domingo, 31 de julho de 2011

Parte do Mapa da Capitania de Minas Gerais, com as divisas de suas Comarcas de Carlos Jozê do Reis e Gama, ano 1778

 POR QUE O MINEIRO TRABALHA EM SILÊNCIO
É sempre interessante descobrir na história a origem de certas expressões de linguagem que usamos até hoje. Veja como se formou a fama dos mineiros.
Em 1714, as Minas Gerais faziam parte da Capitania de São Paulo e, após a descoberta de ouro, a região foi dividida em três comarcas. Dentre os marcos divisórios instalados, havia um cruzeiro - cruz de ferro - no alto do Monte Caxambu, na estância hidromineral de mesmo nome. Ele indicava a divisa entre as comarcas do Rio das Mortes, em São João Del Rei, e da Vila de Santo Antonio de Guaratinguetá, no Vale do Paraíba. 
Em decorrência da Guerra dos Emboabas, em 1720, criou-se a capitania independente das Minas Gerais, que tinha como referência aquele cruzeiro colocado no Monte Caxambu. Para o Norte seria Minas, para o Sul seria São Paulo. O problema para os mineiros era que isso proporcionaria aos paulistas a posse de uma grande extensão de terra nas montanhas e as bacias dos rios Grande, Verde e Sapucay - território e mananciais do interesse de Minas. 
O que fizeram os mineiros para reverter esta situação? Pegaram em armas para defender com sangue as terras disputadas? Conclamaram o povo para se insurgir contra o governo? Não, nada disso. Pacíficos e matreiros como são os mineiros, os membros da Câmara de São João Del Rei furtivamente mudaram a posição do marco, levando-o para o alto da Serra da Mantiqueira, cerca de 80 quilômetros adiante, já no lado do Vale do Paraíba, o que deu origem, mais tarde, à cidade paulista de Cruzeiro. Com esse artifício, Minas ganhou toda a região conhecida hoje como "Terras Altas da Mantiqueira". 
E daí vem a expressão "mineiro trabalha em silêncio", significando que aquele povo usa a esperteza e não o confronto para resolver os seus problemas.
http://www.serqueira.com.br/mapas/mineiro.htm

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Transcrição: TURISMO DE RAÍZES (Mércia Queiroz)

“Turismo de Raízes” configura-se como uma tendência internacional inspirada pelos avanços sociais e políticos adquiridos pelos movimentos Black Arts e Black Power, que nasceu nos Estados Unidos, no final da década de 60 e inicio de 70, e mais tarde pelo popular romance de Alex Haley, "Roots", que estreou como mine-série na TV em 1977. O conceito de “Turismo de Raízes”, segundo a pesquisadora Cheryl Finley, aponta especificamente para um fluxo constante e regular de turistas afro-americanos que tem participado e até moldado um tipo peculiar de turismo, que tem no seu centro a necessidade de encontrar e validar uma herança cultural autêntica, tanto a África como em locais de memória significativos (onde a África tem sido recriada) ao longo do Atlântico Negro, como Salvador e o Recôncavo na Bahia (FINLEY, 2005:38-39). De acordo com Patrícia Pinho, estes turistas, além de viajar para encontrar as suas “raízes africanas”, estariam interessados também em estabelecer uma conexão com povos afrodescendentes de outras partes da diáspora (PINHO, 2004:27). Se os “turistas culturais” viajam pelo desejo de ver coisas novas, aumentar os conhecimentos, conhecer as particularidades e os hábitos de outras populações, conhecer civilizações e culturas diferentes, participar em manifestações artísticas ou ainda, por motivos religiosos”, como nos diz Lucínio Cunha, (CUNHA, 2000:22), os “turistas de raízes” parecem ter um motivo pré-determinado e especial – a busca de uma conexão com o seu passado ancestral, a intenção de reencontrar suas “raízes africanas”, conectar-se com outros afro-descendentes – na escolha dos destinos, o que confirmaria a sua especificidade. Seguindo uma tendência mundial de segmentação de produtos para nichos de mercados diferenciados visando maior competitividade, no mercado turístico, verificase uma crescente segmentação de produtos turísticos, alimentada pelas peculiaridades encontradas nos diversos países e regiões, em virtude de motivações e valores que alimentam a demanda turística. Nesta perspectiva, este sub-segmento do turismo cultural e novo nicho de mercado, de natureza peculiar, destinado especificamente ao mercado afro-americano teria um interesse específico, contrapondo-se ao turismo de massa.
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Fonte pesquisada em 27 de julho de 2011 http://migre.me/5mLhq

Título: Presença e silêncio da colônia à metrópole : sinais do personagem negro na Literatura Brasileira

Referência: SILVA, Amauri Rodrigues da. Presença e silêncio da colônia à metrópole: sinais do personagem negro na literatura brasileira. 2007. 234 f. Tese (Doutorado em Teoria Literária)-Universidade de Brasília, Brasília, 2007.
Resumo: A proposta desta tese é examinar e discutir a trajetória descrita pelo personagem negro no âmbito da Literatura brasileira, tomando por base uma postura crítica efetuada sobre as práticas discursivas adotadas de maneira recorrente pela indústria de artefatos literários, nas oportunidades em que, na tessitura desses textos, esse personagem se faz presente pela via da sua historicidade e das relações sociais pelas quais passa no cotidiano. Nessa perspectiva, o foco das discussões incide sobre um estudo comparativo entre produções literárias de natureza não-estética, − a exemplo da produção histórica e da sociológica −, e as de eminência estética, ou seja, a Literatura na sua versão mais profundamente artística e mais dependente de uma linguagem que implique ação sobre o mundo. O sedimento da discussão proposta encontra-se nos tratamentos que os textos de teor não- -estéticos dispensam ao negro, a partir da utilização de práticas discursivas que histórica e tradicionalmente, no atendimento de interesses ideológicos de caráter dominante, visam mantê-lo num patamar de sociabilidade que não se diferencie muito da situação por ele vivida em tempos de Brasil-colônia. É do interior desse panorama que a Literatura brasileira emerge, e do ponto de vista ideológico, explora o mesmo assunto a partir da adoção de práticas discursivas semelhantes às encontradas nas páginas dos textos de natureza não-estética. Pelo cultivo desses aspectos encontrados na utilização de práticas estratégico-discursivas a Literatura se consagra como uma estrutura cultural a serviço da classe dominante, considerando sua dimensão de instrumento de reprodução ideológica dos interesses dessa classe.
Fonte pesquisada em 27 de julho de 2011: http://migre.me/5mBLY

domingo, 24 de julho de 2011

PORTÕES DAS GERAIS - PIQUETE NO CAMINHO DO OURO, NO CAMINHO DA HISTÓRIA

Atividade Tropeira em Piquete-SP.

"Além das tropas de bestas, conduzidas pelos tropeiros transitavam pelos caminhos das minas as boiadas e os comboios de escravos" (pag 139)*

Madrinha da Tropa

"Muitos tropeiros possuíam várias tropas empregadas nos transportes, cada uma composta de vinte a cinquenta animais entregues à direção do "arrieiro" ou "arriador", que era auxiliado pelos peôes, tocadores de mulas etc" (pág. 141)

"Famílias ilustres de São Paulo possuiem tropeiros em sua árvore geneológica. Grossa fortunas foram amealhadas nesse ramo de negócio" (pág 141)

"Os tropeiros, comboeiros e boideiros eram na maioria reinóis. cristãos-novos e ciganos, pois o natural da terra, o brasileiro, sempre manifestou, desde o início da colonização, grande aversão às atividades mercantins" (pág 142)

"
"O Tropeiro, o agente por excelência do comércio com as Gerais, era uma figura móvel que aos poucos foi adquirindo traços nítidos e caracteristicos. Transformou-se em personalidade típica de nossa sociedade colonial, figurando em contos regonais, em nosso anedotários, em peças teatrais, etc" (pag 141)


Fonte: Zemella, Mafalda P., O Abastecimento da Capitania das Minas Gerais no Século XVIII, Estudos Hisóricos, Editora da Universidade de São Pulo, 1990.

Andarilho - Tropeiros (Parte 1)

sábado, 23 de julho de 2011

TRANSCRIÇÃO - INSTITUTO ESTRADA REAL - CRUZEIRO-SP, COMO CHEGAR :


Existem várias formas para você chegar ao destino escolhido. Analise as distâncias e escolha o meio de transporte mais adequado à sua viagem.
De carro: Belo Horizonte - BR 381 sentido São Paulo, após passar por São Gonçalo do Sapucaí, Careaçu, São Sebatião da Bela Vista, entrar à direita na BR 459 em Pouso Alegre para Santa Rita do Sapucaí. Passar pelos municípios de Olegário Maciel, Piranguinho, Itajubá, Wenceslau Brás até chegar em Piquete (SP), entrando à direita na primeira estrada até chegar em Cruzeiro
Rio de Janeiro - BR 116 sentido São Paulo, passando por Itatiaia, Queluz, virando à direita. Percorrer 8 km até Cruzeiro, virando à esquerda em direção a Piquete e novamente na primeira estrada à esquerda chegando em Cachoeira Paulista.
São Paulo - BR 116 sentido Rio de Janeiro, passando por Guaratinguetá, Lorena, entrando à esquerda na BR 459 até Piquete. Virar à direita na primeira estrada para chegar em Cruzeiro.
 Caminho do Ouro de Parati, via Registro (Piquete-SP)

Compromisso com a verdade Histórica, Piquete no Caminho Velho, Caminho do Ouro, Caminho Geral do Sertão, Estrada Real do Sertão,

Reconhecimento pelo Instituto Estrada Real,   baseado em roteiros documentados e mapas históricos:
(Transcrição) É chamada de Caminho Velho a estrada que liga a cidade de Paraty à cidade de Ouro Preto (antiga Vila Rica). A também conhecida como Estrada Velha foi construída, originalmente, pelos bandeirantes, que abriam caminho do litoral para o interior do país. No século XVII ela foi ligada ao Caminho do Diamante, servindo para escoar o ouro e diamante de Diamantina até o porto, de onde eram levados para Portugal. No século XVIII, com a construção de outra estrada que vai até o porto de Rio de Janeiro, o Caminho Velho foi desativado.
Hoje, o Caminho Velho é um dos circuitos do famoso pólo turístico Estrada Real. Ele passa pelas cidades de Cunha, Guaratinguetá e Cruzeiro (em São Paulo), Passa Quatro, Itamonte, Caxambu, São Lourenço (em Minas Gerais), chegando em São João Del Rei, Congonhas e Tiradentes (também em Minas Gerais), entre outras, essas últimas repletas de relíquias históricas, especialmente dos séculos XVII e XVII.
Nas cidades que compõe o circuito há riqueza natural, artística e histórica, além de milhares de opções que você encontrará para aproveitar sua passagem pelo lugar. Não deixe de visitar as cidades que são estâncias hidrominerais (Caxambu, São Lourenço e Cambuquira) e aproveite ao máximo para tirar foto de tudo. Será, com certeza, um passeio inesquecível.
Fonte: http://migre.me/5kzSr

Nota: Não obstante às siginificativas  Cartografias do periodo colonial, em especial, as resultantes das pesquisas, arqueológicas e históricas realizadas em Paraty, onde consta nos roteiros, após o Guaipacaré os topônimos,  Registro (Piquete), Alto da Serra, como caminhos obrigatórios,   não aparecem essas referências, inadvertidamente em muitas pesquisas, em especial, as realizadas no médio Vale do Paraíba.
Caminho Velho
Clique na imagem para reduzi-la
Fonte: Carta corográfica - Cap. de S. Paulo, 1766 .Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. (http://migre.me/aWncu
Vista da Colina -  Pico da Meia Lua, Alto da Serra.

Fonte: http://migre.me/cXWuX
Vista da Colina -  Pico da Meia Lua, Alto da Serra.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Jeitinho Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. O Homem Cordial (Sérgio Buarque de Hollanda, )

Sérgio Buarque de Hollanda, em "Raízes do Brasil" (Capítulo "O Homem Cordial"), fala sobre o brasileiro e uma característica presente no seu modo de ser: a cordialidade. Porém, cordial, ao contrário do que muitas pessoas pensam, vem da palavra latina cor, cordis, que significa coração. Portanto, o homem cordial não é uma pessoa gentil, mas aquele que age movido pela emoção no lugar da razão, não vê distinção entre o privado e o público, ele detesta formalidades, põe de lado a ética e a civilidade.
Em termos antropológicos, o jeitinho pode ser atribuído a um suposto caráter emocional do brasileiro, descrito como “o homem cordial” pelo antropólogo Sérgio Buarque de Hollanda. No livro “Raízes do Brasil”, este autor afirma que o indivíduo brasileiro teria desenvolvido uma histórica propensão à informalidade. Deva-se isso ao fato de as instituições brasileiras terem sido concebidas de forma coercitiva e unilateral, não havendo diálogo entre governantes e governados, mas apenas a imposição de uma lei e de uma ordem consideradas artificiais, quando não inconvenientes aos interesses das elites políticas e econômicas de então. Daí a grande tendência fratricida observada na época do Brasil Império, tendência esta bem ilustradas pelos episódios conhecidos com Guerra dos Farrapos e Confederação do Equador.
Na vida cotidiana, tornava-se comum ignorar as leis em favor das amizades. Desmoralizadas, incapazes de se imporem, as leis não tinham tanto valor quanto, por exemplo, a palavra de um “bom” amigo; além disso, o fato de afastar as leis e seus castigos típicos era uma prova de boa-vontade e um gesto de confiança, o que favorecia boas relações de comércio e tráfico de influência. De acordo com testemunhos de comerciantes holandeses, era impossível fazer negócio com um brasileiro antes de se fazer amizade com este. Um adágio da época dizia que “aos inimigos, as leis; aos amigos, tudo”. A informalidade era – e ainda é – uma forma de se preservar o indivíduo.
Sérgio Buarque avisa, no entanto, que esta "cordialidade" não deve ser entendida como caráter pacífico. O brasileiro é capaz de guerrear e até mesmo destruir; no entanto, suas razões animosas serão sempre cordiais, ou seja, emocionais.

http://migre.me/5ikVW

PIQUETE NO CAMINHO DO OURO NO CAMINHO DA HISTÓRIA NO CAMINHO DAS MINAS DE GOIÁS


Romeiros da Paz - Percorrerão 1500km a cavalo
Percurso e Apoio
Marco Chrispim informou que os Romeiros da Paz sairão de Brasília, seguirão por Goiás e entrarão em Minas Gerais, na região do município de Paracatu. Daí prosseguem até Diamantina, onde começa a estrada real (trilha do ouro), que vai até Parati, no litoral sul fluminense.A comitiva então seguirá pela Serra da Mantiqueira, contornando a divisa dos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro seguido em direção ao Vale do Paraíba, até Aparecida, que no dia 13 de maio receberá a visita do Papa Bento XVI, que celebrará missa ao ar livre.
Fonte: Fernando Danneme - contador de história http://migre.me/4J2ff
Fonte INEMA: http://inema.com.br/mat/idmat083434.htm
Nota: 

sábado, 16 de julho de 2011

O que é a identidade dos povos? Por Juan Carlos Arroyo Gonzaléz (artigo publicado no Boletim nº4, 1997)

Sem dúvida alguma, a questão da Identidade Cultural é um dos temas pendentes deste fim de século, e uma das ideias centrais sobre as quais girará o debate político e intelectual do próximo milénio.
Não é de forma alguma uma questão colocada pela primeira vez na nossa época, mas constituiu, indubitavelmente, um fenómeno constatado ao longo da História. Todos os povos conheceram uma fase de expansão cultural, de difusão dos seus modos de vida e valores, e todos os povos pretenderam, em todo o momento, manter as suas particularidades, as suas formas, o seu conteúdo vital e cultural como garantia de sobrevivência na História, uma questão similar, e não excluída, de um processo de simbiose com outros textos culturais.
Mas o que diferencia esses momentos históricos do presente é a dimensão que toma o problema cultural nas nossas sociedades. Uma dimensão que não se limita a continentes e lugares determinados, toma cariz mundial, global.
A questão da Identidade coloca-se quando entram em contacto, pacífico ou violento, grupos de seres humanos de distintas origens étnicas e culturais, e que sentiram necessidade de se deslocar procurando novas terras, melhores climas, em suma, melhores condições de vida.
A diferença reside na questão de que a emigração ou imigração dos Povos tornou-se numa “questão política” e que ao estar submetida aos interesses ideológicos e económicos, perde, na sua análise, toda a objectividade, enchendo-se de subjectividade e parcialidade.
Isto foi precisamente o que aconteceu com o fenómeno da imigração no que diz respeito à Europa, visto que do seu tratamento informativo nos meios de comunicação resultou um dramatismo sensacionalista em detrimento das causas e problemáticas de fundo da questão da imigração.
A identidade é, por definição, a qualidade do idêntico, mas num mundo em constante evolução, onde a realidade tende para uma constante diversificação, o “idêntico” pode resultar num conceito equívoco e ter-se-ia que falar de afinidades e não de igualdades.
A análise da questão da Identidade está ligada a duas questões culturais e sociais bastante actuais.
Em primeiro lugar a globalização e a estandardização do padrão cultural ocidental, o que se entende, hoje em dia, por ocidental, conduziu a uma atitude de repulsa por parte de outros povos perante o temor de ver uma tradição secular absorvida por valores radicalmente distintos aos seus e cujo resultado consistirá na sua maior ou menor capacidade de resposta. É evidente que o perigo de desaparecimento de culturas praticamente “simbólicas” (o caso das tribos Amazónicas e o Orinoco por exemplo) é extremamente maior que o de enclaves culturais “dissidentes” e de grande força ideológica como é o Islão.
Em segundo lugar, os fenómenos migratórios que ocorreram nas últimas décadas, migrações realizadas de países em vias de desenvolvimento (subdesenvolvidos melhor dizendo) para os países industrializados do norte, que puseram sobre a mesa o problema, aparte do da pobreza e da fome, das características culturais, nacionais, étnicas, etc., tanto das populações emigradas como das autóctones.
Esta situação despertou um debate social e intelectual no seio da sociedade europeia que vai desde o planeamento da assimilação igualitária dos imigrantes, a posições que põem a questão da viabilidade da sociedade multicultural e os perigos da dissolução das identidades culturais que esta pode trazer.
Ambas as manifestações deram lugar a posições radicais entre os partidos, um cosmopolitismo nivelador que sustêm tanto uma aberta defesa da mestiçagem (cultural e étnica) como uma atitude xenófoba de alguns sectores que defendem, mediante a violência, a exclusão social dos imigrantes. Sem dúvida, a integração não é uma questão que afecte exclusivamente, quanto aos seus resultados finais, a população autóctone, mas implica igualmente a população recém chegada. Sem ir mais longe, o caso dos imigrantes norte africanos em França é um exemplo; a sua oposição à ideia de assimilação cultural contrária ao manter das suas tradições (como a conhecida polémica sobre o véu das raparigas muçulmanas nas escolas), desembocou, inclusive, em abertas críticas a associações anti-racismo.
Uma sociedade em crise
O debate sobre a xenofobia e a xenofilia esconde uma realidade mais profunda que radica na desagregação social em que vivem as sociedades humanas neste fim de milénio. Sem dúvida a perda de referências culturais claras, valores tradicionais, a situação da passagem de um comunitarismo social para a ideia de uma sociedade de massas anónima, a propagação do “modo de vida” norte-americano, constituem os pontos essenciais que definem o momento actual numa perspectiva social e cultural.
O individualismo que vigora na sociedade ocidental desde a Revolução Francesa, a primazia da técnica como ,garantia de bem-estar social o consumismo como único estímulo social, o poder das elites económicas e políticas, são as questões chave para entender as mudanças sociais que ocorreram nas últimas décadas, mudanças que incidiram numa queda das estruturas vigentes nas sociedades, onde as relações interpessoais se realizam de uma forma puramente contratual. A desorientação das massas, alienadas do seu passado e carentes de um futuro certo, criaram situações de violência social das quais foram, em parte, vitimas, os imigrantes.
Falando claramente, ter-se-ia que dizer que o fenómeno da imigração foi o acontecimento que mostrou ao “Ocidente” a sua própria decadência enquanto civilização e como guia do mundo, se me permitem utilizar a terminologia de Spengler. O que hoje conhecemos como civilização ocidental não tem absolutamente nada a ver com as suas origens: aquela extraordinária, fértil e tolerante cultura pagã de gregos, romanos e celtas. O Ocidente é, na realidade, o resultado final da sobrevivência do pensamento ilustrado, daquele racionalismo totalitário que pretendia ser universal, do mito do progresso ilimitado.
A vista do “outro”, fez com que nos déssemos conta do autêntico “desarme cultural” em que vive a Europa. A perda de Identidade, não pela vinda de pessoas de outros países, mas sim pelo esquecimento de uma Tradição própria. A comparação entre culturas, com vista a definir a nossa própria diferenciação, não resistiu à prova.
O regresso às origens
Antes de tudo, a Identidade colectiva não pode ser definida em termos de exclusão ou marginalização do outro, senão num reencontro uno. De igual maneira não pode ser entendida como algo imutável, invariável, que resiste a todas mudanças, mas sim como um conteúdo vivo que se renova constantemente, aceitando e enriquecendo-se com o ambiente, mas mantendo a peculiaridade. É uma circunstância certamente histórica que se evidência no contacto entre os Povos e no perdurar da sua idiossincrasia.
Assim a Identidade viveria marcada pela existência de uma instabilidade e equilíbrio entre um factor de permanência e um factor de câmbio, factores que, mais que divergir em direcções opostas, supõem pressupostos necessários ao prevalecer das realidades culturais dos povos.
Com efeito, toda a mudança cultural não significaria ou não deveria significar a perda de uma Tradição original como conjunto de costumes, leis, ou visões do mundo, mas sim uma adequação de uma maneira de ser a um determinado momento histórico. É através dele que este conceito de Identidade englobaria estabilidade e dinamismo alternadamente. Todo o processo de câmbio parte do mesmo núcleo de toda a cultura como um reflexo adaptativo.
Prender-se, portanto, à “originalidade” de uma realidade cultural, supõem conduzi-la a um beco sem saída. O contrário é dizer, a necessidade de procurar “fora” o estímulo, um guia, que torne possível o câmbio cultural, pode muito bem significar a destruição da Identidade própria. É este o dilema que as culturas minoritárias, “atrasadas”, enfrentam e, de forma diferente, as culturas “civilizadas”, complexadas por um passado de colonialismo imperial.
O regresso às origens supõe, portanto, um processo de apreensão e transmissão constante de conteúdos de vivência que fazem com que um povo, nação ou etnia se definam como uma Identidade diferenciada. E este retorno às raízes apresenta-se tanto mais forte, como quanto se quer revalorizar ou recuperar essa Identidade.
É por isso que o próximo milénio aparece marcado pelo desejo do homem de procurar a sua Identidade. Agora que aldeia global ameaça converter-nos a todos em escravos das multinacionais; que os meios de (des)informação pretendem convencer-nos de que somos consumidores globais idênticos; quando querem apresentar-nos como sociedade ideal ao que não é mais que o agregado massificado de indivíduos dominados por interesses individualistas, agora, digo, é necessário que chegue a hora dos Povos.
Fonte pesquisada em 16/07/2011 http://migre.me/5hipk

terça-feira, 12 de julho de 2011

Educação Patrimonial: Respeitar ou pertencer

Educação Patrimonial: Respeitar ou pertencer: " Existe uma grande diferença entre respeitar a história e pertencer a ela. Ao respeitarmos uma história, estamos cientes do..."

O Homem e seu pertencer a grupos

CONCEITUAÇÃO DE GRUPO
O ser humano é gregário por natureza e somente existe, ou subsiste, em função de seus inter-relacionamentos grupais. Sempre, desde o nascimento, o indivíduo participa de diferentes grupos, uma constante dialética entre a busca de sua identidade individual e a necessidade de uma identidade grupal e social.
Um conjunto de pessoas constitui um grupo, um conjunto de grupos constitui uma comunidade e um conjunto interativo das comunidades configura uma sociedade.
A importância do conhecimento e a utilização da psicologia grupal decorre justamente do fato de que existe em todo indivíduo passa a maior parte do tempo de sua vida convivendo e interagindo com distintos grupos. Assim, desde o primeiro grupo natural que existe em todas as culturas - a família nuclear, onde o bebê convive com os pais, avós, irmãos, babá, etc., e, a seguir, passando por creches, escolas maternais e bancos escolares, além de inúmeros grupos de formação espontânea e os costumeiros cursinhos paralelos, a criança estabelece vínculos diversificados. Taís grupamentos vão se renovando na vida adulta, com a constituição de novas famílias e de grupos associativos, profissionais, esportivos, sociais, etc.
A essência de todo e qualquer indivíduo consiste no fato dele ser portador de um conjunto de sistemas: desejos, identificações, valores, capacidades, mecanismos defensivos e, sobretudo, necessidades básicas, como a da dependência e a de ser reconhecido pelos outros, com os quais ele é compelido a conviver. Assim, como o mundo interior e o exterior são a continuidade um do outro, da mesma forma o individual e o social não existem separadamente, pelo contrário, eles se diluem, interpenetram, completam e confundem entre si.
Com base nessas premissas, é legítimo afirmar que todo indivíduo é um grupo (na medida em que, no seu mundo interno, um grupo de personagens introjetados, como os pais, irmãos, etc., convivem e interagem entre si). da mesma maneira como todo grupo pode comportar-se como uma individualidade (inclusive podendo adquirir a uniformidade de uma caracterológica específica e típica, o que nos leva muitas vezes a referir determinado grupo como sendo "um grupo obsessivo", ou "atuador ", etc.).
É muito vaga e imprecisa a definição do termo "grupo ", porquanto ele pode designar conceituações muito dispersas num amplo leque de acepções. Assim, a palavra "grupo" tanto define, concretamente, um conjunto de três pessoas ( para muitos autores, uma relação bipessoal já configura um grupo) como também pode conceituar uma família, uma turma ou gangue de formação espontânea; uma composição artificial de grupos como, por exemplo, o de uma classe de aula ou a de um grupo terapêutico; uma fila de ônibus; um auditório; uma torcida num estádio; uma multidão reunida num comício, etc. Da mesma forma, a conceituação de grupo pode se estender até o nível de uma abstração, como seria o caso de um conjunto de pessoas que, compondo uma audiência, esteja sintonizado num mesmo programa de televisão; ou pode abranger uma nação, unificada no simbolismo de um hino ou de uma bandeira, e assim por diante.
Existem, portanto, grupos de todos os tipos, e uma primeira subdivisão que se faz necessária é a que diferencia os grandes grupos ( pertencem à área da macro-sociologia ) dos pequenos grupos ( micropsicologia). No entanto, vale adiantar que, em linhas gerais, os microgrupos - como é o caso de um grupo terapêutico - costumam reproduzir, em miniatura, as características sócio-econômica-políticas e a dinâmica psicológica dos grandes grupos.
Em relação aos microgrupos também se impõe uma necessária distinção entre grupo propriamente dito e agrupamento. Por "agrupamento �entendemos um conjunto de pessoas que convive partilhando de um mesmo espaço e que guardam entre si uma certa valência de inter-relacionamento e uma potencialidade em virem a se constituir como um grupo propriamente dito. pode servir de exemplo a situação de uma "serialidade" de pessoas, como no caso de uma fila à espera de um ônibus: essas pessoas compartem um mesmo interesse, apesar de não estar havendo o menor vínculo emocional entre elas, até que um determinado incidente pode modificar toda a configuração grupal. um outro exemplo seria a situação de uma série de pessoas que estão se encaminhando para um congresso científico: elas estão próximas, mas como não se conhecem e não estão interagindo elas não formam mais do que um agrupamento , até que um pouco mais adiante podem participar de uma mesma sala de discussão clínica e se constituírem como um interativo grupo de trabalho. Pode-se dizer que a passagem da condição de um agrupamento para a de um grupo consiste na transformação de "interesses comuns " para a de "interesses em comum ".
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Consciência & Constelação Sistêmcia

2 - Consciência do seu sistema familiar
Você nasceu de um pai e de uma mãe. Mesmo que não os tenha conhecido. E eles foram gerados pelos seus avós. Os seus avós, pelos bisavós, e assim sucessivamente. Você não é um indivíduo; sistemicamente – você é a soma de todos os seus antepassados. O que eles viveram, as alegrias e tristezas, as conquistas e perdas, fazem parte de si. A energia psíquica se perpetua. Neste caminho de vida que resultou em quem você é, aconteceram exclusões. Pessoas cometeram atos e, por algum motivo, foram excluídos da família. Deixaram de ser aceitas dentro do seu próprio sistema. O sistema familiar solicita que todos os excluídos sejam incluídos novamente. Não importa o que ocorreu, se foi grave, diante dos olhos humanos, ou não. Todos têm o mesmo direito de pertencer. O não pertencimento traz desequilíbrio no sistema familiar. E isso se demonstra em problemas emocionais, dificuldades de relacionamento, falta de motivação na vida, questões recorrentes, doenças, dificuldades em estar presente para os filhos, no casamento, e outros sintomas. Mas o contrário é verdadeiro: a inclusão daqueles que foram excluídos reajusta o sistema familiar. Ao acolher em si os que foram excluídos, sem julgamento nem de si, nem dos outros, você sente imediatamente um alívio emocional e um significado totalmente diferente para si e para a sua vida. Incluir o seu sistema familiar é mais que uma experiência terapêutica: é um despertar para uma nova consciência, onde você se percebe – não é entender com a cabeça – mas a vivência de fazer parte, ser uma célula do seu próprio sistema familiar, onde tudo está em seu devido lugar. 
http://migre.me/5eKfY

domingo, 10 de julho de 2011

ANDAR PARA CONHECER 31/out/2010 . 22:38 Colunistas, Jeremias Macário Autor: Paulo Nunes

È verdade que a riqueza de um território é o seu povo. Sem dúvida, é a  maior riqueza cultural de um Estado. Mas, o que dizer de um povo que não dá valor ao seu próprio povo, à sua gente e ao que ela produz e faz? Um povo que não preserva sua história, ao contrário depreda o que tem e não valoriza seu passado, é um povo sem identidade.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

PASSEANDO NAS ESTRADAS REAIS [1] Celso Serqueira

Começamos hoje uma série sobre os primeiros caminhos para o interior do Brasil. O grande desafio era vencer os enormes paredões de rocha das serras do Mar e da Mantiqueira, aventura que inspirou o romance histórico "A Muralha", de Dinah Silveira de Queiroz.
O Brasil, antes desses caminhos, não existia como unidade geopolítica e administrativa. Havia apenas algumas feitorias no litoral explorando açúcar e outros esparsos núcleos urbanos na Bahia, Pernambuco e São Paulo. Era preciso buscar no interior a riqueza que o litoral não oferecia - ouro e diamantes.
O esboço acima mostra os principais caminhos utilizados desde a descoberta do Brasil por índios, escravos, colonizadores e até por nós, já que alguns percursos se transformaram em leitos ferroviários ou rodovias como a BR-040, Via Dutra, Via Anchieta, etc. Veja o resumo do que vamos apresentar:Caminho de Paranapiacaba (traçado laranja no mapa)
Também chamado de Trilha dos Goianases ou dos Tupiniquins ou Caminho de Piaçagüera, foi construído pelos índios em tempos remotos e percorrido por Martim Afonso em 1532. Primeira ligação entre o litoral (São Vicente) e o topo da serra (São Paulo). Tem como variantes o Caminho do Padre José de Anchieta, a Calçada de Lorena, a Estrada da Maioridade e o Caminho do Mar.
 Caminho de São Paulo (traçado lilás)
Antiga trilha dos índios guaianazes, começava em Jundiaí, passava por São Paulo e chegava em Guaratinguetá, de onde se podia ir a Paraty, ao Rio de Janeiro e a Minas Gerais. Durante 300 anos, Guaratinguetá foi o maior entroncamento viário do Brasil.
Caminho Velho (traçado vermelho)
A maior (1.200 quilômetros), a mais antiga e a mais utilizada das vias do Brasil, ganhou enorme importância a partir da descoberta do ouro na região das minas no fim do século XVII. Era o caminho oficial para a entrada de escravos nas fazendas e o escoamento do ouro das minas, que era embarcado em Paraty para o Rio, e daí para Portugal. Eram 95 dias de viagem, sendo 43 a pé, para cumprir o seu trajeto integral, do Rio até Diamantina .
Caminho da Calçada (traçado azul claro)
Também conhecido como Caminho da Independência, por ter sido utilizado por D. Pedro I no retorno da proclamação às margens do rio Ipiranga, ligava o Rio de Janeiro à Guaratinguetá, de onde se tomava o rumo de São Paulo ou Diamantina. Este caminho foi mandado construir pelo governo colonial em 1724.
Caminho Marítimo de Paraty (traçado azul escuro)
Via usada até meados do século 18 entre o Rio e Paraty, seguia por terra ao porto de Sepetiba e daí pelo mar até Paraty. Prosseguindo por terra, em Guaratinguetá havia a bifurcação para São Paulo e Minas.
Caminho Novo (traçado marrom claro)
Aberto pelo bandeirante Garcia Paes, em 1707, como alternativa mais curta ao Caminho Velho: começava no fundo da Baía de Guanabara, subia o rio Iguassú até o porto de Pilar (Caxias) e atravessava a serra da vila de Xerém em direção a Paraíba do Sul. Encontrava o Caminho Velho em Ouro Branco e nele seguia até Diamantina.
Caminho Novo, Alternativa (traçado marrom escuro)
Em 1724, Bernardo Soares de Proença criou uma trilha ainda mais curta e menos íngreme. Essa variante começava noutro ponto da Baía de Guanabara, o Porto Estrela. Seguia o Rio Inhomirim, o Rio Piabanha no alto da Serra da Estrela, passava por onde hoje está Petrópolis, Corrêas, Itaipava, até encontrar o Caminho Novo em Paraíba do Sul. A cidade de Petrópolis existe graças a esta trilha.
Nas próximas postagens, veremos mapas antigos das regiões das estradas reais, histórias interessantes sobre elas e documentos raros descrevendo as viagens - verdadeiro trekking histórico.
(Obs.: Por limitação do tamanho de imagem, o mapa acima deixa de mostrar o trecho de Ouro Preto a Sabará e Diamantina)
(continua...)
Fonte Mapas Antigos, Hiastórias Curiosas!http://www.serqueira.com.br/mapas/cam1.htm


quarta-feira, 6 de julho de 2011

Transcrição: Alteração toponímica distrital Soledade de Itajubá para Delfim Moreira, alterado pelo Decreto-lei estadual nº 148, de 17-12-1938. Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros - Volume XXV ano 1959.

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Publicação intitulada “A Diocese de Pouso Alegre, no seu ano jubilar de 1950” afirma que o descobridor das minas de Itajubá, também designadas por Caxambu, foi o sargento-mor Miguel Garcia, que para ali se transferiu com sua família. Essa descoberta foi anterior a 1723, pois nesse ano ali residia o Padre João da Silva Canato, ocupado em mineração. Da mesma publicação consta que o Governador da Capitania de São Paulo, D. Rodrigo César Menezes, expediu Portaria datada de 14 de fevereiro de 1724, ordenado a Francisco de Godoy Almeida, escrivão da Guarda-moria de Taubaté, proceder o recolhimento de tributos referentes à exploração das minas de Itajubá. Em 1746, reavivaram-se as questões de limites entre as Capitanias de Minas e São Paulo. Na região de Itajubá (Delfim Moreira), sofreram modificações as respectivas divisas que foram pelo alto da serra da Mantiqueira. E em decorrência disso, as minas de Itajubá, descobertas, povoadas e até então governadas por São Paulo, passaram a pertencer ao Estado de Minas Gerais. Ainda por força do Decreto-lei nº 148, foi o município colocado sob a jurisdição do termo e comarca de Itajubá.
Fonte pesqusada em 06 de julho de 2011 http://migre.me/5cg28
NOTA:  Quando nos referimos a questão de divisa no contexto constituído pela Minas de Itajubá, atual Delfim Moreira, estamos falando dos limites divisórios do Núcleo Embrião de Piquete e um conflito Histórico. O mesmo acontece no caso do sitio arqueológico encontrado na região do "Curral", tais como, vasos funerários e armas indígenas. Podemos cogitar da possibilidade da tribo dos índios Puris, fixada no contra forte da Mantiqueira, jamais haver transposto a Serra Mantiqueira em direção a essa região?  Marmelópolis documentalmente é reconhecido como Estrada Real? Rep Certo. Não fosse a Garganta da Meia Lua, o caminho em continuidade, por que razão esse caminho continuaria a ser trilhado pelos que vem da Região do Sul de Minas em peregrinação? Por que existem mapas cujo traçado torna impossível excluir a Região de Piquete em continuidade? Resp. Porque Piquete fica a jusante da Serra que chora. Considerando que esse transito, tendo em vista a datação do descoberto, antecede ao ano de 1723. É possivel afirmar que, estamos diante de um caminho pré-histórico, uma vez que os desbravadores utilizavam trilhas índigenas, nas entradas para Sertão. Sabido que estamvos nos referindo ao Sertão dos Índios Bravos, do Sertão da Mantiqueira. Ademais, tendo em vista a "Portaria datada de 14 de fevereiro de 1724, ordenando a Francisco de Godoy Almeida, escrivão da Guarda-moria de Taubaté, proceder o recolhimento de tributos referentes às exploração das minas de Itajubá" é possivel afirmar que o Registro de Itajubá, foi instalado nesta mesma ocasião.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Sentimento de pertencimento

Contexto:  Pertencimento, ou o sentimento de pertencimento é a crença subjetiva numa origem comum que une distintos indivíduos1. Os indivíduos pensam em si mesmos como membros de uma coletividade na qual símbolos expressam valores, medos e aspirações. Esse sentimento pode fazer destacar características culturais e raciais\
Fonte pesquisada em 06 de julho de 2011 - http://migre.me/5bEoF


domingo, 3 de julho de 2011

VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE NAS MINAS GERAIS DO SÉC. XVIII (Mônica Maria Lopes Lage)1

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Este artigo da revista “DIVERSA” me fez examinar a literatura que aborda a temática da violência e da criminalidade no Brasil,  especialmente os trabalhos que objetivam compreender as raízes históricas do problema. No conjunto desta vasta produção, deparei-me com a obra Geografia do crime, escrita por Carla Maria Junho Anastasia e publicada pela Editora da UFMG. Trata-se de importante estudo sobre os problemas da imposição da ordem  pública nas Minas setencentistas, que nos permite discutir o papel histórico da violência na constituição das relações sociais e pensar sobre o lugar das autoridades na manutenção da ordem pública.  Geografia do crime retoma trabalhos anteriores da autora, a  exemplo do livro Vassalos rebeldes, todos eles perpassados por uma mesma preocupação central: a imprevisibilidade da ordem social nas Minas Gerais do século XVIII. 1 - Licenciada em História pelas Faculdades Pedro Leopoldo. Mais uma vez a autora compulsou volumosa documentação de arquivos brasileiros e portugueses, destacando-se as cartas trocadas por autoridades da Capitania e outras fontes manuscritas oficiais da Secretaria de Governo e da Seção Colonial do Arquivo Público Mineiro, além de vasta bibliografia que inclui relatórios, memórias e narrativas de viajantes redigidos nos séculos XVIII e XIX. Em Geografia do Crime, Carla Anastasia analisa o banditismo na Capitania do ouro, as ações violentas de quilombolas, escravos e homens livres pobres, os desmandos e abusos praticados por autoridades coloniais, de  maneira a demonstrar a presença endêmica da violência e do descontrole no território mineiro.    A violência dos facinorosos nos sertões, os comportamentos dos bandos de criminosos – como a quadrilha da Mantiqueira, os contrabandistas de Macacu e o bando do Sete Orelhas – e as arbitrariedades dos potentados são referidos às especificidades político-administrativas da Capitania e às diversas possibilidades que nela havia para a generalização da violência. Conforme Anastasia, a existência de enormes áreas onde a Coroa não conseguia penetrar e a ocorrência de constantes conflitos de jurisdição e atuação das autoridades foram os fatores que possibilitaram a disseminação da violência interpessoal e do mandonismo bandoleiro. Por conseguinte, a paisagem da Capitania teria sido marcada pela presença de muitas regiões, principalmente de serras e matas, que constituíram campos de exercício da tirania, nos quais as vontades de chefes prevaleceram graças à violência armada e à intimidação física.
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O livro é dividido em quatro partes, que podem ser lidas separadamente. Na primeira delas, a historiadora sintetiza informações sobre o processo de ocupação das Minas Gerais e examina as estratégias empregadas para dotar a região de estrutura político-administrativa. Ressalta o fato de que a descoberta e a exploração do ouro provocaram um rush populacional no início do século XVIII. Neste período, milhares de pessoas de vários lugares da América portuguesa e do exterior vieram para Minas Gerais em busca de ouro, o que redundou numa ocupação desorganizada da Capitania. Segundo a autora os caminhos que levavam ao ouro eram três: o de São Paulo, o Caminho Novo do Rio de Janeiro e o caminho do Rio São Francisco, conhecido como Caminho Geral do sertão. O grande número de pessoas que percorriam estes caminhos embalados pelo mito do  enriquecimento fácil e rápido influenciou no desenvolvimento de uma atividade agrícola razoável, na construção de ranchos e na intensificação das trocas comerciais. Entretanto, nestes caminhos também se instalou uma verdadeira rede de violências e crimes que eram cometidos amiúde. Sendo assim, os viajantes que percorriam os caminhos para as Minas admitiam a possibilidade  de não chegarem ao destino. Por isto, muitos deles, antes de viajarem, deixaram testamentos prontos, nos quais especificaram diversas questões, dentre elas até como gostariam de serem enterrados. Neste período, a Coroa ainda não exercia uma presença marcante na região. Ao sinal das primeiras aparições de ouro, a medida imediata da Coroa foi normatizar a arrecadação tributária, especialmente quanto à cobrança do quinto. Somente mais tarde é que a Coroa se preocupou de fato com as questões relacionadas à distribuição de terras e criação de meios para a punição dos praticantes de violências. Desta forma, foi a partir da Guerra dos Emboabas (1709-1710) que a Coroa passou a exercer um controle efetivo nas  áreas mineradoras. Entretanto, para Anastasia as tentativas das autoridades locais de impedir a violência e manter a paz pareciam não ter resultados positivos. Nada continha a violência, embora tivessem sido lançadas diversas medidas como a proibição da venda de aguardente e do uso de armas de fogo e expedidas pelo Estado continuamente ordens para matar, prender ou expulsar das Minas todos  os suspeitos. Por todo lugar existiam ladrões, homicidas e estupradores, pessoas dispostas a armarem rebeliões ou incendiarem os sertões. Agrava o quadro de perigos na Capitania, além da numerosa presença de gente que não tinha respeito pela Lei e por Deus, a situação que Carla Anastasia denomina de “concorrência de impressões”, referindo-se à atuação da máquina de governo. Conforme a autora, acontecia que o rei delegava competência aos seus ministros e deles esperava obediência; porém, os  ministros, munidos de delegação do poder real, ultrapassavam suas competências acreditando ter uma autonomia superior a que realmente lhes fora concedida pelo soberano, e, desta forma, acabaram muitos deles desobedecendo os governadores. Assim, a “concorrência de impressões” gerou um baixo grau de institucionalização política nas Minas Gerais setecentistas, permitindo a generalização das arbitrariedades e a exacerbação da violência. 
O terceiro capítulo do livro de Carla Anastasia discute a ação de alguns bandos criminosos que agiram em diferentes áreas da Capitania, espalhando o medo em áreas que, por motivos de interesse maior da Coroa, haviam sido objeto de decretos que proibiram a ocupação e mesmo o deslocamento de transeuntes ao longo de seus caminhos. Estes pedaços desertos da Capitania acabaram como espaços convidativos para ações de criminosos. O primeiro  destes bandos criminosos apresentado pela autora atuava na Serra da  Mantiqueira, e seu líder recebeu a alcunha de “Montanha”. Montanha não era criminoso e sim um contrabandista que vivia pelos caminhos a extraviar o ouro. Vestia-se com fardas de integrantes da patrulha do mato e era extremamente temido pelas autoridades, devido ao seu caráter extremante vingativo.  
Fonte pesquisada em 03 de julho de 2011 - http://migre.me/5ah9V
NOTA: A transcrição do artigo abordando a temática da violência e criminalidade no Brasil, pelos próprios escritos aos quais tive acesso até o presente momento, relativamente ao período colonial, coloca o Núcleo Embrião de Piquete, que se constituía no Sertão Bravio, Sertão da Mantiqueira, como lugar perigoso condição atribuída a presença de Quilombos, salteadores, e indivíduos facinorosos. Tenho elementos para afirmar que os cognominados índios bravos que neste contexto viviam, formam cruelmente trucidados, para tanto basta passar os olhos pela obra de Paulo Pereira dos Reis (O Indígena do Vale do Paraíba). Os quilombolas eram motivo de constantes preocupações em cartas trocadas entre autoridades e alvo da tirania em busca de suposta ordem.  Existe uma História de crueldade que precisa ser contada. Os maiorais de Lorena puderam presenciar o "bondoso" Conde de Assumar em 1717, quando de sua passagem  Guaratinguetá, presidindo um verdadeiro tribunal de exceção pois que, de modo sumário houve a conclusão  pela morte na forca de um cidadão, após decisão do juiz da Vila, restando claro não haver existido por parte do acusado, qualquer oportunidade ou garantia do contraditório e ampla defesa. 
 

TRANSCRIÇÃO: O POVOAMENTO DAS TERRAS E SERTÕES DE GUARATINGUETÁ SESMARIAS E SESMEIROS DO SÉCULO XVIII (Joaquim Roberto Fagundes)

 A ocupação de terras na vila de Guaratinguetá teve inicio em meados do século XVII, através das chamadas doações de sesmarias, ou sejam, grandes extensões de terras doadas àqueles que estivessem em condições de nela se fixar e dela cuidar, juntamente com família e cabedais. Foi uma das maneiras como se deu a ocupação de terras no Brasil, principalmente na Capitania de São Paulo, sem mencionar, é óbvio, outros mecanismos utilizados, como a posse ilegal e a compra-venda. Sua extensão variava de acordo com a localização e com o solicitante, medindo, em sua maioria, meia légua, uma légua (6.000 m) ou légua e meia, pelo sertão (fundos) e pela testada (frente).
No século XVIII, as doações tiveram continuidade, muito embora já não fosse a única modalidade de adquirir, existindo também a compra e venda. Algumas sesmarias eram de terras devolutas, outras eram novamente doadas por falta de confirmação pelo Rei, outras revalidadas pelo mesmo proprietário, algumas já possuíam posse anterior, ou foram compradas de terceiros, com expedição de nova Carta de Sesmaria.
Em sua maioria, as terras eram solicitadas por uma petição dirigida ao capitão-general da Capitania, se valendo da necessidade de estabelecimento em terras para o cultivo e sustento da família, declarando, para isso, ter cabedais suficientes. O individuo que recebia a sua Carta de Sesmaria se via obrigado a medir e confirmá-la num prazo de dois anos, ocorrendo em perda, caso não cumprisse. Os registros eram feitos em livros próprios do governo da Capitania, hoje conhecidos como Sesmarias, Patentes e Provisões, com exceção do período de 1748 a 1765, quando foram registradas em livros da Alfândega da Praça de Santos, que por sua vez, estava administrativamente vinculada à Capitania do Rio de Janeiro
RELAÇÃO DE ALGUNS SESMEIROS NO SÉCULO XVIII
Até o penúltimo quartel do século XVIII o território da vila de Guaratinguetá compreendia uma imensa área, abrangendo as vilas de Lorena e Cunha, e o vale histórico, até as divisas com o Rio de Janeiro, no rio Piraí.
No presente texto, foi considerando apenas as sesmarias doadas nas áreas correspondentes aos atuais municípios de Roseira, Aparecida e Potim.
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DOMINGOS RODRIGUES CORREIA Terras entre a Serra da Mantiqueira E O Caminho velho, com meia légua de terra de largo e uma de comprido, que faz um ribeirão que vem da mesma serra e outro chamado do hubahy, no fim das terras da Capoeira Grande. 

Fonte pesquisada em 03 de julho de 2011 http://migre.me/5a5tG
Nota:

sábado, 2 de julho de 2011

ROTAS PARA ALÉM MANTIQUEIRA, PASSAGEM PARA MINAS DO OURO E OS POVOS PRÉ-HISTÓRICOS

SÍTIO ARQUEOLÓGICO DE ANDRELANDIA, SUL DE MNAS:
O sítio rupestre da Toca do Índio, situado na Serra de Santo Antônio, não é o único sítio arqueológico de Andrelândia.
Em todo o município são encontrados vestígios pré-históricos que comprovam a ocupação da região pelo homem há milhares de anos.
Os vestígios encontrados pelo NPA na região são registrados e comunicados ao IPHAN e ao Setor de Arqueologia da UFMG. Vários trabalhos científicos já foram produzidos pelos arqueólogos da UFMG com base no material encontrado em Andrelândia.
Dentre os principais vestígios, destacam-se: Instrumentos Líticos
Ferramentas e objetos líticos [do grego Lithikós = pedra] são comumente encontrados por lavradores quando do preparo da terra para o plantio. Machados, soquetes, bigornas, pontas-de-flecha, são alguns dos vestígios pré-históricos localizados em toda a região de Andrelândia.
Vestígios Cerâmicos
O achado de cacos cerâmicos pré-históricos é também muito comum na região de Andrelândia, principalmente no Vale do Rio Turvo Grande.
Sabe-se que os povos pré-históricos dominavam bem a arte cerâmica, produzindo utensílios para o uso doméstico e pessoal (potes, panelas, cachimbos etc), para a decoração de outras peças (raras caretas que aparentemente eram utilizadas como apliques) bem como para o sepultamento de seus mortos (urnas funerárias).
Em Andrelândia registra-se a presença de cerâmicas pré-históricas ricamente decoradas, destacando-se as unguladas, pseudo-unguladas, ponteadas, corrugadas e espatuladas. Há registro também de cerâmicas pintadas, com detalhes visíveis em vermelho e branco.
Pinturas Rupestres
Além do sítio da Toca do Índio, o NPA já identificou pinturas rupestres (do latim rupestris = traçado sobre pedra) em outros quatro locais no município de Andrelândia, sendo três deles na Serra do Turvo e um na divisa com o Município de Madre de Deus de Minas. (1)
EXTREMA, SUL DE MINAS: SITIO RUPESTRE, PEDRA DO ÍNDIO - Descrição: Sítio arqueológico, localizado em propriedade particular, no Bairro da Fazenda do Matão. Chega-se ao local realizando uma caminhada de 15 minutos (subida) em trilha que parte da margem esquerda da Estrada da Laje.O local era usado como abrigo por populações pré-históricas. Lá encontram-se inscrições rupestres. (2)
(1) Fonte: NÚCLEO DE PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS DO ALTO RIO GRANDE http://www.npa.org.br/NPA_estrada_real.htm
(2) Fonte DEPARTAMENTO CULTURAL DE TURISMO E CULTURA DE EXREMA-MG http://migre.me/59TOR
Nota; A  Serra da Mantiqueira que se constitui em um Grande Complexo  Rochoso, sempre foi um dos Grandes obstáculos, no que tange aos caminhos percorridos  pelos que seguiam em  demanda dos Sertões da Gerais.  Relativamente ao caminho novo, no “Caminho do Comércio” ou “Caminho do Rio Preto, considerado como sendo,  variante do  caminho  objetivando facilitar o trânsito de comerciante e tropas entre São João Del Rei e Rio de Janeiro, temos evidenciado a presença de povos pré-históricos em Andrelandia.  As mesmas evidências são constatadas no caminho em demanda da Gerais,  pelo   Vale do Camanducaia no trecho da Serra do Lopo,  onde se localiza a cidade de Extrema.  Eis a pergunta que não quer calar. Haveria o ponto mais baixo para travessia da  Serra da Mantiqueira a Garganta do Embaú, de não se constituir em passagem obrigatória de utilização pré-histórica ?  

Minas Gerais e São Paulo: Autor: Ricardo Carrijo de Vilhena

A questão bicentenária dos limites territoriais entre Minas Gerais e São Paulo perdurou desde e século XVIII até o século XX, intrigava-nos o fato de o sul de Minas ter a conformação física que possui e desde muito tempo estar mais integrado à influência política e econômica paulista desde os primórdios da colonização.
Através da análise de documentos e fontes cartográficas desse processo histórico, extraímos informações importantes sobre a ocupação, o povoamento e as disputas por esse território. As outroras Capitanias de São Paulo e Minas Gerais, convertidas em Províncias no Império e mais adiante transformadas em Estados – membros da União na República não buscaram uma efetiva solução para o problema, considerando melindroso por envolver regiões importantes. Cada região irá se tornar apta no decorrer dos acontecimentos históricos a manifestar a sua vontade de pertencer a este ou aquele estado já no século XX.
O processo de formação das divisas dos estados de Minas e São Paulo foi delineado a partir da Capitania de São Vicente, com objetivos de escravizar os indígenas do “sertão desconhecido” e a busca por metais e pedras preciosas fez com que a Coroa Portuguesa conquistasse áreas territoriais além da linha divisória do Tratado de Tordesilhas. A centralização política do período colonial e a pouca ocupação do território pelos entrantes lusos não geraram problemas litigiosos, porém com o decorrer do desenvolvimento humano e econômico de certos lugares acentuam-se a demanda a principal reclamação que era a bi-tributação; dois governos cobrando impostos na mesma área.
A Capitania de São Vicente passa a se denominar Capitania de São Paulo em 1698 e a “Villa de São Paulo” já se tornara sede desta em 1683. Contendo 150 léguas de Costa, do Rio Macaé até Laguna; para o oeste o centro-sul do Brasil atual até o Alto Peru (Bolívia) e Paraguai.
A expansão colonial européia (séculos XV e XVI) insere a América Portuguesa como parte integrante do seu “império ultramarino”. Os lusitanos procuravam meios de transformar a sua combalida economia e o Brasil oferecia condições para esse projeto. Interesses definidos como encontrar metais preciosos, produzir produtos tropicais comercializáveis na Europa para promover o desenvolvimento da metrópole portuguesa.
Dentro desse quadro o governo luso estimula a exploração mineral, oferecendo títulos de nobreza, privilégios e honrarias. As precárias condições de vida da sociedade colonial vicentina no final do século XVII, acrescido de um certo isolamento em relação as demais capitanias hereditárias e mais a experiência adquirida com os atritos violentos com os indígenas provocou o fracasso do projeto de agroexportação açucareira obrigando os seus habitantes a buscar novo empreendimento.
Da Capitania de São Paulo e em especial de sua sede partiram as expedições que penetraram e povoaram as áreas de Minas Gerais, o chamado “sertão dos índios cataguases”. Expedições percorreram a “Amantikira” (Serra da Mantiqueira) encontrando as nascentes do “rio Jetycahy” (Rio Grande). Fernão Dias Paes Leme, bandeirante paulista funda o primeiro arraial das Minas Gerais, a “Ibituruna”, outras expedições como as de Diogo Gonçalves Laço e Francisco Proença, seguindo o rumo dos rios “Araraquara e Mogiguassú” alcançaram o “Sapucahyguacú” e percorrendo o vale do Rio Grande até a sua cabeceira e desta ao lugar chamado “Mhaú” ou “garganta de serra” na Mantiqueira de onde passava o fluxo de viajantes de São Paulo para as “Minas” mais adiante.
À medida em que a atividade mineradora se desenvolve e mais pessoas chegam às “gerais”, a coroa tentava de alguma forma organizar a região, não havia uma noção precisa da dimensão do território, isso fazia com que os paulistas imaginassem que estavam próximos ao Alto Peru, ou melhor, Potosi de onde os espanhóis extraiam grandes quantidades de prata.
A sociedade mineradora do início era formada basicamente por aventureiros, pessoas do sexo masculino, é rara a presença de mulheres, a precariedade, a pobreza e a provisoriedade são marcantes. O ouro de superfície exigia poucos capitais. Segundo alguns registros da época havia a presença de “marginais”, pessoas que vinham de vários lugares e sem recursos disponíveis. Uma sociedade improvisada, desagregada e muito violenta, não existia autoridade nem leis que ordenassem os grupos sociais dessa região. Além do mais os colonos tiveram que expulsar e matar as várias tribos indígenas, primeiros moradores desse sertão.
O estado português respondeu mal às mudanças do século XVII, não se implementou soluções efetivas no local da mineração, somente irá ocorrer uma certa organização administrativa com o decorrer do tempo e isso após distúrbios sociais e essencialmente pelo interesse na eficiência da arrecadação dos tributos. Nesse primeiro momento todas as tentativas de controlar a região vão falhar, pela pouca permanência do poder central e também pela lógica do modelo econômico explorador adotado. Até 1709, a sociedade era auto-organizada e as relações muito instáveis. Na mineração não se levava família, havia todo o tipo de estropiado social, as pessoas pensavam em se enriquecer e voltar para casa em São Paulo, na metrópole ou nas demais capitanias da América Portuguesa. Era uma “atividade de fronteira”, ficando entre a estabilidade e a precariedade até as primeiras décadas do século XVIII.
Os vicentinos e paulistas entraram em choque com os forasteiros, os “emboabas”, pela prospecção do ouro, dissensões que resultaram na “Guerra dos Emboabas” em 1708. Os primeiros exploradores vindos da Capitania de São Paulo achavam-se com direitos maiores às “minas”, porque haviam se tornado seus descobridores. O modo de vida dos forasteiros também gerava ressentimentos em relação aos paulistas, os “emboabas” vinham de fora, de outras regiões que tinham produção econômica superior à São Paulo, tinham condições de vida melhor, isso contrastava com a miséria e precariedade dos paulistas.
Dissensões que poderiam ter ocorrido entre os paulistas, os vicentinos e os do vale do Rio Paraíba do Sul pois tal era o clima de instabilidade nas “minas”. Esses fatores passaram como pretexto para a Coroa criar a ordem, elaborando leis na tentativa de controlar e efetivar a arrecadação fiscal.
Em 23 de novembro de 1709, D. João V criava a “Capitania de São Paulo e Minas de Ouro”, abrangendo os sertões de 9 antigas donatárias que vinha desde o litoral em Laguna (hoje Santa Catarina) até o Maranhão.
E mesmo assim o problema não foi solucionado, havia o receio de um novo levante daquela população insatisfeita principalmente uma revanche dos paulistas. A metrópole buscou mediante alvarás e cartas régias cobrar ordem aquele caos e atendendo as reivindicações dos mineradores elevou à condição de “villa” (município) algumas localidades.
Nossa Senhora do Carmo (Mariana), Vila Rica (Ouro Preto) Nossa Senhora da Conceição do Sabará (Sabará) em 1711 tornam-se “villas”, em 1713 para o sul não havia nenhuma vila, foi criada no “arraial do Rio das Mortes” a “Vila de São João Del Rey”, que nos interessa mais nesse comentário, por estar próxima à contenda litigiosa.
Com o aumento de impostos a partir de 1710 houve um maior controle da produção colonial do ouro ao mesmo tempo estimulando a corrupção e o contrabando.
O “quinto” permaneceu por maior tempo como imposto principal.
O ouro era fundido nas “Casas de Fundição” para ser retirada a quinta parte que pertencia ao erário régio. Outras modalidades de impostos foram a “frita”, que em 1713 substituiu o “quinto” e a “taxa de capitação” que vigorou de 1735 a 1751.
O descontentamento da população provocada pela mudança no pagamento desses impostos em 1720 provoca uma revolta em Vila Rica, comandada pelo português Filipe dos Santos reclamando o fechamento das “Casas de Fundição” e o fim do monopólio português no comércio de sal e mais o perdão incondicional dos rebelados. O Conde de Assumar capitão-general da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro prendeu os revoltosos e executou a Filipe dos Santos assumindo poderes de que legalmente não dispunha, pois qualquer medida de execução era poder exclusivo do rei.
O Conde de Assumar apoiado pelo Vice-Rei do Estado do Brasil, Marquês de Angeja requer do Rei D. João V um governo separado de São Paulo e sediado nas “Minas” isso para aumentar o controle social e arrecadatório de impostos na região. Pelo Alvará de 02 de dezembro de 1720 era criada a Capitania de Minas Gerais distinta de São Paulo tendo como limites onde se lê: “determino por limite do sertão, pela parte que confina com o Governo de Minas os mesmos confins que tem a Comarca da Ouvidoria de São Paulo, com a Comarca da Ouvidoria do Rio das Mortes” isto é o sertão ignorado e impreciso (Moraes Filho, 1920, p. 15).
A instalação da Vila de São João Del Rey desmembrada de Vila Rica em 1713 foi conservado os mesmos limites entre Vila Rica e a Vila de Guaratinguetá (que pertencia a Comarca de São Paulo) e mais a criação da Comarca do Rio das Mortes cuja a sede era São João Del Rey chamava a atenção das autoridades mineiras a “Serra da Mantiqueira” como baliza natural entre as “minas” e São Paulo.
As autoridades da Câmara de Guaratinguetá fincaram um “marco” no Morro do Caxambu que era mais ou menos a metade do caminho entre Guaratinguetá e São João Del Rey, lavraram um “Auto de Posse” em 1714. A Câmara de São João Del Rey mandou arrancar o marco de pedra e levá-lo para o alto da Serra da Mantiqueira conforme havia sido decretado em reunião de 06 de abril de 1714.
Nesta determinou-se que o limite sul da Comarca do Rio das Mortes fosse a Serra da Mantiqueira e a oeste o Sertão desconhecido.
Com a descoberta de ouro à sudeste da estrada que ligava Guaratinguetá a São João Del Rey, a posse por esse território foi disputada pelos dois governos, durando pouco a dominação paulista na região da Campanha até as margens do Sapucay-Guaçú, embora apoiando esse limite da Serra da Mantiqueira até o Rio Sapucay – Gauçu, até o Rio Grande e desse que serviu de limite entre o novo governo de Goyás em 1748 (Provisões de 1747 e 1748). Porém no documento real aparece uma cláusula facultativa “ou por onde nos aprouver”, Gomes Freire governador da Capitania do Rio de Janeiro trocou a divisa não pelos rios mas pelos divisores de água entre as bacias do Rio Grande e Sapucay – Gauçú.
Gomes Freire deu instruções a Thomaz Rubin, ouvidor da Comarca do Rio das Mortes para fazer a demarcação. Este contrariou as instruções de Gomes Freire retirando o marco de pedra da Serra da Mantiqueira para o “Morro do Lopo” próximo a Atibaia.
Em 1748 São Paulo perde a sua autonomia ficando sob a jurisdição de Gomes Freire, assim como nas Capitanias do Rio Grande e Santa Catarina, desmembradas do território paulista, em respectivamente, 1738 e 1740.
Após 17 anos, em 1765 foi reestabelecida a Capitania de São Paulo, sob o governo de D. Luiz Antonio de Souza (Morgado de Mateus) que reclama a questão do “Morro do Caxambu” como ainda aberta.
O governador de Minas D. Luiz Diogo Lobo da Silva comanda uma expedição com mais de trezentos soldados tendo Cláudio Manoel da Costa (futuro inconfidente) como secretário, para coibir o extravio de ouro nas raias da capitania, além de construir “registros” de fiscalizações nos pontos mais importantes para arrecadar os impostos.
Com a situação criada pelos dois governos, o Vice-Rei Conde da Cunha convoca uma comissão que através de longa exposição de motivos era unânime que a divisão seguisse o “Assentamento de 12 de outubro de 1765”, a divisão pela Serra da Mantiqueira e pelo Rio Sapucay – Guaçú até o Rio Grande. O plano da divisão não recebeu a sanção do rei, este temendo a diminuição da arrecadação do ouro para a contribuição das 100 arrobas anuais, não definiu precisamente as divisas. Os sucessores do governador paulista Morgado de Mateus mantiveram a situação tal como se encontrava até que com a descoberta de ouro nos “sertões de Jacuí” e diamantes no vale do Ribeirão das Canoas acirrasse a questão o que ocorrerá no século XIX.
As questões locais reaparecem entre Jacuí e a futura Franca tendo o “Sertão do Aterrado de Dezemboque” (Ibiraci) e região, como pivô central. Sendo explorado por faiscadores e caçadores do índios paulistas e tendo sesmarias ao longo da “picada de Goiás”. Os paulistas exploraram essa região também habitadas pelos “ferozes” índios Caiapós (antropófagos) e pelos negros escravos fugidos das Gerais nos quilombos do Mandú, Zundú, Dumbá, Itapixé, Muzamba, Capetinga, Cascavel e outros, levaram as autoridades mineiras a “limpar” aquele sertão dos seus moradores indesejados, inclusive os “faiscadores” de São Paulo considerados “vagabundos” “vadios” e “bandoleiros”, “pessoas sem lei e sem rei” pelos mineiros. Assim, em 1755 as três Comarcas de Minas, Vila Rica, Rio das Velhas, Rio das Mortes financiaram uma expedição liderada por Pedro Franco Quaresma para efetuar a “limpeza” daquele vale do Ribeirão das Canoas. Por isso Minas Gerais alegava a posse desse território e mais a posse da estrada que ligava Jacuí ao Desemboque (Arraial do Rio das Velhas).
Em 23 de maio de 1903, São Paulo e Minas celebram um convenio, que foi modificado em 1912, mantendo os limites tal qual se encontravam em 15 de novembro de 1889. Alguns autores enumeram que até 1889 houve sete demarcações entre elas em 1720, 1731, 1747, 1764, 1765, 1802 e três “status quo” em 1760, 1798 e 1889, e consideram que “depois de 1765 não houve demarcação alguma que fosse definitiva”.
Outras tentativas ocorreram em 1905, 1917 em um Congresso de Geografia e, 1920 pela ocasião da Conferencia de Limites Interestaduais tendo Epitácio Pessoa, o Presidente da República nesse ano como árbitro a linha Conciliatória que não foi aceita no acordo até que somente em 1936 através das comissões de limites mineira e paulista resolvessem a questão ouvindo os moradores das regiões envolvidas.
Nota: O compromisso do professor Ricardo Carrijo de Vilhena com a verdade Histórica, proporcionou em definitivo mais um passo seguro na minha busca pelo reconhecimento da relevância Histórica do Núcleo Embrião de Piquete, outrora, Sertão dos Índios Bravos, Sertão da Mantiqueira, Sertão Desconhecido. Eis a sentença: “COM A DESCOBERTA DE OURO À SUDESTE DA ESTRADA QUE LIGAVA GUARATINGUETÁ A SÃO JOÃO DEL REY”
 Meu Deus! Estamos falando de uma estrada existente no contexto de caminhos para Minas em alternativa a Garganta do Embaú? Essa estrada localiza-se na área que veio a se constituir no Núcleo Embrião de Piquete, uma vez que oficialmente reconhecida como Estrada Real nesse espaço, além da Garganta do Embaú, só existe o caminho que nos conduz a transposição da Serra da Mantiqueira pela Garganta da Meia-Lua? Que por sua vez, desemboca na exata localidade das Minas de Itajubá, que veio a se denominar, Delfim Moreira, espaço esse que continha o a área hoje ocupada por Marmelópolis. Ainda que possa surgir dúvida quanto ao ponto de referência da Estrada em questão, reconhecida pelo Coroa Portuguesa como caminho oficial, para definição do Sudeste temos duas alternativas: a) Ousando considerar que essa Estrada se constituía no caminho em direção a Garganta do Embaú, no Rumo Norte, estando no Núcleo Embrião de Piquete, temos entre o Sul e o Oeste, a região do Alta Sapucaí. Para ser mais exato, dado ao fato de não existir toponímia que não fosse usado como balizamento para orientação, estando no Bairro do Itabaquara, tem se a Sudeste a Garganta do Monte Meia Lua, região por sua vez denominada em outros tempos como Itabaquara de Cima b) Se considerarmos, que essa estrada, que se constitui em caminho denominado como Estrada Real, transpondo a Garganta da Meia Lua, segue, desembocando em Marmelópolis, tendo em continuação o Rumo Norte, em direção a Virginia, Don Viçoso etc., sendo esse seu traçado, percorrido ainda hoje por peregrinos, o espaço que ocupado pelas Minas de Itajubá, estará no mesmo sentido Sudeste da Estrada que ligava Guaratinguetá a São João Del Rey.
Agora, não se tratando de meras evidências, mais de fatos comprovados, os estudos, estatísticos, relativamente aos registros de passagens dão conta de que Guaratinguetá era um grande entreposto, já refletido nesse espaço, visando o abastecimento da região do Alto Sapucaí e região dos Rios das Mortes e São João Del Rey. Possibilitando afirmar que, a estrada esta relacionada diretamente ao traçado mencionado no item “b”. Ou seja, estamos nas Estradas Reais, no caminho que ligava Guaratinguetá, a São João Del Rey, pela Garganta da Meia Lua, essa uma das mais antigas, passando pelo Alto da Serra, espaço colonial de Piquete, caminho de Fernão Dias,  em conformidade com o Mapa, bem como no caminho que vindo de Paraty-RJ, até Guaratinguetá-SP, ligando o porto Guaripacaré a Garganta do Embaú,  pelos três dias de viagem, pelas cinco serras altas, passando pelo Registro (Piquete-SP), seguindo em direção da Vila do Embaú, em demanda da Garganta do mesmo nome.  Em conformidade com o Roteiro de Viagem de André João Antonil,  pelas veredas das brumas das terras ermas, como se referiam os portugueses a essa região, segundo Rocha Pombo etc.
Mapa da Capitania de São Paulo de 1776, Estrada Real do  Sertão, via Alto da Serra, espaço Colonial de Piquete-SP
Mapa do caminho do ouro de Paraty-RJ,  via Registro (Piquete-SP)








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