde o ouro foi descoberto na última década daquele século. O caminho aberto foi então chamado Caminho do Ouro porque por ele descia o minério levado para o Rio de Janeiro, e de lá para Lisboa. Mas esse era ainda o caminho dos escravos que subiam serra acima para trabalhar nas lavras e nos serviços auxiliares da mineração. A maioria desses escravos era formada por africanos desembarcados no porto do Rio de Janeiro e reenviados a Paraty para de lá subir a serra a pé, geralmente carregando mercadorias, até seu destino final. Referência: Mariza de Carvalho Soares. Devotos da cor. Identidade étnica, religiosidade e escravidão no Rio de Janeiro, século XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2000. pp. 76-77. Consultor: Mariza de Carvalho Soares

Mapa da Estrada Real / Caminho do Ouro, de Paraty a Ouro Preto
 
Mapa do caminho do Ouro Paraty - Caminho Velho - Via Registro (Piquete-SP)

7. Patrimônio Imaterial - Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil (Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense em parceria com o Comitê Científico Internacional do Projeto da UNESCO "Rota do Escravo)

A presença dos africanos no Brasil contemporâneo pode ser identificada na vivência de um patrimônio cultural, expresso em memórias, músicas, versos, cantos, danças e perfomances, associado aos marcos de sua História. A valorização recente do patrimônio imaterial por políticas públicas culturais tem proporcionado maior visibilidade à herança africana no Brasil, assim como maior reconhecimento do passado escravo e negro. O patrimônio imaterial africano é reconstruído por diversas comunidades e torna-se bandeira de luta por direitos e afirmação da identidade negra.
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Local: Congado – MG, RJ, SP A coroação de reis e rainhas negras é uma expressão cultural e devocional dos africanos e seus descendentes, que marcou a vida colonial e do Brasil nos séculos XIX e XX. Atualmente, as coroações dos reis congos, conhecidas como Congados, são mais evidentes nas cidades mineiras. A festa da cidade de Ouro Preto, que celebra a história de Chico Rei, acontece no mês de outubro, e é organizada pelas irmandades de Santa Efigênia e de Nossa Senhora do Rosário do Alto da Cruz, herdeiras do patrimônio construído pelos africanos. Diversos elementos dos congados expressam uma identidade católica que se relaciona ainda hoje com tradições centro-africanas. Referência: SOUZA, Marina de Mello e. Reis Negros no Brasil Escravista. História de Coroação de Rei Congo. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2002. Consultor: Fernanda Pires Rubião
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Local: Jongo – RJ, SP, MG, ES Em 2005, o Conselho Consultivo do Instituto Histórico do Patrimônio Artístico e Nacional (IPHAN), aprovou o registro do jongo como patrimônio cultural do Brasil por considerá-lo representante do legado dos povos africanos de língua bantu escravizados no sudeste. Reunido dança em roda, desafios, tambores e fogueira, o jongo é praticado por diversas comunidades de descendentes de africanos. Na comunidade remanescente de quilombo de São José da Serra (Valença – RJ), realiza-se, nos meses de maio e novembro, um dos mais importantes encontros de jongueiros do sudeste. Referência: LARA, Silvia Hunold &PACHECO, Gustavo (orgs). Memória do jongo: as gravações históricas de Stanley J. Stein. Vassouras, 1949. Rio de Janeiro: Folha Seca; Campinas, SP: CECULT, 2007.
Pontão de Cultura Jongo/Caxambu. História, Memória e Patrimônio. Disponível em: http://www.pontaojongo.uff.br/historia-memoria-e-patrimonio. Acesso em: 05 de novembro, 2012. Consultor: Martha Abreu

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(Foto de Lety)
Profº Gil e Zezé Machado (in memórian) no 12º Encontro Nacional de Jongueiro em Piquete-SP 
(Foto de Lety)
Profº Gil e Zezé Machado (in memórian) no 12º Encontro Nacional de Jongueiro em Piquete-SP
Prof. GiProf. Gil e Zezé Machado no 12º Encontro Nacional de Jongueiros, em Piquete-SP.
Dona Zezé é a mais antiga jongueira da cidade.
Foto de Lety
l e Zezé Machado no 12º Encontro Nacional de Jongueiros, em Piquete-SP.
Dona Zezé é a mais antiga jongueira da cidade.
Foto de Lety

6. Revoltas e Quilombos - Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil (Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense em parceria com o Comitê Científico Internacional do Projeto da UNESCO "Rota do Escravo)

Se Palmares foi o maior símbolo da resistência contra a escravidão na sociedade colonial, variadas foram as formas de luta direta contra o sistema escravista. Fugas, organização de quilombos e revoltas aconteceram em qualquer local onde houvesse escravidão. Mesmo que não tenham tido êxito completo, esses movimentos transformaram a dominação e deixaram notícias das ações e caminhos dos africanos rumo à liberdade, ao longo do período colonial e do século XIX.
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Local:
Carrancas – Cruzília – MG A revolta de Carrancas eclodiu nas propriedades da família Junqueira, na freguesia de Carrancas, em 13 de maio de 1833, sob a liderança do escravo Ventura Mina. O movimento começou na Fazenda Campo Alegre (não existe atualmente) e alastrou-se para a fazenda Bela Cruz, onde escravos das procedências crioula, mina, cassange, angola, benguela, congo e moçambique, invadiram a casa grande e mataram diversos membros da família Junqueira. As principais lideranças da revolta foram os escravos Joaquim Mina, Jerônimo, Roque Crioulo e Damião. Dezessete escravos foram presos e condenados à pena de morte por enforcamentos e outros quatro por açoites e ferros. Referência: ANDRADE, Marcos Ferreira de. Elites Regionais e a formação do Estado Imperial Brasileiro. Minas Gerais- Campanha da Princesa (1799-1850). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2008. Consultor: Silvia Brugger

5. Trabalho e Cotidiano - Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil (Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense em parceria com o Comitê Científico Internacional do Projeto da UNESCO "Rota do Escravo)

O cotidiano no período colonial e ao longo do século XIX foi marcado pela presença de africanos, de diferentes procedências, nas mais diversas regiões e atividades. Há registros de seu movimento nos inúmeros locais de trabalho das cidades, das minas de ouro e das fazendas. Sua atuação estendia-se pelas estradas, praças, feiras, mercados públicos e, até mesmo, em uma das poucas indústrias existentes no país, a Fábrica de Ferro Ipanema. Nesses locais de trabalho, criaram possibilidades de transformação da própria escravidão.
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Local:
Sítio Arqueológico do Morro de Santana – Mariana – MG Trata-se de um expressivo lugar de memória da escravidão em Minas Gerais composto por um sítio arqueológico e uma comunidade de afrodescendentes. O primeiro inclui uma vasta rede de galerias subterrâneas, tanques de lavagem, ruínas de casas e capela, e objetos como cadinho, balança e antigos cachimbos. Essas relíquias são cuidadosamente mantidas pelos moradores tradicionais do morro, auto-declarados descendentes diretos dos africanos escravizados e antigos garimpeiros da região. Atualmente, tramita no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) um pedido de tombamento do sítio arqueológico. Tal pedido é acompanhado de um minucioso dossiê sobre o conjunto paisagístico dos morros de Santana e Santo Antônio. Referência: GONÇALVES, Andrea Lisly. OLIVEIRA, Ronald Polito. O termo de Mariana: história e documentação. vol. II, Ouro Preto, Imprensa da UFOP, 2004, p. 294-311. Consultor: Cláudia Damasceno Fonseca


2. Desembarque ilegal - Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil ((LABHOI) da Universidade Federal Fluminense em parceria com o Comitê Científico Internacional do Projeto da UNESCO "Rota do Escravo)

Apesar da existência da lei de 1831, há muitas notícias sobre desembarques ilegais de africanos ao longo da costa brasileira, nas décadas de 1830 e 1840, em regiões distantes dos centros urbanos e mais protegidas da observação pública. Mesmo após a lei de 1850, há registros do contrabando de africanos em diversos locais do litoral brasileiro. Os desembarques ilegais, em geral em praias pouco frequentadas, contavam com apoio dos fazendeiros de áreas próximas ao litoral e da população local, além da tolerância das autoridades.
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Local:
Bracuí – Angra dos Reis – RJ A fazenda de Santa Rita do Bracuí, no litoral sul da Província do Rio de Janeiro, pertencia, no século XIX, ao comendador José Joaquim de Souza Breves. Na localidade, era produzida cachaça para o comércio com a África e eram recebidos os africanos recém-chegados da travessia atlântica. Em dezembro de 1852, às margens dessas terras, dois anos depois das novas medidas de repressão ao tráfico de africanos, o Brigue norte-americano Camargo fez desembarcar ilegalmente 540 africanos procedentes de Quelimane, Moçambique. Os africanos desembarcados na fazenda destinavam-se às plantações de café do alto da Serra, no Vale do Paraíba paulista e fluminense. Um caminho de terra pela Serra ligava o litoral a Bananal, município com inúmeras fazendas de café. Referência: ABREU, Martha. "O caso do Bracuhy" In: MATTOS, Hebe e SCHNOOR, Eduardo. (Orgs.) Resgate: Uma Janela para o Oitocentos. Rio de Janeiro: Top Books, 1995. pp.167-195. PESSOA, Thiago Campos. O Império dos Souza Breves: Política e escravidão nas trajetórias dos Comendadores Joaquim e José de Souza Breves. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Fluminense (UFF). Departamento de História. Niterói, 2010. Consultor: Thiago Campos


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Testes genéticos indicam ligação entre índios botocudos e polinésios (Transcrição)

Análises de DNA permitem estabelecer conexão entre antiga tribo brasileira e ilhas da Polinésia, contrariando teorias que apontavam apenas uma onda migratória na origem dos povos da América do Sul.
Num estudo que pode embasar novas teorias para determinar os fluxos migratórios nas Américas, cientistas brasileiros descobriram uma conexão genética entre índios botocudos que viveram no país no século 19 e a população polinésia. O artigo científico, assinado por uma equipe multidisciplinar de diferentes universidades públicas brasileiras, foi publicado por um jornal técnico internacional na área de ciências naturais (o PNAS) e acabou repercutindo na conceituada revista de ciência Nature e na imprensa mundial.
O trabalho acadêmico não contesta o caminho percorrido pelos primeiros homens rumo às Américas, que teria sido através do estreito de Bering, há 15 ou 20 mil anos. A pesquisa, segundo o médico Hilton Pereira da Silva, um dos autores, “amplia potencialmente a variedade de pessoas que chegaram até o continente americano”. O artigo destaca que, segundo registros, as ilhas da Polinésia passaram a ser habitadas há três mil anos.
Os pesquisadores escrevem que as análises para identificar a origem dos povos pré-colombianos eram feitas, tradicionalmente, a partir da morfologia craniana de ossadas. Algumas análises moleculares sugeriam que apenas uma onda migratória teria chegado à América do Sul, mas a presença de traços polinésios coloca essa teoria em xeque. (Fonte:http://migre.me/gcBWq)
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Nota: "A guerra movida no sertão do Rio Doce pelo Império Português contra os índios botocudos, acusados de serem “os mais façanhosos e carnívoros” que “infestam quase toda a baixada daquele rio”, foi marcada por ações militares visando ao seu extermínio, seguida de uma política escravagista como meio de fomentar a ocupação da região".(Fante: http://migre.me/gcC8C)
 
                                                             Índios Botocudos
 

Caminhos do ouro e da pré-história (Transcrião)

Pesquisadores mapeiam sítios arqueológicos na Estrada Real e atestam: o turismo pode ajudar a preservá-los

  • Muito antes de a Coroa portuguesa cravar seus postos de fiscalização de metais preciosos na Estrada Real, grupos de paleoíndios deixavam suas marcas nos paredões de pedra da região das Minas Gerais. Formas geométricas, desenhos de animais selvagens e homens gigantes foram pintados por povos nômades até 8.000 anos atrás. Hoje, apesar do incentivo ao turismo nos antigos caminhos do ouro, numerosos sítios arqueológicos das cercanias são excluídos da rota cultural e permanecem desconhecidos, malcuidados e até depredados. Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) vem mapeando estes locais de arte rupestre e já identificou catorze cidades cortadas pela estrada que guardam alguma marca dos povos antepassados.
    “Estamos observando as condições e a gestão desses espaços, além do modo como estão sendo inseridos no roteiro turístico”, conta Cristiano Lima Sales, mestrando em História na UFSJ e participante da pesquisa coordenada pela professora Maria Leônia Chaves de Resende. Ele acrescenta que um dos desejos do grupo é que os locais com condições físicas de receber visitação sejam um dia incluídos na rota turística da Estrada Real. Afinal, muitos dos sítios encontrados pelo núcleo são inéditos, ainda nem registrados no Iphan, estando mais sujeitos à ação destrutiva do homem, como a mineração e mesmo o vandalismo.
    Este é o caso do município de São Thomé das Letras, onde a equipe localizou doze sítios de arte rupestre, estando dez reconhecidos pelo Iphan e apenas um protegido pela prefeitura e incluído no trajeto turístico da cidade – a Gruta de São Thomé, que fica na área urbana. Devido ao descuido, inscrições de estilos nunca antes estudados correm o risco de desaparecer.
    Em Andrelândia, no sul de Minas, por onde também passa a Estrada Real, a situação é bem diferente. Em 1986, um grupo de jovens amantes da Arqueologia levantou dinheiro e comprou doze hectares de terra, cortados por um paredão com 650 pinturas rupestres desenhadas até 4,5 metros de altura. Após adquirir o terreno, fundaram o Núcleo de Pesquisas Arqueológicas do Alto Rio Grande (NPA), uma associação sem fins lucrativos encarregada de fazer a manutenção do local, posteriormente transformado em parque ambiental e aberto à visitação. “Quanto maior a visitação, maior é a conscientização da população a respeito do patrimônio. Isso gera mais preservação, porque as pessoas percebem o quanto aquilo é importante para a nossa História”, diz José Marcos Alves Salgado, arquiteto e conselheiro fundador do NPA.
    O Iphan divulga este mês um levantamento sobre os sítios arqueológicos do estado de Minas. Nele, há registros da existência de mais de mil áreas marcadas por povos pré-históricos, sendo 53 delas registradas nas cercanias da Estrada Real. (Fonte:http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/caminhos-do-ouro-e-da-pre-historia)
    Nota: Mapa do Caminho do Ouro - Alto da Serra, espaço colonial de Piquete-SP  que se constitui na Garganta do  Sapucai, Desfiladeiro de Itajubá, é a porta de entrada para região do Alto Sapucaí, via Marmelópolis-MG, Caminho dos Paulista, Caminho Geral do Sertão, Estrada Real do Sertão etc.

domingo, 22 de setembro de 2013

Memória, Identidade e Pertencimento (Transcrição)

O lugar da memória
A ameaça do esquecimento ronda as lembranças na con­temporaneidade, levando à obsessão pelo registro de memórias, uma vez que a modernidade tem o anseio por uma identidade coletiva e vai buscar a sua construção em vestígios do passado. Pierre Nora (1993, p. 7) diz que “[...] fala-se tanto em memória porque ela não existe mais.”. O que resta são os “locais de memó­ria porque não há mais meios de memória”. A memória precisa ser transformada em algo tangível, palpável, traduzida em uma materialidade capaz de se opor a sua essência dicotômica que transita entre a lembrança e o esquecimento. (Fonte: http://migre.me/gaK1k)
 
Dona Zezé e Zé Custódio in memórian.  
 
 

MAPAS DE SANTOS - Carta Corográfica da Capitania, 1766

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Imagem (detalhe): Leituras Cartográficas Históricas e Contemporâneas, ed. conjunta BrasilConnects Cultura & Ecologia, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e Exército Brasileiro, São Paulo/SP, março/2003 (acervo do historiador Waldir Rueda)

Imagem (detalhe): Leituras Cartográficas Históricas e Contemporâneas, ed. conjunta BrasilConnects Cultura & Ecologia, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e Exército Brasileiro, São Paulo/SP, março/2003 (acervo do historiador Waldir Rueda) CLIQUE NO MAPA
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Imagens: reproduções da cópia conservada no Arquivo do Estado de São Paulo, São Paulo/SP. Referência de localização do documento: setor iconográfico/mapa 08.02.04.

Imagens: reproduções da cópia conservada no Arquivo do Estado de São Paulo, São Paulo/SP. Referência de localização do documento: setor iconográfico/mapa 08.02.04.
Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/santos/mapa106.htm
MAPAS DE SANTOS
Carta Corográfica da Capitania, 1766
Copiada de um documento de 1766, pelo Major Umbelino Alberto de Campo Limpo em 1869, esta Carta Corográfica da Capitania de São Paulo, é em tinta colorida, nanquim e aquarela, sobre papel canson com 60,5 x 48 cm, com a nota explicativa:
"Carta Corográfica da Capitania de São Paulo, em que se mostra a verdadeira situação dos lugares por onde se fizeram as sete principais divisões do seu Governo com o de Minas Gerais:
A 1ª pelo Rio Grande
A 2ª pelo Morro do Cachumbu
A 3ª pelo alto da Serra da Mantiqueira
A 4ª outra vez pelo Cachumbu
A 5ª pelo Rio Verde
A 6ª pelo Sapocahy
A 7ª pelo Morro do Lopo, e estrada de Goyazes, o que mostra a linha de cor amarela
* rio navegável que não dá vau".


Nota: Pelo Alto da Serra, Estrada Real do Sertão, Caminho dos Paulista, Caminho Geral do Sertão, Caminho Velho, espaço colonial de Piquete-SP, entrava-se pela localidade que fora denominada Soledade de Itajubá, hoje Marmelópolis o caminho percorrido era em direção ao Morro Caxambu, sendo um dos principais destinos objetivando o abastecimento pelos Paulista de inúmeros gêneros e escravos, São João Del Rei e região do Rio das Mortes, Minas Gerais, Rio das Velhas.

Na rota dos tropeiros: atividade pode se tornar patrimônio imaterial do Brasil (Transcrição)

Os homens e seus facões chegaram na frente, abrindo picadas na mata e seguindo os rios em busca do ouro – isso foi lá pelos fins do século 17. Depois vieram os muares (mulas e os burros), comandados pelos tropeiros pioneiros, para trabalhar na região das minas, carregar mercadorias e garantir o abastecimento da população que não parava de crescer. Há 280 anos, o português Cristóvão Pereira Abreu saía do Sul da colônia com 3,5 mil animais e 132 homens para dar início a uma atividade que se confunde com a história de Minas. A viagem até Ouro Preto, ex-Vila Rica, onde Cristóvão tinha uma filha casada, durou um ano. Já em 1735, ganhava força o transporte de carga entre o Rio de Janeiro e a capitania de Minas.“O tropeirismo unificou o país e trabalhou para o seu desenvolvimento. Muitas cidades mineiras nasceram em volta dos ranchos ou acampamentos, onde os homens paravam para descansar”, conta Eleni Cássia Vieira, diretora do Museu do Tropeiro, cartão-postal do distrito de Ipoema, em Itabira, na Região Central. A instituição, vinculada à prefeitura local, completa nove anos no dia 29 e terá programação festiva no dia 31, com shows, chegada de 1,5 mil cavaleiros de várias cidades e barraquinhas.
Quem anda pelos grotões das Gerais ainda encontra um ou outro tropeiro subindo montanhas, com poucos animais, numa situação bem diferente dos séculos 18 e 19, quando eles dominavam a paisagem de Norte a Sul para abastecer áreas centrais com querosene, tecidos, peixe salgado, sal, roupas, vasilhames e outros produtos. “O Brasil pode ser dividido entre antes e depois dos tropeiros, que eram homens empreendedores e funcionavam até como correio. Na verdade, eram o “Sedex” da época”, compara Carlos Roberto Solera, presidente do Núcleo de Amigos Terra e Água (Nata), organização não governamental de Curitiba (PR) empenhada na defesa da atividade.
“Queremos ver o tropeirismo reconhecido como bem imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e cultural da humanidade pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco)”, diz Solera, que vem trabalhando, dentro do projeto Tropeiro Brasil, em parceria com o museu de Ipoema e a Universidade de Girona, na Espanha, onde há um curso de turismo cultural.
Mas, afinal de contas, quem eram esses homens desbravadores, aventureiros, dispostos a cruzar rotas extensas e enfrentar perigos? Eleni explica que os tropeiros não eram apenas comerciantes, mas gente de fibra. “Movimentavam a economia por onde passavam, já que, para dar manutenção às tropas, surgiam nas estradas ferreiros, seleiros, domadores, donos de lojas de secos e molhados etc. Hoje, seriam como donos de frotas de caminhões, que precisam de oficinas mecânicas e postos de gasolina nas rodovias para não perder a viagem”, diz Eleni, neta de Carlos Dias Filho, que se orgulhava do “profissão: tropeiro” no título de eleitor, impresso no início do século passado.
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Fonte: Blog de Tania Pacheco Combate Racismo Ambiental  http://migre.me/gamlI 
  
Muitos ranchos de tropas montados à beira dos caminhos do interior se transformaram em vilas e cidades.
  
 Parafraseando: Já em 1735, ganhava força o transporte de carga entre o Rio de Janeiro e a capitania de Minas.  Piquete, sinônimo de potreiro, mangueiro, curral de pedra, cerca de pedra. No caminho das Tropas, no caminho da História.
Revelando São Paulo 2012 - Edson (Taioba) Piqute-SP
Carlos, tropeiro em plena atividade,  percorre permanentemente o trecho de Serra entre Piquete e  Marmelópolis-MG,  Caminho Geral do Sertão, para os encontro no Rancho do Edson (Tropeiros da Mantiqueira).
 Festa do Tropeiro 2013 em Piquete-SP - Tropeiros de Piquete-SP  e Guaratinguetá-SP

sábado, 21 de setembro de 2013

Titulo: Os tropeiros, comerciantes do Brasil sem estradas (Transcrição)

(PIQUETE-SP NO CAMINHO DO OURO, NO CAMINHO DA HISTÓRIA)
Corpo do Texto:
Figura extremamente popular na época do descobrimento do ouro, o tropeiro, cujo nome deriva de “tropa”, exercia, além da função econômica, um papel social de portador de notícias. Representando um verdadeiro elo entre os grandes e os pequenos núcleos urbanos, era ele quem comprava, nos centros abastecedores, gêneros de toda espécie e os levava para o interior, ganhando sobre as vendas porcentagens exorbitantes. Em pouco tempo, adquiria fortuna, prestígio social e ingressava na carreira política.
Como a atividade mineradora exigia grande mão-de-obra, a Coroa portuguesa proibiu o desenvolvimento da pecuária e da agricultura na região das Minas Gerais, para que os escravos fossem aproveitados exclusivamente no processo de extração do ouro e pedras preciosas. Alimentos, escravos e outros produtos passaram a chegar por intermédio dos tropeiros. Surge o primeiro grande mercado consumidor do Brasil.Devido ao desenvolvimento da atividade pecuária na região Sul da colônia, os tropeiros, montados em suas mulas e vestidos como típicos gaúchos, transportavam gado da região do Rio Grande do Sul até os mercados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Rio de Janeiro.
As rotas, que ligavam as diferentes regiões da colônia, ora faziam uso das trilhas indígenas, ora eram abertas na mata virgem. Nesses trajetos, os tropeiros procuravam seguir cursos d’água, orientação natural. Em direção às minas, o transporte era feito no lombo de animais, devido aos acidentes geográficos da região, que dificultavam a logística. Já nas regiões de Goiás e Mato Grosso, a maioria dos produtos eram transportados através dos rios, nas chamadas monções.
No início, o comércio era realizado a partir do Caminho Velho, rota que ligava Ouro Preto a Paraty/Rio de Janeiro e que durava cerca de 43 dias. Havia ainda o Caminho Paulista, passando pelo Vale do Camanducaia, Mogi-Mirim e Garganta do Embu, com duração de dois meses. A abertura do Caminho Novo, que ligava o Rio de Janeiro às regiões mineradoras, fez com que a capital da Colônia fosse transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763. Nesse caminho, o tempo médio de viagem foi reduzido para 10 a 17 dias, dependendo da rota utilizada e do clima. Assim, o Porto do Rio de Janeiro tornou-se o preferido para as transações comerciais de importação e exportação, substituindo o Porto de Santos.
Com o passar do tempo, algumas regiões utilizadas para pouso dos tropeiros foram se desenvolvendo e se transformando em povoados e vilas, como é o caso da cidade de Sorocaba, importante mercado de animais de carga. Várias cidades do interior paulista e da região Sul do Brasil devem sua fundação à passagem desses viajantes em seus territórios. No início, com o desenvolvimento do Porto de Santos, cidades como Itapetininga, Cabreúva, Apiaí, Itararé, Avaré e tantas outras foram fundadas
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Fonte: Marco Geográfico http://migre.me/gam9g 
 
Jean-Baptiste Debret desenhou também os tropeiros conduzindo longas filas de muares, ou tocando boiadas / Aquarela sobre papel 'Carvão' - Rio de Janeiro, 1822 (Fonte: http://migre.me/gamdO)

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...