sábado, 24 de julho de 2010

AS ROÇAS DE BENTO RODRIGUES E A PLANICIE PANTANOSA DE LORENA

As considerações sobre a cidade de Lorena no inicio do século XIX  contida no trabalho: “O Cenário da FAGAP : Fragmentos Sobre a Cidade de Lorena PUC-RIO - Certificação Digital N.º 0310244/CA fls. 08", entre outros aspectos  trás a seguinte assertiva: “A planície, embora particularmente pantanosa, pertence à região mais fértil de São Paulo” (4).  Nestas condições eis a pergunta que não quer calar.  Seria possivel existir roças neste contexto, sem que se expandissem em direção ao Núcleo que veio a dar origem a Piquete ? A busca de resposta no meu ponto de vista, passa pelos questionamentos trazidos por renomados cronistas, no que diz respeito ao caminho percorrido por Fernão Dias Paes Leme rumo às minas do Sabarabuçu, jornada iniciada no dia 21 de julho de 1674. Senão vejamos. Afirmam uns que foi pelo Vale do Paraíba e dali penetrou em Minas. Outros, que ele teria trilhado o caminho de Pedro Castanho Taques, o velho que realizou varias entradas nos sertões da capitania” (Barros Ferreira) (2). “Mas por um atestado da Câmara de Taubaté deduz-se que Fernão Dias passou por ali, seguindo por Vituruna, Paraopeba, Sumidouro do Rio das Velhas, Roça Grande, Tucumbirã, Itamerendiba. Esmeraldas, Mato das Pedrarias e Serra Fria” (ibidem). O cronista Paulo Prado em sua obra “PAULISTICA” esclarece que, em resposta a solicitação da coroa entre as expedições organizadas, para o sertão dos Cataguazes se encaminhou a tropa de Lourenço Castanho Taques; para a serra de Sabarábuçu, “em procura dos legendários tesouros” seguiu depois de demorados preparativos, Fernão Dias Paes...” (1) pag. 129. Não obstante aos escassos documentos relativamente a bandeira de Fernão Dias, Paulo Prado traz a seguinte informação; “Já em dezembro de 1665 estava ele (Fernão Dias) em correspondência com Barbalho, resolvido a conseguir a jornada das Esmeraldas, planejando-a para maio próximo, e para o que cuidava já dos mantimentos” (1) pag. 130. Após citar esse cronista que em 30 de outubro de 1672, foi passado a Fernão Dias patente para promover a expedição afirma: “Só indícios, fornecidos pelas roçadas, para plantações, fornecem a diretriz do caminho seguido pela bandeira até o Sumidouro, onde se deteve cerca de quatro anos em pesquisas e lutas ainda mal conhecidas” (1) pag. 131. Nessa oportunidade ouso afirmar que as roças de Bento Rodrigues, destinatário da patente em sucessão a seu pai, com vista ao descobrimento das minas, não estava no meio do nada. Sendo certo que, o trecho percorrido em 03 dias a partir o porto Guaypacare ao pé da serra, tinha em sua abrangencia o núcleo embrião de Piquete, pelas cinco serras altas, do Roteiro de Viagem de  Andre João Antonil. Ademais, afirma Paulo Prado que; “A mais importante informação resultante da carta escrita por Fernão Dias Paes, na véspera da partida de sua expedição e a resposta é a constatação de que a bandeira partiu aos poucos, pois no Sumidouro já se encontrava instalado estrategicamente Mathias Cardoso que fora antes para estabelecer feitorias (grifo meu) (1) pag. 133. Por derradeiro, citando O. Derby o qual considera como sendo grande serviço prestado pelas Bandeiras a abertura do Caminho de S. Paulo até rio das Velhas, trás Paulo Prado sua própria visão sobre as Bandeiras e Expedições, ao asseverar que: “Outro serviço a assinalar foi talvez a organização do sistema de roças e celeiros que permitiam a exploração de novas terras sem falta do necessário abastecimento” (1) pag. 135.  Considerando a grandiosidade das empresas representadas pelas Expedições e Bandeiras, com envio de pessoal, antecipadamente para estabelecer feitorias. Considerando o reconhecimento do valor da logística constituída na organização do sistema de roças e celeiros, pois, o erro representaria falta de alimento e conseqüente morte, realidades trazidas nos relatos da época. Resta afirmar que, a localização das Roças de Bento Rodrigues, deveu-se indubitavelmente a sua visão estratégica fundada em uma logística, resultante da experiência, uma vez que participou juntamente com o pai, ainda muito jovem da Histórica jornada e sabia que a partir de Guaratinguetá, onde começava o Sertão dos Índios Bravos e a serraria, seu controle sobre a produção do necessário a transposição do trecho, o livraria da exploração imposta pelos preços exorbitante dos alimentos, em conformidade ainda, com os relatos de Andre João Antonil, bem como de outros riscos como da morte por inanição de sua tropa.
1) Prado, Paulo, Paulística, História de São Paulo, Ed. Companhia Graphica, Ed. Monteiro Lobato, S. Paulo, 1925, pag. 135.
2) Ferreira, Barros, Fernão Dias Pais, O Governador das Esmeraldas, 2.º Edição, Ed. Edições Melhoramento, S. Paulo, pag.  58.
3) Pombo, Rocha Pombo História do Brasil, Volume II, O regime Colonial, W.M.JACKSON INC. EDITORES, 1947. Capitulo X, Integração do Território, pag 304
4) http://migre.me/3ZTwN

sexta-feira, 23 de julho de 2010

NÚCLEO EMBRIÃO DE PIQUETE NO CAMINHO DA JORNADA DAS ESMERALDAS, NO CAMINHO DOS INDIOS DA NAÇÃO PURIS.

A SERRA DAS ESMERALDAS (transcrição de trecho)
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Em 20 de julho de 1674 Fernão Dias escreveu carta a Bernardo Vieira Ravasco em que diz: “minha partida que será amanhã, sábado, 21 de julho de 1674, com 40 homens brancos e tenho quatro tropas minhas com toda a carga de mais importância no serro onde está o capitão Matias Cardoso esperando por mim, o qual me mandou pedir gente escoteira com pólvora e chumbo. Não se sabe na verdade por onde andou a bandeira. Uma hipótese é ter descido o vale do Paraíba rumo a Taubaté, ou à atual Lorena, transpondo a serra da Mantiqueira pela garganta do Embaú, como mais tarde seria tão usual, transpondo os rios Passa-quatro, então chamado Passa-trinta, e Capivari, estabelecendo-se no sítio onde dessa povoação primitiva surgirá mais tarde a cidade de Baependi. Outra hipótese fala em um ponto mais a oeste no território das atuais Minas Gerais, depois de atingido o Atibaia ou o Jaguari. Certamente, depois atravessou os rio Verde e rio Grande, estabeleceu-se em Ivituruna, que segundo o célebre historiador mineiro Diogo de Vasconcelos seria “o primeiro lar da pátria mineira”, e ali teria passado a estação chuvosa (de outubro a março).
No ano seguinte, 1675, deve ter-se posto em marcha, transpondo a Serra da Borda, alcançando a região do campo, tendo no rio Paraopeba, (nome que vem de piraipeba ou rio de peixe chato) fundado o arraial de Santana. Teria depois passado ao vale do rio das Velhas e estabelecido o arraial de São João do Sumidouro. Chegando a este lugar a que os naturais chamavam Anhonhecanhuva - água que some, ou Sumidouro- ficou or quatro anos (talvez de 1675 a 1681), fazendo diversas entradas no sertão que têm os distintos nomes de Sobra Buçu, Subrá buçu ou Sabarabuçu - uma serra a que hoje chamam Serra Negra ou serra das esmeraldas, próxima do Sumidouro) vizinha ao Sumidouro e chamam simplesmente Sabará.
O líder da bandeira é Antônio Rodrigues de Arzão, bandeirante nascido em Taubaté, filho do capitão Manuel Rodrigues Arzão e de Maria Afonso ou Afonso de Azevedo, bisneto paterno de Cornélio de Arzão e de e Elvira Rodrigues; neto materno de João Peres Calhamares e de Margarida Fernandes. Seguindo os caminhos abertos por Fernão Dias Pais (1674-1681), parte para os sertões de Caeté em 1687 com uns 50 homens, entre os quais seu cunhado José Gonçalves de Carvalho, casado com Catarina de Camargo, filha de Fernando Ortiz de Camargo o Moço.  Antes da partida, Padre Antônio abençoa a expedição e, após a missa, as famílias se despedem durante uma festa. Este pode ser um bom momento de interpretação para personagens que estejam fugindo da escravidão ou de crimes cometidos em outros lugares. No dia seguinte à festa, ao nascer do sol, a bandeira parte. Caminha-se por 25 dias, até que os campos são finalmente substituídos por densa floresta. No Itaverava, decide prosseguir até a serra do Guarapiranga, de onde pela manhã avista os píncaros agudos da serra dos Arrepiados que, por efeito da luz, parecem mais próximos. Descendo nessa direção, encontra o rio Piranga, em seu melhor braço, aurífero, e índios da nação puri que lhe falam de um manacial melhor, o do rio Casca, originário da cordilheira. No ramo superior desta, depara-se com o pico chamado Pedra Menina, que tem parecença com o Itacolumi, o que o leva ao engano. 1) http://migre.me/ZBt8 (pesquisa realizada no dia 23 de julho de 2010)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Almanach Perpetuum CARTAS E NOTÍCIAS CURIOSAS DA COLÔNIA referente ao Livro III da Obra de Andre Joao Antonil, Cultura e Opulência do Brasil pelas minas do ouro em especial no que diz respeito ao CAPÍTULO X Roteiro do caminho da vila de São Paulo para as minas gerais e para o rio das Velhas (1)

CAPÍTULO X
Roteiro do caminho da vila de São Paulo para as minas gerais e para o rio das Velhas.
GASTAM COMUMENTE OS PAULISTAS, desde a vila de São Paulo até as minas gerais dos Cataguás, pelo menos dous meses, porque não marcham de sol a sol, mas até o meio-dia, e quando muito até uma ou duas horas da tarde, assim para se arrancharem, como para terem tempo de descansar e de buscar alguma caça ou peixe, aonde o há, mel de pau e outro qualquer mantimento. E, desta sorte, aturam com tão grande trabalho.
O roteiro do seu caminho, desde a vila de São Paulo até a serra de Itatiaia, aonde se divide em dous, um para as minas do Caeté ou ribeirão de Nossa Senhora do Carmo e do Ouro Preto e outro para as minas do rio das Velhas, é o seguinte, em que se apontam os pousos e paragens do dito caminho, com as distâncias que tem e os dias que pouco mais ou menos se gastam de uma estalagem para outra, em que os mineiros pousam e, se é necessário, descanso e se refazem do que hão mister e hoje se acha em tais paragens.
No primeiro dia, saindo da vila de São Paulo, vão ordinariamente a pousar em Nossa Senhora da Penha, por ser (como eles dizem) o primeiro arranco de casa, e não são mais que duas léguas.
Daí, vão à aldeia de Itaquequecetuba, caminho de um dia.
Gastam, da dita aldeia, até a vila de Moji, dous dias.
De Moji vão às Laranjeiras, caminhando quatro ou cinco dias até o jantar.
Das Laranjeiras até a vila de Jacareí, um dia, até as três horas.
De Jacareí até a vila de Taubaté, dous dias até o jantar.
De Taubaté a Pindamonhagaba, freguesia de Nossa Senhora da Conceição, dia e meio.
De Pindamonhagaba até a vila de Guaratinguetá, cinco ou seis dias até o jantar.
De Guaratinguetá até o porto de Guaipacaré, aonde ficam as roças de Bento Rodrigues, dous dias até o jantar.
Destas roças até o pé da serra afamada de Amantiqueira, pelas cinco serras muito altas, que parecem os primeiros muros que o ouro tem no caminho para que não cheguem lá os mineiros, gastam-se três dias até o jantar.
Daqui começam a passar o ribeiro que chamam Passavinte, porque vinte vezes se passa e se sobe às serras sobreditas, para passar as quais se descarregam as cavalgaduras, pelos grandes riscos dos despenhadeiros que se encontram, e assim gastam dous dias em passar com grande dificuldade estas serras, e daí se descobrem muitas e aprazíveis árvores de pinhões, que a seu tempo dão abundância deles para o sustento dos mineiros, como também porcos monteses, araras e papagaios.
(1) Fonte pesquisada em 09 de julho de 2010 - http://migre.me/VETW

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...