terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O Tropeirismo no Brasil A Atividade dos Tropeiros no Brasil Por Claudio Recco* (Transcrição)

Introdução
A palavra "tropeiro" deriva de tropa, numa referência ao conjunto de homens que transportavam gado e mercadoria no Brasil colônia. O termo tem sido usado para designar principalmente o transporte de gado da região do Rio Grande do Sul até os mercados de Minas Gerais, posteriormente São Paulo e Rio de Janeiro, porém há quem use o termo em momentos anteriores da vida colonial, como no "ciclo do açúcar" entre os séculos XVI e XVII, quando várias regiões do interior nordestino se dedicaram a criação de animais para comercialização com os senhores de engenho.
A Mineração

Na maioria das obras didáticas, tropeirismo é associado com a procriação e venda de gado, porém essa atividade se iniciou com o desenvolvimento da mineração, entre os séculos XVII e XVIII.
A descoberta do ouro e posteriormente de diamantes, foram responsáveis por um grande afluxo populacional para a região das minas gerais, tanto de paulistas, como de portugueses e ainda de escravos. Essa grande corrida em busca do eldorado foi acompanhada por um grave problema, a falta de alimentos e de produtos básicos, responsável por sucessivas crises na primeira década do século 18, onde a falta de gêneros agrícolas resultou em grande mortalidade.
Estas crises de fome afligiram a zona mineradora por longos períodos, quando se chegou inclusive a interromper os trabalhos extrativistas para a produção de alimentos. Tais crises de fome, foram muito fortes nos anos de 1697-1698, 1700-1701 e em 1713.
De fato, aqueles que migraram para a região mineradora sonhavam com a riqueza mineral e poucos se dispunham a trabalhar a terra, sendo que tal situação fez com que florescesse um comércio interligando o porto do Rio de Janeiro ao interior. Tanto os produtos manufaturados que chegavam de Portugal, quanto os gêneros agrícolas, eram transportados no lombo de animais para a população das minas gerais, pois mais de 90% do consumo de necessidades dos mineiros a Capitania opulenta não produzia. Não achavam razoável deslocar um escravo para a agricultura, quando esse mesmo escravo, empunhando a bateia, dava lucro cem vezes maior ao seu senhor. Dai a importância das tropas na movimentação da produção desde os primeiros dias da conquista.
O crescimento das cidades e a formação de uma elite na região mineradora aumentaram a necessidade de animais, tanto para as atividades locais, como para o transporte de carga, cada vez maior, em direção ao Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo a riqueza gerada pela mineração foi responsável por estimular uma série se atividades paralelas, urbanas, reforçando ainda mais a atividade dos tropeiros, que transportavam os mais variados produtos e ainda cumpriam o papel de mensageiros.

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Os Tropeiros

Nos Séculos XVII e XVIII, os tropeiros eram partes da vida da zona rural e cidades pequenas dentro do sul do Brasil. Vestidos como gaúchos com chapéus, ponchos, e botas, os tropeiros dirigiram rebanhos de gado e levaram bens por esta região para São Paulo, comercializados na feira de Sorocaba. De São Paulo, os animais e mercadorias foram para os estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Em direção às minas, o transporte feito no lombo de animais foi fundamental devido aos acidentes geográficos da região, que dificultavam o transporte. Já para as regiões de Goiás e Mato Grosso, a maioria dos produtos eram transportados através dos rios, nas chamadas monções.
É difícil definir os homens que se dedicavam a esta atividade. Muitos homens de origem paulista, vicentina, ou seus descendentes, se tornaram tropeiros, assim como muitos homens de origem portuguesa.
O fato de a Capitania de São Vicente ter prosperado de forma limitada, obrigou muitos de seus habitantes a subirem a serra e a se fixarem no planalto. Assim surgiu a vila de São Paulo, formada por uma camada pobre, que abandonara o litoral. A economia precária baseada numa agricultura de subsistência determinou a necessidade de atividades complementares, originando o bandeirismo, porém nem todo homem paulista tornou-se bandeirante. Muitos que inicialmente se dedicaram ao apresamento indígena, se fixaram em terras no sul e, com o passar do tempo, foram se integrando ao pequeno comércio, praticado no lombo de mulas.
Contando com uma população composta por homens de origem vicentina e portuguesa, a vila de Laguna era o ponto extremo do litoral brasileiro e dela partiram muitas famílias para outras áreas do interior do sul, também preocupadas com o apresamento indígena num primeiro momento, e que tomaram contato com a criação de gado, praticada nas missões jesuíticas.
A própria história do Rio Grande do Sul deu origem a elementos que se dedicariam ao tropeirismo. A necessidade de povoar a região, segundo interesses dos portugueses, fez com que o governo real facilitasse o acesso à terra e garantisse um elevado grau de liberdade e autonomia para a região, fato que, teve como uma de suas conseqüências o predomínio da grande propriedade no século 17, que beneficiava poucas famílias e marginalizava grande parte do sociedade que ali se formava.
O tropeiro iniciava-se na profissão por volta dos 10 anos, acompanhando o pai, que era o negociante (compra e venda de animais) o condutor da tropa. Usava chapelão de feltro cinza ou marrom, de abas viradas, camisa de cor similar ao chapéu de pano forte, manta ou beata com uma abertura no centro, jogada sobre o ombro, botas de couro flexível que chegavam até o meio da coxa para proteger-se nos terrenos alagados e matas.
No Rio Grande, a cidade de Viamão tornou-se um dos principais centros de comércio e formação de tropas que tinham como destino os mercados de São Paulo. Porém de outas regiões do sul partiam as tropas, quase sempre com o mesmo destino. Nesses trajetos, os tropeiros procuravam seguir o curso dos rios ou atravessar as áreas mais abertas, os "campos gerais" e mesmo conhecendo os caminhos mais seguros, o trajeto envolvia várias semanas. Ao final de cada dia era acesso o fogo, para depois construir uma tenda com os couros que serviam para cobrir a carga dos animais, reservando alguns para colocar no chão, onde dormiam envoltos em seu manto. Chamava-se "encosto" o pouso em pasto aberto e "rancho" quando já havia um abrigo construído. Ao longo do tempo os principais pousos se transformaram em povoações e vilas. É interessante notar que dezenas de cidades do interior na região sul do Brasil e mesmo em São Paulo, atribuem sua origem a atividade dos tropeiros.

A alimentação dos tropeiros era constituída por toucinho, feijão preto, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos pousos comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho (feijão tropeiro) que era servido com farofa e couve picada. Bebidas alcoólicas só eram permitidas em ocasiões especiais: quando nos dias muitos frios tomavam um pouco de cachaça para evitar constipação e como remédio para picada de insetos.
O tropeiro montava um cavalo que possuía sacola para guardar a capa, a sela apetrechada, suspendia-se em pesados estribos e enfeitava a crina com fitas. Chamavam "madrinha" o cavalo ou mula já envelhecida e bastante conhecida dos outros animais para poder atraídos era a cabeça da tropa e abria o percurso, com a fila de cargueiros à sua retaguarda; "malotagem" eram os apetrechos e arreios necessários de cada animal e acondicionamento da carga e "broaca" os bolsões de couro que eram colocados sobre a cangalha e serviam para guardar a mercadoria.
Em torno dessa atividade primitiva nasceram e viveram com largueza várias profissões e indústrias organizadas, como a de "rancheiro", proprietários de "rancho" ou alojamento em que pousavam as tropas. Geralmente não era retribuída a hospedagem, cobrando o seu proprietário apenas o milho e o pasto consumidos pelos animais, porque as tropas conduziam cozinhas próprias. A profissão de ferrador também foi criada pelas necessidades desse fenômeno econômico-social, consistindo ela em pregar as ferraduras nos animais das tropas e acumulando geralmente a profissão de aveitar ou veterinário. A incumbência de domar os animais ainda chucros era também uma decorrência do regime de transportes e chamavam-se "paulistas", porque conduziam ao destino os animais adquiridos em Sorocaba.
No norte de Minas "paulista", "peão" e "amontador" eram sinônimos, mas tinham significação específica. Assim é que "paulista" era o indivíduo que amansava as bestas à maneira dos peões de São Paulo. Peão era todo amansador de eqüinos e muares à moda do sertão, e amontador era apenas o que montava animais bravios para efeito de quebrar-lhes o ardor. Depois é que vinha o "acertador", homem hábil e paciente, que ensinava as andaduras ao animal e educava-lhe a boca ao contato do freio. É a mais nobre de todas.

Conclusão

Percebemos a importância da atividade dos tropeiros de diferentes maneiras: o abastecimento da região mineradora e outras, sem os quais a exploração das jazidas seria impossível; a ocupação da região interior do Brasil, contribuindo para consolidar o domínio português, ao mesmo tempo em que fundaram diversas vilas e cidades. O comércio de animais foi fator determinante para integrar efetivamente o sul ao restante do Brasil, apesar das diferenças culturais entre as regiões da colônia, os interesses mercantis foram responsáveis por essa fusão e indiretamente, pela prosperidade tanto da grande propriedade estancieira gaúcha, como de pequenas propriedades familiares, em regiões onde predominaram populações de origem européia e que abasteciam de alimentos as fazendas pecuaristas.

* O Professor Claudio Barbosa Recco é coordenador do HISTORIANET.

­­­­­­­­­­­­­­­IMAGENS
http://www.asminasgerais.com.br/
Fonte: http://migre.me/7KwJE 
Nota: Piquete, sinônimo de potreiro, curral de pedra, cerca de pedra, mangueiro, espaços destinados a conteção de animais, deve sua origem toponímica à atividade tropeira, estando portanto,  no caminho do ouro, no caminho dos tropeiros, no caminho da História.

1693 - Descoberta de ouro em Minas Gerais (Transcrição)

Portal Brasil
Entre 1693 e 1695, os colonos do movimento das bandeiras (os bandeirantes), em suas expedições pelo interior do território brasileiro atrás de riquezas e escravos indígenas, fazem as primeiras descobertas de ouro em Minas Gerais. Iniciam-se a exploração mineral e o povoamento da região, que no século XVIII foi a maior fonte de riquezas da coroa portuguesa.
Extração de diamante : 1693
Obra de Carlos Julião, "Extração de diamantes", mostra a visão do artista sobre como se dava a ação em Minas Gerais
Foto: Reprodução Autorizada pela Biblioteca Nacional (Brasil)
Crédito: Carlos Julião/Biblioteca Nacional (Brasil
Fonte: http://migre.me/7KunJ 

PIQUETE DA SERRA DE JAGUAMIMBABA, CAMINHO GERAL DO SERTÃO, CAMINHO DO OURO, CAMINHO DA HISTÓRIA.

(Transcrição) Em 1560, o governador geral Mem de Sá, tendo expulsado os Franceses da Baía de Guanabara, deteve-se na Capitania de São Vicente e "providenciou para que o provedor Brás Cubas e o mineiro Luís Martins fossem ao sertão a dentro a buscar minas de outro e prata". Os sertanistas percorrem trezentas léguas de sertão em busca de outro e prata. Partindo de São Paulo e passando por Mogy das Cruzes, desceram o rio Paraíba, guiados pelos índios até a paragem de Cachoeira, onde encontraram o caminho que atravessava do litoral para a serra acima e tomando por esse caminho subiram a serra de Jaguamimbaba (Mantiqueira), forma à barra do rio das Velhas e correram a margem do rio São Francisco até o Pará-Mirim, donde voltaram pelo mesmo caminho. Navegando a favor da correnteza nas águas do rio Paraíba do Sul, os paulistas e outros sertanistas e aventureiros atingiam as terras de Guapacaré (atual Lorena) e transpondo o rio "antes dele encachoeirar-se", atravessavam a garganta do Embaú, por onde se transpunha a serra da Mantiqueira e penetravam os sertões mineiros.  As expedições de João Pereira de Souza Botafogo (1596), de Martim Corrêa de Sá e Anthony Knivet (1597), de André de Leão e Wilhelm Glimmer (1601), Jerônimo da Veiga ( 1643), Sebastião Machado Fernandes Camacho (1645), de Fernão Dias Paes (1674), atravessaram o Vale do Paraíba, percorrendo o rio e as velhas trilhas, abrindo o chamado "caminho geral do sertão", que ligava a vila de São Paulo aos primeiros núcleos de povoamento nos sertões do Paraíba e daqui às minas dos Cataguás, de Taubaté e da Gerais.
Desde os primeiros anos do século XVII "foi esse caminho senhoreado e freqüentado pelos paulistas, tornando-se a linha de penetração mais importante do Brasil, senão na América do Sul" , até a abertura do "caminho novo de Garcia Rodrigues ", que ligou, diretamente, Rio de Janeiro às Minas Gerais.
Quem dirá o bairro do Botafogo recorda João Pereira de Souza Botafogo, aí morador desde 1590, donde também chamar-se "praia de João de Souza", como dantes era "praia de Francisco Velho", companheiro de Estácio de Sá que, da praia Vermelha ou de Martim Afonso, avançou pela praia da Saudade, costeando o Morro, depois chamado de Matias, do Pasmado, da Azinhaga, começo da avenida Pasteur de hoje, atravessando o rio de Berquó, nome do ouvidor Berquó ou da Banana Podre, onde está hoje o desgracioso e inútil Pavilhão Mourisco, desbravando então, daí, a pequena baía encerrada entre os morros do Pasmado e da Viúva? (http://www.jangadabrasil.com.br/agosto/al120800.htm)
Um dos bairros mais antigos é Botafogo, que foi inicialmente habitado por franceses. Estes foram expulsos por Estácio de Sá, em 1565. Então, as terras foram adquiridas pelo morador que deu nome ao bairro: João de Souza Botafogo.
No âmbito da Região Administrativa de Botafogo estão localizadas duas importantes edificações: o Palácio Guanabara, sede do Governo Estadual (localizado em Laranjeiras); e o Palácio da Cidade, sede do Governo Municipal (situado em Botafogo). http://www2.rio.rj.gov.br/governo/“testemunha ouvida em 23/06/1627: João de Sousa Pereira, cidadão do Rio, natural de Lisboa, com aprox. 85 anos, filho de Francisco de Sousa Pereira e Ines de Brito de Carvalhais”
Fonte: http://migre.me/7K9my 
Nota:  O "caminho geral do sertão", aparece permanentemente, relacionado as incursões via Alto do Sapucaí e respectivamente, rio Sapucaí e Verde. Ou seja a expedição de Martim Corrêa de Sá, realizada por Anthony Kanivete, em 1597, deixa claro qual foi seu destino. A expedição enviada ao Sertão por D. Francisco de Souza, realizada por de André de Leão e relatos de  Wilhelm Glimmer, após transpor a Raiz do Monte, adentra a região dos pinheiros. Restando a confirmação no sentido que, os primeiros vestigios de ouro, em direção a serra resplandecente foram encontrados nessa região.

sábado, 28 de janeiro de 2012

OS REFERENCIAIS GEOGRÁFICOS E OS CAMINHOS PARA O SERTÃO MINEIRO.

 A Serra do Lopo é um conjunto de montanhas situado na fronteira entre as cidades de Extrema (MG) e Joanópolis (SP), Brasil. O pico do Lopo, o ponto mais alto da serra que lhe dá nome, possui 1750 metros de altitude e é um dos pontos de visitação mais procurados daquela região, pelo fato de oferecer uma vista de 360º da Represa do Jaguari e abranger diversas cidades, como Joanópolis, Extrema, Piracaia e outras.(http://migre.me/7I2HL)
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Jaguamimbaba, que em tupi quer dizer "onça parda", é como era conhecida entre os nativos brasileiros a porção paulista da Serra da Mantiqueira. O lado mineiro era conhecido como "amanti-kir", que quer dizer, "serra que chora" ou "nuvem que rola", nome que deu origem à atual denominação da serra.
Desde 1597 foi encontrado e explorado o ouro de aluvião, nos riachos da serra, um século antes das grandes descobertas em Cataguases, Cuiabá e Goiás pelos bandeirantes.[1](http://migre.me/7IdJb)
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Jaguamimbaba é o primeiro nome dado à serra da Mantiqueira, do lado paulista, que significa onça parda ou cachorro de estimação, e do lado mineiro mineiro amanti-kir, que é serra que chora ou nuvem que rola. Com a conservação do meio ambiente,o número de onças pardas tem aparecido mais vezes pela nossa região do Vale do Paraíba, principalmente em riachos e córregos.
jaguamimbaba, onça parda, o maior felino das Américas (http://migre.me/7Iczz)
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Serra da Mantiqueira - Na História da Descoberta do Ouro em Minas A Serra da Mantiqueira fecha sua cadeia nos últimos contrafortes do Ouro Branco, no centro do estado de Minas. Principia na serra do Espinhaço, a chamada Serra Geral ou serra de Minas e se estende no sentido de Sul a Norte até além da Bahia. Seu sistema assume para o norte os topônimos dos lugares por onde passa, Serra do Ouro Preto, do Batatal, do Capanema, do Ouro Fino, do Gongo Soco, do Garimpo, da Mutuca, do Cipó, da Pedra Redonda, ao pé da qual nasce o rio Jequitinhonha. Um de seus contrafortes é a serra do Caraça, em curva quase perfeita, uma das maiores eminências da Serra Geral, o cabeço mais alto de sua linha dorsal. Os picos do Sol e do Carapuça, frequentemente enevoados, altaneiros, erguem-se a 2.100 metros o primeiro e a 1.955 metros o segundo.
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A Serra Fina, coincide em grande parte com o Maciço Alcalino de Passa Quatro e se situa na divisa tríplice dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo ao longo da Serra da Mantiqueira, que é a estrutura geográfica que a contém, e fica vizinha ao Maciço do Itatiaia onde se situa o Parque Nacional do Itatiaia e o Pico das Agulhas Negras. Possui um dos maiores desníveis topográficos do território brasileiro (acima de 2.000 m) e a quarta maior montanha do Brasil: a Pedra da Mina.(http://migre.me/7I2xy)
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Nota: Por que razão posso afirmar que, quando falamos em transposição da Serra da Mantiqueira, em busca da Minas do Ouro, estamos falando do contra forte correspondente ao trecho de Piquete? Porque, a garganta do Embaú, cujo acesso se da por Passa Quatro, está contido no Maciço Alcalino de Passa Quatro, ou seja, a Serra Fina. Assim como temos a Serra do Lupo, Serra de Anhumas, Serra do Espinhaço, a Chamada Serra Geral, ou Serra de Minas. Todos contido no complexo Mantiqueira, mas que entretanto, especificamente com esse nome, só no trecho Norte de Aparecida, Guaratinguetá onde se localiza  Piquete, Campos do Jordão, sendo esta última localidade situada na divisa com a Serra Fina. Ou não estamos falando do Alto Sapucaí e respectivamente do rio Sapucaí e Verde, riachos da serra documentadamente explorados desde 1597, cuja a denominação amanti-kir de um lado e jaguamimbaba do outro, vieram a dar nome ao primeiro trecho da Serra, como Mantiqueira em sua porção Paulista, em cujo sopé estão, as veredas das brumas das terras ermas. Ou isto não tem haver com "nuvem que rola."


 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

2- OS CAMINHOS DAS “BANDEIRAS” E OS REFERENCIAIS GEOGRÁFICOS (Transcrição)

2.1- Os principais caminhos para Minas e o caso do morro do Lopo Desde o século XVI, expedições abriram vários caminhos em busca de riquezas principalmente em território mineiro. Em um primeiro momento as tentativas de descobrimento vinham do nordeste em direção ao sertão, com as “Entradas”. Temos os principais caminhos descritos por Antônio Gilberto Costa:13 Entre 1553 e 1554 aconteceu a “Entrada” de Francisco Bruzza de Spinosa (Fig. 8), a partir de Porto Seguro, para tentar se chegar a “Serra Resplandecente”. Um primeiro relato do sertão se inicia, tendo sempre marcos geográficos como referenciais, mesmo que para demonstrar a dificuldade que estes impunham à expedição. Segundo descrição do jesuíta João de Aspilcueta Navarro, que acompanhou Espinosa, os sertões eram ‘intratáveis a pés portugueses, dificultosíssimos de penetrar (...), tendo que atravessar inúmeras lagôas e rios  (...), os montes fragrosíssimos, os matos espesíssimos, que chegavam a impedirlhes o dia’.14 Em 1561, para se tentar alcançar a região de Sabarabuçu (região da atual Sabará), no território de Minas Gerais, ocorreu a “Entrada” de Dom Vasco Rodrigues Caldas, sendo seguida da de Martim Carvalho em 1568. E assim,  sucessivamente várias “Entradas” foram organizadas durante o século XVI, com roteiros partindo principalmente da Bahia e do Espírito Santo. Por outro lado as “Bandeiras” paulistas, no final do século XVI, abriram alguns caminhos partindo de São Paulo de Piratininga incentivadas pelo Governador-Geral das capitanias do sul, Dom Francisco de Sousa. Capistrano de Abreu destaca a posição geográfica estratégica de São Paulo que: 
                     (...) impelia-a para o sertão, para os dois rios de cuja bacia se avizinha, o Tietê e o Paraíba do Sul, teatros prováveis das primeiras bandeiras, que tornaram logo famoso o temido nome paulista.15
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 E é nessa trilha que se configura um dos mais importantes caminhos partindo de São Paulo, que chegava a Minas, a partir da bifurcação em Guaratinguetá, atravessando a Serra da Mantiqueira pela garganta do Embaú,17 atual cidade de Cruzeiro no Estado de São Paulo (Figs. 6, 8, 9, 10 itens 8, 9 e 11). Também ficou conhecido como “Caminho Velho”.
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A descoberta dos rios Sapucay e o Verde, no final do século XVI, foi de fundamental importância para ligação à Goiás (Fig. 10, itens 5 e 6). Conforme Costa,19 em 1596, membros da expedição de Martim Correia de Sá perseguiram índios tamoios próximo a esses rios, e ainda no mesmo ano a Bandeira de João Botafogo, já mencionada, alcançou as regiões dos rios Verde e Sapucahy, após travessia da Mantiqueira pela garganta do Embaú, passando pelo morro do Cachambú em direção ao território Goiano (Fig. 10, itens 1, 3, 9, 12 e 13).  Em 1602, foi feito o mesmo caminho passando por estes rios em sentido contrário: a expedição de Diogo Gonçalves Laço e Francisco Proença chegou em Minas a partir do Caminho de Mogi-Guaçu e voltou para São Paulo pelo “Caminho Velho” (Fig.10). Esse traçado que ligava Goiás a Minas e que passava pelos rios Verde e Sapucahy propiciou o surgimento de uma bifurcação que se ligava ao morro do Lopo, e iria se transformar posteriormente, em importante caminho de “Bandeiras” (Fig. 5 e Fig. 10, itens 4 e 14).
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Fonte: http://migre.me/7HDxs

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Caminhos e Descaminhos de Paraty (Transcrição)

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A primeira citação de Paraty e da trilha dos guaianás em um documento escrito apareceu apenas nos relatos do aventureiro inglês Anthony Knivet, de 1597. Ele seguiu na expedição de 2.700 homens, comandada por Martim Corrêa de Sá, pela trilha dos guaianás para aprisionar índios e descobrir tesouros escondidos por trás do paredão verde da serra.  A partir daquela expedição, Paraty passou a ser um ponto de entrada e passagem obrigatória para quem buscava a região serra acima. Os portugueses começavam a descobrir o interior do Brasil pela trilha dos guaianás e pelo caminho que ligava a vila de São Vicente ao antigo vilarejo de São Paulo.        
E foi descoberto o ouro
Baía de Paraty
A notícia da descoberta de ouro pelos bandeirantes paulistas em Minas Gerais provocou grandes mudanças em Paraty. Ponto de passagem obrigatório para acessar a região das minas a partir do Rio de Janeiro, a vila cresceu e se transformou.  Em 1700, por exigência da coroa portuguesa, ficou determinado que todo o ouro extraído em Minas Gerais deveria tomar o rumo de Paraty. A corte batizou a estrada aberta sobre a velha trilha dos guaianás de Estrada Realo trecho de Paraty ficou conhecido como Caminho do Ouro. Partia de Diamantina até Ouro Preto, passava por São João del Rey, seguia para Taubaté, entrava em Cunha e terminava em Paraty. Visava a facilitar a cobrança do Quinto, o pesado imposto que Portugal impunha à produção do precioso metal – o posto, chamado de Casa do Ouro, ficava pouco antes da cidade – e a evitar saques. Para burlar a fiscalização, os tropeiros criavam desvios pela mata fechada ou apelavam para soluções mais criativas, como talhar imagens ocas de santos e enchê-las de ouro – daí a origem da expressão “santo do pau oco”.  O ouro então seguia de navio para o Rio de Janeiro. Havia mais um problema: o constante assalto dos corsários, que se escondiam nas abundantes baías e braços de mar da costa. Para defender o porto do ouro foi construído, em 1703, o Forte Defensor Perpétuo, hoje aberto a visitação no Morro do Forte.   
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- Nota: Considerações relativas a uma Entrada, em 1597, por Martins de Sá, narrada por Antonio Knivet, publicada na "Revista do Instituto Histórico do Rio de Janeiro (vol. LI, 1878)",  entre inúmeras reflexão em especial questionando a segunda parte do roteiro, a partir do rio Paraiba, escreve Orville Derby:
                 "A narrativa de Knivet, acima resumida nos seus pontos geográficos, refere-se a uma entrada aos sertões dos atuais Estados de S. Paulo e Minas Geraes, que precedeu por alguns anos à famosa bandeira paulista, nesta mesma região das quais a primeira de que a história tem conservado noticia data de 1602"(1)
- Extreme de dúvida, resta certo que, está o articulista referindo-se  a Expedição de André de Leão, enviada ao  Sertão por D. Francisco de Souza, sétimo Governador da Capitania do Sul em 1602,  à partir de São Vicente. Desta feita, ainda que tenham partido tais expedições de pontos diferentes,  a de Knivet do Rio de Janeiro, pelo caminho dos guainás, rota está que veio a dar origem ao Caminho Velho.  A expedição de André de Leão, em conformidade com os relatos de Alexandre Grymmer, se deu, pela rota que veio a ser denominada, caminho dos Paulistas, caminho geral do sertão. Entretanto, convergiam para um ponto comum, ou seja, em conformidade com os relatos de Alexandre Grymmer, até o limite de navegabilidade do Rio Paraiba, Guaipacaré, ponto também de travessia, quando então,  segue margeando um ribeiro, que nasce no lado Oeste e após cinco dia de viagem, chegava-se  a Raiz do Monte.  Podendo-se afirmar que seguiu o mesmo caminho, a descrição de Knivet, possibilita inclusive, identificar a nação Índigena que vivia no Núcleo Embrição de Piquete, veredas das brumas das terras ermas,  uma vez que, consta de seu relato que a expedição foi guiada por um Índio, por entre dois montes, margeando um rio durante quarenta dias. Entre outras toponímias nesse percurso temos; "Chegando a uma região campestre arborizada  de pinheiros (grifos meu)".  A assertiva quanto a tribo Índigena que habitava o caminho da serra acima, está no fato que,  estando entre os Puris no referido ponto de convergência dos caminhos, foram indicado sobre a existência de uma aldeia de Tapuyas na outra banda do rio, há dois dias de viagem, onde podiam obter mantimentos (grifos meu) (2) 
 - Ademais, considerando os relatos de horripilantes atos de  canibalismo nas descrições de Knivet, do qual, segundo este, somente sobreviverá, por haver se identificado como Francês. Resta justificável a pressa manifestada nos relatos de Alexandre Grymmer,  estando no mesmo contexto de sertão, no que diz respeito ao fato de ter que, arrepiar carreira, de medo dos Índios bárbaros (grifos meu)
(1) Ribeiro, João, História do Brasil, Curso Superior 14.ª Edição, revista e completada por Joaquim Ribeiro, Livraria São José, Rio de Janeiro 1953, pág. 187.
(2) ibidem, pág. 184.

LIVRO 66 - OFICIOS DO GENERAL D. LUIZ ANTONIO DE SOUZA BOTELHO MOURÃO (MORGADO DE MATEUS) AOS DIVERSOS FUNCIONÁRIOS DA CAPITANIA ENTRE 1768-1772

PARA O CAPITÃO DE CAVALARIA DA PIEDADE
Logo que Vossa Mercê receber esta fará.........achar terem os Índios bravos desse Sertão, ou feito tiro para os ferir, por ser coisa totalmente contrária às ordens de Sua Magestade e às que eu tenho feito publicar por essas partes.
Também Vossa Vercê me dará parte do fim que tiverão cinco Índios que sairão com Thereza Pury dos matos circunvizinhos, quem foi que os teve em sua casa, e o fim que lhes deram.
Também Vossa Mercê fará prender a Luiz Pedroso por inquietador da....Índia Thereza Pury, e me informe da qualidade de pessoa que é porque......que se pratica em.....casos, deve casar com ela. 
Tudo espero que Vossa Mercê obre com aquele zello que Vossa Mercê se emprega no Real Serviço.
Deus guarde a Vossa Mercê São Paulo 04 de Janeiro de 1770//D. Luiz Antonio de Souza//Sr. Capitão Joaquim Peres de Oliveira// P.S = em que Vossa Mercê me fala darei providência.
Fonte: Documentos Interessantes para a História e Constumes de São Paulo, Vol 92, Publicação Oficial, 1978, páginas 97/98.
Nota: Thereza Pury  representa, o martírio que resultou da truculência e dissimação dos Índios que viviam na região correspondente ao Núcleo Embrião de Piquete, e que por justo motivo, mereceria que fosse erguido um monumento em sua homenagem.  Assim como aos Negros Escravos, enviados para lutar na Guerra do Paraguai, como verdadeiras buchas de canhão.




quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

(Transcrição) Caminhos do sertão (03/10/2008 - 14:52)

A vida e a obra de Guimarães Rosa se misturam com a beleza selvagem do interior de Minas Gerais. Pelo menos é isso o que imagina a estudante Serenna Tharyne Alves Souza, de 17 anos. Ela tem estudado o autor consagrado desde o início do ano e se apaixonou pelo Grande sertão: veredas, que terminou de ler recentemente. A jovem está ansiosa para conhecer os lugares onde o escritor viveu e obteve inspiração para produzir obras como Sagarana e Corpo de baile. Ela e outros 49 colegas que cursam o 2º e o 3º anos do ensino médio no Colégio Setor Leste, na 612 Sul, partirão para uma jornada pelo sertão mineiro e pelo Entorno do Distrito Federal a partir de domingo. 
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Os estudantes devem caminhar por um percurso de mais de 300km em 15 dias de viagem pelo Vale do Urucuia, afluente do Rio São Francisco, a Noroeste de Minas Gerais (leia trecho de Grande sertão). Eles passarão por municípios mineiros como Chapada Gaúcha, Arinos, Urucuia, Buritis, Riachinho, Unaí e Cabeceiras. Também visitarão São Sebastião e a Estação Ecológica Jardim Botânico.
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Fonte: http://migre.me/7FYxq 
 Nota: Estive no Vale do Urucuia, trecho de Arinos e Urucuia, em 1999, entre janero e março,   oportunidade em que, ouvi histórias fantásticas do sertão de Guimarães Rosa. Por outro lado, nascido no que fora, o Sertão da Mantiqueira, Sertão dos Índios Bravos, Veredas das Brumas das Terras Ermas, Sertão Proibido, o sentido de pertencimento se faz ainda mais  indescritível, quando não, o suficiente para entender que temos uma grande História à resgatar. Preciso de mais  motivação?    

SÃO FRANCISCO - CAMINHO GERAL DO SERTÃO: Cenários de vida e trabalho de pescadores Tradicionais em Pirapora e Buritizeiro – norte de Minas Gerais

(Transcrição) CAPÍTULO 1 – A GEOGRAFIA DO RIO SÃO FRANCISCO NO SERTÃO NORTE MINEIRO
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No Século do descobrimento do Brasil, a Coroa Portuguesa demonstrou interesse por investigar e documentar o rio São Francisco. A primeira exploração às suas margens aconteceu em 1553 e assim originaram-se os primeiros estudos descritivos sobre o Rio. Estudos técnicos e abrangentes aconteceram somente em meados do século XIX. A mando de Dom Pedro II, o engenheiro francês Emmanuel Liais estudou as possibilidades da navegação das nascentes até a corredeira de Pirapora. (pág 28)
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 • Alto Médio São Francisco: Estende-se da nascente até a cidade mineira de Pirapora, abrangendo as sub-bacias dos rios das Velhas, Pará, Indaiá, além das sub-bacias dos rios Abaeté a oeste, e Jequitaí a leste que conformam seu limite. Situa-se em Minas Gerais, abrangendo a Usina hidrelétrica de Três Marias e apresenta topografia ligeiramente acidentada, com serras e terrenos ondulados e altitudes de 1600m a 600m. O divisor leste é formado pelas montanhas da Serra do Espinhaço, com altitudes de 1300m a 1000m. Do lado oeste destaca-se a Serra Geral, cujas cotas oscilam entre 1200m e 800m. Sobressaem ainda, os escalonamentos de superfícies de erosão até a Depressão San Franciscana, em direção à calha do rio e dos principais afluentes, cuja cota, em Pirapora, é de cerca de 450m. A vegetação é constituída de florestas e cerrado. É uma região de muitas chuvas (de 1500 a 1.000 mm anuais) no verão, que caem de novembro a abril. A temperatura média anual é de 23º. As diversas características climáticas classificam a região como tropical úmida, sendo que em algumas partes é temperada. • Médio São Francisco: entre Pirapora e Remanso-BA incluindo as sub-bacias do afluente Pilão Arcado a oeste, e do Jacaré a leste. Além dessas, há as sub-bacias dos rios Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente, Grande, Verde Grande e Paramirim, situados nos Estados de Minas e Bahia. Suas condições climáticas vão se tornando mais características de uma região tropical semiárida. Sua altitude varia de 2000 a 500 m e é onde se localizam as planícies eluvio-coluvio-aluviais da Depressão San Franciscana. A temperatura média anual é de 24ºC, e a evaporação é de 2.900mm anuais. As chuvas caem de novembro a abril com precipitação média anual entre 1400mm a 600mm. A Vegetação é do tipo Cerrado e Caatinga. A margem esquerda do São Francisco é bem mais úmida, com rios permanentes e vegetação perenifólia. Na margem direita, a precipitação é menor, os rios são intermitentes e a vegetação é típica de caatinga.
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                      Nota: Parafraseando;  D. Francisco de Souza 7.º governador da Capitania de São Vicente, após o  insucesso de uma expedição cuja a entrada se deu a partir da Bahia em busca das minas famosas que se supunham situadas no Rio S. Francisco tomou conhecimento:
                 "Ao mesmo tempo que, pelos roteiros, tivera conhecimento da existência de minas de ouro e prata nas nascenças do Rio S. Francisco, também tivera notícia certa e segura que, desde a vila de S. Paulo, homens que resistiam às sezões e às onças, às agruras e às asperezas das selvas, que guerreavam e venciam os índios ferozes, faziam entradas ao sertão do alto S. Francisco, já tendo tocado era alguns de seus afluentes. Esses homens, partindo do Sul, seriam capazes de ir e chegar à Lagoa Dourada e voltar depois de descobrir as afamadas minas." (http://migre.me/7FVRY)
Desta feita temos que: 
              "No tempo em que, vindo da Bahia, d. Francisco de Souza, esteve pela primeira vez em S. Paulo, aí vivia Guilherme Glymmer, flamengo, que tomou parte em uma expedição ao sertão e que dela fez uma descrição, que encontrou abrigo na obra de P. Marcgrave – História Botânica do Brasil – nos termos seguintes:" (http://migre.me/7FW1L).
              Em conclusão quando destacamos da descrição de Guilherme Glymer, relativamente ao rio Sorobis, ou seja rio Paraiba do Sul temos:
                    "Descendo também este rio, durante quinze ou dezesseis dias, chegamos a uma catarata, onde o rio, apertado entre montanhas alcantiladas, se despenha para o Nascente. Por isso, abicamos neste ponto as nossas canoas e marchamos outra vez a pé, ao longo de outro rio que desce do lado ocidental e não se presta a navegação. Com cinco ou seis dias de marcha, chegamos à raiz de um monte altíssimo...."
             Quer-se dizer desta feita que, comprovadamente, a busca em demanda da serra resplandescente, serra das Vertentes ou seja,  Alto São Francisco, deu-se pelo Sul, e quanto ao rio cuja nascente localiza-se no lado oeste, por do sol é o ribeiro da limeira, e a raiz do monte a que se refere é o Pico Meia Lua, acesso a Garganta do Sapucaí, as Minas de Itajubá, ao Alto Sapucaí, caminho também percorrido por João de Faria Fialho em 1694. Portanto a História do Sertão do Alto São Francisco passa pelo Núcleo Embrião de Piquete. Sendo certo que,  passando pelo mesmo Núcleo necessariamente dava-se o acesso a Garganta do Embaú, pelas cinco serras altas, em conformidade com o roteiro de Andre João Antonil. Em conclusão, estamos no Caminho Geral do Sertão.




terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Parte 1: OS SERTÕES DA FOME: A HISTÓRIA TRÁGICA DAS MINAS DE OURO EM FINS DO SÉCULO XVII Adriana Romeiro1

(Transcrição) As fontes mostram que, uma vez instalados nas Minas, os paulistas reeditaram o velho costume de cultivar roças  destinadas à  subsistência, mantendo plantações e criações junto às lavras e datas. Um pouco diferente, contudo, era a situação daqueles que, provenientes da Europa e mesmo da América Portuguesa, não estavam suficientemente familiarizados com as técnicas de sobrevivência nos matos. As dificuldades  começavam pelo caminho: sem poder contar com os recursos naturais, ficavam à mercê das provisões que levavam e dos mantimentos vendidos à beira das estradas - segundo Ambroise Jauffret, os que partiam do Rio de Janeiro, por exemplo, seguiam até Taubaté, onde compravam milho, abóbora e feijão para serem consumidos ao longo de uma jornada de vinte dias, ao fim da qual chegavam ao Rio das Mortes, onde novamente se abasteciam para alcançar as minas do Ribeirão do Carmo.15 Assim que chegavam as Minas, todos tratavam primeiro de plantar suas roças nas imediações das datas minerais, instalando-se depois nos arraiais e povoados, para esperar até que os mantimentos pudessem ser colhidos.16 Só então é que tinham início os trabalhos de mineração. Por sorte, os ritmos da agricultura ajustavam-se perfeitamente aos ritmos da mineração: na estação das águas, entre novembro e fevereiro, era praticamente impossível lavrar os rios e ribeirões, em razão do grande volume de água; mas era a época  propícia para o plantio do milho, mandioca e feijão. Nos relatos, percebese a existência de um padrão bem definido: em novembro, antes de partir, procedia-se à semeadura; regressava-se em fevereiro, quando se iniciavam a colheita e os trabalhos de mineração. Entre o plantio do milho e a colheita, eram necessários mais ou menos noventa dias. No caso do feijão, o ciclo girava em torno de sessenta dias. Mais longo, o ciclo da mandioca tinha doze meses. Apropriadamente, Sérgio Buarque de Holanda dá o nome de “civilização do milho” à cultura dos paulistas, chamando a atenção para o papel decisivo que o cereal desempenhou nas formas de subsistência da gente do Planalto.17 Nos sertões mineiros, o milho consumido prescindia da moagem, que era uma técnica desconhecida pelos índios, que preferiam o milho verde cozido ou a pipoca. Aliás, aos paulistas é atribuída uma preferência especial pela pipoca, conhecida à época como “milho escolhido da brasa.” Nada se comparava, porém, ao consumo maciço do milho amadurecido, empregado para a fabricação da farinha – o verdadeiro pão da terra, nas palavras de Holanda - , e a canjica grossa, descrita pelo biográfo de Belchior de Pontes como um “guisado especial de São Paulo.” Talvez a principal razão pela preferência dada ao milho esteja na facilidade com que podia ser transportado por longas distâncias, sob a forma de grão, para ser depois semeado, ajustando-se, por isso mesmo, às exigências de mobilidade característica dos sertanistas.18 A dieta mameluca dos paulistas, herdeira de quase dois séculos de convivência com o universo cultural dos índios, deve ter chocado os contemporâneos, sobretudo os europeus, pouco familiarizados com os recursos naturais da paisagem americana. De acordo com o estudos de Donald Ramos, grande parte dos portugueses que se deslocaram para Minas Gerais, nas primeiras décadas do século XVII, provinha do Norte de Portugal, premidos pela falta de terras, agravada com altas taxas de fecundidade.19 Familiarizados com a agricultura do milho, cuja introdução fora responsável pela explosão demográfica do século anterior, os portugueses do Norte dominavam suas técnicas de plantio, mas certamente desconheciam as técnicas de sobrevivência nos matos. A caça - essencial à sobrevivência nestes primeiros tempos – certamente pertencia ao repertório cultural dos camponeses pobres, mas a realidade geográfica e ecológica em que a praticavam era, em tudo, diversa da que se confrontavam nas Minas. Infelizmente, as fontes não permitem avançar a análise em direção aos complexos processos de circulação e mestiçagem cultural impostos pelo novo meio, e nos quais as experiências radicalmente diferentes de povos africanos, europeus e indígenas confluíram para a constituição de um aprendizado de sobrevivência adaptado à ambiente do sertão. No caso dos paulistas, por exemplo, o exercício da caça havia assimilado por completo o arsenal bélico dos índios, e o arco e a flecha figuram, às centenas, nos inventários e testamentos estudados por Alcântara Machado.20 Além das roças de subsistência, os mineradores contavam com os frutos silvestres e os animais caçados nos matos, sem falar das variadas mercadorias que abasteciam o mercado local, trazidas pelos pequenos e grandes comerciantes que infestavam a região. Da dieta dos mineradores, a carne bovina ocupava um lugar central: tida por gênero de primeira necessidade, equivalendo ao pão das populações camponesas da Europa moderna, o seu comércio cresceu num ritmo vertiginoso, conectando os sertões mineiros aos currais do São Francisco, Bahia, Pernambuco e Curitiba. Em 1707, o alto preço da carne desencadearia um levante armado contra os responsáveis pelo contrato dos açougues, que foram obrigados a abandonar o lucrativo negócio. Entretanto, em fins do século XVII, as redes comerciais mal davam para abastecer a população da zona mineradora, que dependia quase que exclusivamente da agricultura de  subsistência.
Fonte: http://migre.me/7FcA4

Parte 2 - OS SERTÕES DA FOME: A HISTÓRIA TRÁGICA DAS MINAS DE OURO EM FINS DO SÉCULO XVII Adriana Romeiro1

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(Transcrição) Bem frágil era o equilíbrio entre as roças de mantimentos e as necessidades da população. Uma estiagem  inesperada ou chuvas prolongadas podiam significar a fome de milhares, como aconteceu em 1705, quando os relatos descrevem uma estação chuvosa que se estendera por mais de oito meses, fazendo os mantimentos apodrecer na terra.21 Mais decisivo para o colapso da agricultura de subsistência foi, sem dúvida, o grande afluxo populacional, desencadeado pela corrida do ouro. Fenômeno pouco estudado, o que se verificou nas Minas entre os fins do século XVII e início do XVIII configurou o maior deslocamento demográfico ocorrido em toda a América Portuguesa no período colonial. Não há nada que se lhe compare. Em dez anos, foram cinqüenta mil entrantes - um número considerável até mesmo para os padrões do século XXI. O impacto mais evidente dessa corrida do ouro foram os surtos de fome, produzidos pela desestruturação das formas de subsistência dos descobridores. A descrição mais completa do fenômeno é de autoria de Baltazar de Godói Moreira, paulista radicado na região: “os primeiros sertanistas se sustentaram só com o milho e feijão que o sítio produzia, havia muita quantidade de mel de abelhas, e caça, e frutas agrestes, que ajudavam a sustentar o seu gentio; mas como a gente fosse crescendo, diminuiu-se tudo, e está exausto o sertão em forma que não poderão viver com esta falta...”22 Diante da fome aguda, muitos se retiraram para os matos, em busca de algum alimento. Os arraiais e datas minerais se despovoaram por completo, jazendo abandonados à cobiça de novos aventureiros. Lançando-se aos matos e campos gerais, à procura de “lugares mais desertos, menos combatidos e mais férteis de víveres silvestres”, esses refugiados ficavam à espera dos mantimentos plantados na estação anterior, contando que as roças pudessem  fornecer algum remédio para a penúria.23 Em pouco tempo, porém, os víveres silvestres se esgotaram, e nada havia para caçar ou coletar. A tal ponto havia chegado a escassez de víveres que, no ano de 1700, os matos ficaram silenciosos: não se ouvia sequer o pio dos pássaros. Para a grande maioria, o recurso aos mantimentos do sertão implicava uma experiência radicalmente nova: tinham diante de si espécimes animais e vegetais desconhecidos, que envolviam sofisticadas técnicas de preparo igualmente desconhecidas. Era o caso do bicho da taquara, que devia ser lançado num tacho bem quente, e ingerido ainda vivo - caso contrário, era venenoso. As fontes aludem à grande mortandade de tapanhunos e carijós, vitimados pela consumo inadequado destes bichos.24 As condições ecológicas da região proporcionavam uma grande variedade de víveres, pois que a maior parte das áreas povoadas estava coberta pela Mata Atlântica, com a ocorrência do cerrado na porção central, oeste e noroeste, além dos campos gerais ou campos limpos – terrenos baixos e uniformes, desprovidos de árvores, que aparecem na documentação como o sítio preferido para a prática da caça. Nem todos se atreveram, porém, a buscar sustento nos matos. Muitos preferiram, ao contrário, retornar às localidades de origem para ali esperar o florescimento das roças. Esse foi o caso dos paulistas. De acordo com os relatos, eles se punham numa jornada de trinta a quarenta dias sem carregar qualquer alimento, alimentando-se apenas com o que podiam colher e coletar ao longo do caminho.25 Certamente contavam com as roças plantadas durante a jornada para as Minas, confiando assim na tradicional estratégia dos sertanistas.
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Fonte: http://migre.me/7FbHB

O Caminho Velho das Minas: a descrição de Antonil. o mapas coevos e a cartografia histórica.

 PALAVRA CHAVE: Antonil, Caminho Velho, Minas Gerais, Século XVII
 http://migre.me/7F9OX

Parafraseando - Arqueologia e História - Piquete: Pequeno potreiro, ao lado da casa, onde se põe ao pasto os animais utilizados diariamente. Sinônimo de Mangueiro, Muro de Pedra, Curral de Pedra.


 Figura 14: Curral muro de pedras. Fonte: Laboratório de Arqueologia da Fafich / UFMG, 2008.
 
 Figura 15: Muro de pedras com vãos para encaixe de barrotes. Fonte: Laboratório de Arqueologia da Fafich / UFMG, 2008.
Origem das fotos: http://migre.me/7EuZG 
 Nota: (Transcrição) Cerca de Pedra - Cerca de pedra construída pelos escravos. É feita apenas através do encaixe entre as pedras, não  utilizando nenhum material como "cola" ou "cimento" para uní-las. É um registro histórico de quanto  os gaúchos devem aos negros. (Fonte: http://migre.me/7EGP7)

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...