sábado, 26 de junho de 2010

VISÕES DAS PAISAGENS DE UM CAMINHO - ASSIM FALOU AN TURISMO JOINVILE

AN TURISMO JOINVILE - Jornada nas trilhas da história
Pico dos Marins é o destino ideal para quem quer unir aventura à tradição
Vale do Paraíba - A serra úmida e nevoenta abriga um imponente maciço que se estende por longo trecho acima do planalto, no Vale do Paraíba, formando uma muralha natural entre os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Nos tempos do Brasil Colônia, essa barreira era vigiada pelos guardas da Coroa, que ali mantinham postos de arrecadação e fiscalização. O ouro extraído das jazidas mineiras era trazido no lombo dos burros em extenuantes jornadas pelas montanhas, para finalmente ser embarcado no litoral do Rio de Janeiro, nas cidades portuárias de Mambucaba e Paraty. Uma das etapas mais difíceis da jornada era cruzar as gargantas do alto da serra, no teto da Mantiqueira.
Hoje, passados quatro séculos, essa charmosa região ainda guarda traços vívidos dos tempos antigos, preservando as tradições dos velhos tropeiros dos caminhos do sopé da serra. Algumas imponentes fazendas do ciclo do café estão sendo restauradas e adaptadas para se transformarem em hotéis. As estradas sinuosas receberam asfalto, mas nos muitos caminhos de terra batida ainda é possível avistar o típico carro de boi e a cangalha do burro de carga. Os aventureiros do turismo radical ganham os cumes das montanhas com suas mochilas coloridas. Pequenos sítios e propriedades rurais são agora novas e aconchegantes pousadas, prontas para receber casais românticos e famílias em busca de lugares diferentes para curtir a natureza.
Neste pequeno território, que pode ser chamado de Himalaia paulista, situa-se o pico dos Marins (2.420 metros), um dos pontos culminantes da Mantiqueira, considerado durante décadas o mais alto do Estado de São Paulo. E é nessa terra de contrastes que também se descortina a cidade de Piquete, sede de um pequeno município de 160 quilômetros quadrados com 70% de seu território tomados por áreas de proteção ambiental, a 200 km da capital paulista. Seu nome deriva das antigas patrulhas (piquetes) que eram feitas pelos guardas da coroa para vigiar a garganta, por onde se esgueiravam os contrabandistas de ouro.
A grande variação de altitudes - entre 696 a 2.400 metros - confere ao local atributos especiais, como um número expressivo de nascentes, cascatas, cachoeiras e riachos, que já tinham seduzido as populações indígenas e depois os tropeiros coloniais que ali se instalaram. Agora, não por acaso, essas terras testemunham um novo ciclo: o do ecoturismo.
Misturando antigas tradições à boa culinária tropeira - ancorada na prática de oferecer pouso e comida aos viajantes, típica das vilas montanhosas -, a região tem tudo para se firmar como um pólo alternativo de turismo da natureza. Trilheiros, ciclistas, praticantes de vôo livre e muitas outras tribos radicais podem buscar nas alturas do Himalaia paulista suas vastas emoções. Os mais acomodados também têm sua chance de passar bons momentos nos confortáveis hotéis-fazendas e pousadas rústicas. Tudo com muito charme, tradição e natureza preservada.
CAMINHOS AO PÉ DA SERRA
O município de Piquete é fruto de caminhos ao pé da serra. O terreno íngreme, de difícil acesso, ajudou a preservar as manchas de mata atlântica, o manancial de muitas águas e os campos rupestres que ainda resistem à atividade humana. Recortado por rios caudalosos como o Mendanha, Passa Quatro, Jaracatiá, Benfica e outros, o lugar desenvolveu-se na esteira do movimento daquelas tropas que por ali passavam.
Os tropeiros costumavam abrir trilhas, muitas delas preservadas até hoje e que agora são utilizadas pelos ecoturistas para eventuais caminhadas e pedaladas. As íngremes encostas das montanhas continuam impondo dificuldades aos caminhantes. Mas foi também graças a elas que boa parte da floresta nativa resistiu à exploração econômica. Os tropeiros caminhavam, em média, 25 quilômetros por dia tocando sua tropa de burros, o que explica a distância entre uma cidade e outra em quase todo o Vale do Paraíba. Os ranchos, que serviam de abrigo aos viajantes, foram se transformando em cidades e bairros rurais.
PEQUENOS RANCHOS
Piquete é um palco vivo desses velhos tempos, considerada a capital do tropeirismo. Muitas famílias dali ainda tiram seu sustento do transporte de mercadorias em cestos colocados no lombo dos burros, pois por causa do terreno acidentado este é o único meio de transporte viável para escoar a produção agrícola dos pequenos sitiantes.
A tropa de burros piquetense é considerada uma das maiores de todo o vale, além de contar também com carros de boi. Para preservar muitos costumes regionais em extinção foi criada a Associação Cultural dos Tropeiros e Carreiros de Piquete, que organiza um arquivo de informações sobre o assunto.
Antigas sedes de fazendas de café do século 19 são outro traço marcante do passado que ainda se busca preservar por ali. Exemplos são as fazendas Santa Lydia e Novo Mundo, bem próximas da cidade. As duas já recebem hóspedes, mas estão investindo na melhoria dos equipamentos para ampliar a oferta de leitos.
Água da pedra
Turistas encontram estrutura de apoio e são surpreendidos pelos contrastes da natureza
Foto: Antonio P. Pavone
Montanhismo exige fôlego
Atingir o topo do pico dos Marins, um dos pontos mais altos do Estado de São Paulo, não é uma tarefa impossível para um ecoturista comum. Os que estão acostumados à prática de montanhismo vão precisar apenas de bom fôlego para vencer os sete quilômetros de "escalaminhada" (misto de escalar e andar). Os carros chegam até a base da montanha e, de lá, só mesmo a pé.
O passeio dura, em média, seis horas (ida e volta) com mochila nas costas. A vista do alto compensa. Pode-se descortinar boa parte do Vale do Paraíba, com a visão das sete cidades mais próximas: Cruzeiro, Cachoeira, Canas, Lorena, Guaratinguetá, Aparecida e Putim.
Quem quiser radicalizar pode fazer a travessia Marins-Itaguaré, com 45 quilômetros. São dois dias andando pela crista da montanha, contornando rochas e outros obstáculos. Para isso é necessário contratar um guia local. Outros esportes radicais, como rapel em cachoeiras e vôo livre, também podem ser praticados no teto da Mantiqueira, que conta uma rampa de asa-delta e pelo menos 47 cachoeiras mapeadas. Para aqueles que buscam um passeio mais tranqüilo, é possível fazer saudáveis caminhadas pelas manchas de matas ciliares que ainda restam.

.VISÕES DAS PAISAGENS DE UM CAMINHO - ASSIM FALOU TEODORO SAMPAIO

TEODORO SAMPAIO; Viagem à Serra da Mantiqueira, Campos do Jordão e São Francisco dos Campos, 1893: As constatações desse roteirista, depois de passado mais de 180 anos, ampliando o que fora registrado por Antonil, ao fazer referências expressas ás 05 serras altas, nominalmente. Deixa claro ainda que, a partir do porto Guaipacaré, seguia-se para o Sertão das Gerais, por um afluente do Paraíba, quando então identifica o rio do ronco. Desta feita, a afirmação da Doutora Andrée Mansuy Diniz Silva, quando de sua analise critica da obra de Antonil, referindo-se rio Limeira, como provável caminho, resulta correto, uma vez que, em dado momento, os rios se compõem. Não restando dúvida de que se tratava de um caminho consolidado. Ou seja, o único caminho para Minas era pela fazenda do Campo e não Campinho. Cujo local deu origem a estação de trem Angelina. Quando então temos a descrição.
A poucos passos de nós que estamos de frente para o enorme paredão, exalçado pelo contraste da planície baixa em que pisamos, a Mantiqueira, esse segundo andar dos nossos terraços continentais, reveste-se então de toda a sua importância. Ali, à nossa direita e para o noroeste, levanta ela o picos ou Agulhas Negras do Itatiaia que vão até 3.000 metros de altitude os mais altos do Brasil, mais adiante e mais perto o belo espécimes de montanhas alcantiladas dos Marins e do Focinho de Cão, deprimindo-se um pouco já fronteiro a nós mostra-nos o notável garganta ou desfiladeiro de Itajubá, e prolongando-se para sudoeste, vai emitindo galhos e esporões pendidos em socalcos para essa planície que o nosso pés, o Paraíba recorta tão caprichosamente.
Da cidade de Lorena onde estamos observando este panorama de montanhas, o horizonte estreito compensa-se pelo elevado dos montes que convidam a imaginação para a escalada dos céus. À nossa frente temos a Mantiqueira, coroada dos mais altos picos do Brasil, pelas costa e ao sul as últimas dobras da serra do Quebra-Cangalhas como um socalco do planalto da Bocaina.
No dia seguinte pelas 5 horas da manhã saímos de Lorena, transportados em troles puxados por valentes muares e chegávamos com rápido percurso de seis quilômetros à fazenda do Campo, à margem do ribeirão do Ronco, propriedade de d. Angelina Moreira de Azevedo.
Depois de breve demora para tomarmos animais de montada, seguimos 10 km por excelente estrada de rodagem para o Piquete, pequena e novíssima vila, na base da serra, centro de um território muito fértil e ricamente dotado de abundantes e cristalinas águas que ai foram rumorosas cachoeiras no trajeto pelo povoado.
Montes de encostas revestidas de possantes montes, ou calvos pela mão operosa do plantador, cingem de mais próximo o horizonte que vai morrer de todo no paredão verde-negro da serra, agora profundamente retalhada.
Belíssimo panorama o que se descortina do alto destes montes, quase a topetar com as nuvens! A encosta que acabamos de vencer rasga-se nos pés em abismo profundo de onde apenas emerge o cimo do mais alto arvoredo. (Sampaio, Teodoro, Viagem À Serra da Mantiqueira, Campos do Jordão e São Francisco dos Campos. Ed brasiliense, pag. 12,13,14,15)

VISÕES DAS PAISAGENS DE UM CAMINHO - ASSIM FALOU AUGUSTO DE SAINT-HILAIRE

AUGUSTO DE SAINT-HILAIRE – Em sua segunda Viagem do Rio de Janeiro e Minas Gerais e a São Paulo em 1822. Voltlando de Minas para São Paulo. Passados mais de 112 anos dos relatos de Antonil. Quando então já se fazia uso do porto Cachoeira, Sendo certo que, não existia essa passagem no inicio das expedições para Minas ouro fato confirmado no próprio roteiro de Sant-Hilaire afirmandor: “Desta cidade de Lorena a navegação já se torna difícil e abaixo desta fica cortada por freqüente catadupas” havendo relatado em momento anterior suas impressões do caminho nos termos seguinte: “Pé da Serra, 20 de março, 2 léguas e meia – O tempo estava magnífico quando nos levantamos. Firmiano assegurou-me que tinha bastante força para atravessar a Serra e pusemos a caminho.
Para passar escolhemos uma espécie de desfiladeiro onde de todos os lados vêem-se montanhas muito mais elevadas do que as que são preciso subir e descer. Não cessam as matas virgens, mas avistam-se cumes cobertos por vegetação simples, carrascais e mesmo pastos.
Desci a montanha a pé e isto não sem cansaço. Como em toda a mata virgem encontrei poucas plantas floridas.
Logo que se começa a descer a montanha, goza-se por intervalos paisagem muito ampla. A região descortinada é cheia de mata, bastante igual e limitada por uma cadeia, a que corre mais perto do mar e é paralela a este. (Sait-Hilaire, Augusto, Segunda Viagem do Rio de Janeiro a Minas Gerais e a São Paulo, 1822, Ed. Itatiaia; São Paulo, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1974, pag. 68, 69, 73).



VISÕES DAS PAISAGENS DE UM CAMINHO - ASSIM FALOU ANDRE JOÃO ANTONIL

No Roteiro do caminho da vila de São Paulo para as Minas Gerais e para o rio das Velhas, contido na obra “Cultura e Opulência do Brasil, com suas Minas e Drogas, publicado em 1711 temos: "Gastão comumente os paulistas desde a vila de São Paulo até as Minas Gerais dos Cataguás pelo menos, dous meses; porque não marchão de sol a sol, mas até ao meio dia; quando muito até uma ou duas horas da tarde; assim para se arrancharem, como para terem tempo de descançar, e de buscar alguma caça, ou peixe, onde o há, mel de páo, e outro qualquer mantimento. E desta sorte aturão com tão grande trabalho.“O roteiro do seu caminho desde a vila de São Paulo, até a Serra de Itatiaia, onde se divide em dous; um para as minas do Caité, ou Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, e do Ouro Preto; e outro para as minas do Rio das Velhas; e o seguinte em que se apontão os pousos, e paragens do dito caminho, com as distâncias que tem, e os dias que pouco mais ou menos se gastão de uma estalagem para outra, em que os mineiros pousão, e se é hoje necessário descanço, e se refazem do que hão mister, e hoje se achão em tais paragens.” No primeiro dia saindo da vila de São Paulo vão ordinariamente pousar em Nossa Senhora da Penha, por ser (como eles dizem) o primeiro arranco de casa; e não são mais que duas legoas.“Daí vão à aldeia de Tacuaquicetuba, cominho de um dia.“ “Gastão da dita aldeia até a vila de Mogi, dous dias.” De Mogi vão às Larangjeiras, caminhando, quatro ou cinco dias até o jantar.“Das Laranjeiras até a vila de Jacareí, um dia até as três horas.” De Jacareí até a vila de Taubaté dois dias até o jantar.“De Taubaté a Pindamonhangaba, freguezia de Nossa Senhora da Conceição, dia e meio.‘De Pindamonhangaba até a vila de Guaratinguetá cinco ou seis dias até o jantar.” De Guaratinguetá até o porto de Guaipacare, onde ficão as roças de Bento Rodrigues, dois dias até o jantar.“Destas roças até ao pé da serra afamada da Mantiqueira pelas cinco serras muito altas, que parecem os primeiros morros, que o ouro tem no caminho, para que não cheguem lá os mineiros, gastão-se três dias até o jantar.” Daqui começão a passar o ribeiro, que chamão passa vinte, porque vinte vezes se passa; e se sobe as serras sobreditas; para passar as quais, se descarregão as cavalgaduras, pelos grandes riscos dos despinhadeiros, que se encontrão; e assim gastão dois dias em passar com grande dificuldade estas serras; e daí se descobrem muitas e aprazíveis arvores de pinhões que há seu tempo dão abundancia deles para o sustento dos mineiros, como também porcos mantezes, araras, e papagaios. . (Essa estrada costa da obra de Antonil intitulada “Cultura e Opulência do Brasil” publicada em 1711, com o titulo “Roteiro do Caminho de São Paulo para as Minas Gerais e para os Rios das Velhas e é descrita no volume XI dos “Documentos Interessantes de Orville Derby citada por (LEITE, Mário. A Região da Mantiqueira, Ensaio Descritivo. Lisboa-Portugal: Composto e Impresso Na Sociedade Industrial de Tipografia, Limitada, 1951, 1.º ed., p. 121)
Parafraseando: Pé da serra afamada da Mantiqueira, cinco serras muito altas, que parecem os primeiros morros, que o ouro tem no caminho, para que não cheguem lá os mineiros, se constitui em espaço  colonial de Piquete-SP, cuja transposição da Serra se dava, via Alto da Serra (Garganta do Sapucai) ou via Garganta do Embaú, em conformidade com o Mapa de Santos de 1776..


PIQUETE NO CAMINHO COMERCIAL COLONIAL MINEIRO E NO CAMINHO DA HISTÓRIA

A assertiva encontra fundamento no magnífico documento de pesquisa sobre a história e a memória dos caminhos de Minas colonial, da lavra de Matheus Souza Gomes, sobre os livros dos registros de passagem, sendo oportuno destacar o caminho referente ao registro de Itajubá.* Assim sendo não se há de questionar as informações constantes desses livros em especial no que diz respeito ao “ transporte de cargas, seus donos, a localização, origem, destino do passante e suas mercadorias”. Nesse diapasão temos que: 1) O registro de Itajubá ficava próximo a fronteira entre as capitanias de Minas e São Paulo por onde foram introduzidas mercadorias através desse registro no período que vai de 1750 a 1832. Sendo certo que o núcleo embrião de Itajubá, localizava-se onde hoje esta a cidade de Delfim Moreira-MG; 2) “Já a cachaça introduzida nas Minas pelo registro de Itajubá era produzida na capitania de São Paulo, e durante todo o período colonial sempre esteve entre as principais mercadorias produzidas e comercializadas pela colônia lusitana na América, além de ser usada como moeda de troca por vários outros Produtos Comercializados” 3) “As cargas de cachaça e sal que eram importadas em Itajubá eram provenientes das localidades de Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Bragança Paulista, Taubaté, e tinham como destinos introduzidas em Minas, através do núcleo embrião de Piquete especialmente pela Garganta do Meia-Lua. Outra evidência é a de que, se a introdução através desse registro se deu a partir de 1750, objetivando levar mercadoria para região de Itajubá, bem como para Campanha, São João del Rei, provado está que se tratava de um caminho alternativo à referida Garganta do Embaú, cujo acesso original sempre foi pelo núcleo embrião de Piquete, bastando para tanto ler o Roteiro de Viagem contido na obra de André João Antonil “Cultura e Opulência do Brasil com suas Minas e Drogas.

Mapa do Caminho Velho, via Registro (Piquete) e Conceição do Embaú (Cruzeiro-SP

Mapa do Caminho Geral do Sertão, via Alto da Serra
MAPAS DE SANTOS
Fonte: Carta corográfica - Cap. de S. Paulo, 1766 .Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. (http://migre.me/aWncu)
*http://www.ichs.ufop.br/memorial/trab2/ic14.pdf

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A HISTÓRA DA VEREDA DAS BRUMAS DAS TERRAS ERMAS OU SERTÃO DE GUARATINGUETÁ


No roteiro de viagem contido na obra de Andre João Antonil; “Cultura e Opulência do Brasil”, publicado em 1711, após Guratinguetá, transposto o porto Guaipacaré, faz referência o roteirista, as cinco serras altas, em um primeiro momento e, logo a seguir, no desenrolar da viagem, ao monte caxambu. No que diz respeito à citada cadeia de montanhas, é possível afirmar que se trata do contra forte da Mantiqueira, em cuja encosta está Piquete, caminho obrigatório para os que seguiam rumo Norte, para Minas do Sabaraçu. Sendo oportuno citar os ensinamentos de Rocha Pombo temos que; "até Guaratinguenta a região era aberta e frequentada, mas dali em diante começavam a cair nas serrarias as brumas das terras ermas, como eram conhecidas essas veredas" (grifo meu) (1).   Em seguida segue a referência ao Monte Caxambu, restando certo que, está relacionada ao relevo que deu origem a cidade do mesmo nome. Por outro lado, caxambu, é designado pela pesquisa, como instrumento usado na prática da tradicional dança chamada Jongo, não obstante ao fato de ser considerado por alguns, a própria prática da referida dança. Quer-se dizer que, a citação pelo roteirista resulta no mínimo, da constatação por este, de manifestações de praticas musicais exercidas pelos negros em vários momentos da viagem. Torna-se oportuno citar, para ressaltar o sentido da força de uma tradição, trechos das legislações colonial e eclesiásticas de rigor e intolerância contra essas manifestações. Para concluir que, somente a extrema capacidade de resistir, de lutar sem sucumbir às atrocidades seculares, leva a certeza de que, Piquete trás no samba, no batuque na tradição do jongo, a certeza de que, haverá de resgatar sua própria História, contando com o seguimento da academia, que tem compromisso com a verdade, apesar dos que fazem ouvidos mouco.
(1) Pombo, Rocha Pombo História do Brasil, Volume II, O regime Colonial, W.M.JACKSON INC. EDITORES, 1947. Capitulo X,  Integração do Território, pag 304

domingo, 6 de junho de 2010

INDULGÊNCIA E FÉ NA ADORAÇÃO PERENE AO SANTISSIMO SACRAMENTO NO CAMINHO DO OURO EM PIQUETE


Esse ano excepcionalmente, não fui a Piquete assistir a celebração de Corpus Christi que não obstante a certo arrefecimento, vem se mantendo viva. Essa celebração nos últimos tempos na minha cidade, inicia-se na Igreja de São José, localizada na rua onde nasci e vivenciada como um grande evento religioso. Porém,  até então, representava algo que transpunha a minha capacidade de entendimento na condição de leigo.
Entretanto, aproveitando o fim de semana para dedicar às minhas pesquisas passeei a examinar a publicação:  (Documentos Avulsos de Interesse para a Historia e Costume e São Paulo Vol. I de 1952), quando então, deparei na pág. 122/123 com um “REGIMENTO, PARA OS CONFEDERADOS NA ADORAÇÃO PERENE DO SANTISSIMO SACRAVMENTO, INSTITUIDA NA BAHIA DE TODOS OS SANTOS METROPOLIS DO BRASIL. Como parte do referido documento consta ainda as “Regras que hão de guardar os Confederados” escrito no Colégio de Santos, datado de 15 de Novembro de 1755, assinado por Inácio Antunez.(1)
Precisei dar um tempo para entender que tinha em mãos um documento que recompunha mais um das lacunas perdidas da História de Piquete, pois, esclarecia a origem da irmandade de adoração perene ao Santíssimo Sacramento, ou seja, a irmandade da Boa Morte no Brasil, que não obstante ao sincretismo, tinha uma origem Oficial.
Constatei que, o dia de Corpus Christi, incluía-se como uma das indulgencias, quando do reconhecimento da irmandade dessa adoração pela mais alta autoridade da igreja em 1694.
Posso afirmar a partir de então que Piquete, não é tão somente o caminho original do ouro, mas um núcleo de devoção perene ao Santíssimo Sacramento, manifestado nas mais diversas indulgencias, permanentemente praticadas, como exemplo; a da caridade, do jejum, da peregrinação etc.(2)
Práticas essas vivenciadas de modo intenso, pelas diversas irmandades, as quais se revelam plenamente coincidentes com a devoção e invocação a BOA MORTE.
Em conclusão, a doação feita por Bento Rodrigues Caldeira e outros, em suas roças em 1705, pela qual se caminhava por 03 dias, para se chegar ao pé da serra, não restando dúvida que nela estava contido o núcleo embrião de Piquete, para construção dedicada a Nossa Senhora da Piedade, em que a mãe santíssima aparece com o cadáver do Filho divino no colo, revela sua adoração perene ao Santíssimo Sacramento, perpetuada no tempo. (3)
O Regimento inicia-se com a seguinte explicação:
“No ano de 1693, continuando nesta cidade da Bahia o estrago das doenças a que chamarão Bicha, um Religioso, da Companhia de Jesus tratou de instituir para remédio de tanto mal, e publicou do púlpito sua Adoração perpetua, ou Laus perene por todas as horas do dia e noite em honra do Senhor Sacramentado. Concorreram logo muitos Fieis Religiosos e seculares, assentando seus nomes em um livro e levando em um papelinhos determinado o mês, dia e hora, em que cada um havia de estar em oração do modo que adiante se dirá”
Esclarece o regimento que a devoção passou a ser praticada com admirável freqüência de confissão e comunhão que a força da doença foi se aplacando até se acabar (grifo meu)
Por conseguinte a adoração perene ao Santíssimo Sacramento teve a aprovação de Roma, advinda não só do Proposto Geral da Companhia de Jesus, mas especialmente do santíssimo Papa Inncencio XII com dois Breves. O primeiro dizia respeito a concessão de um Altar privilegiado que era o do Santo Cristo na Igreja do Colégio.
O segundo breves, tratava sucessivamente das seguintes indulgencias: a) plenárias, seja, “o sacramento da Penitência e da Reconciliação” a serem realizadas nas primeiras horas de devoção; b) No dia de Corpus Christi deveriam os irmãos dessa adoração, visitar a sobredita capela; c) Na hora da morte deveriam os irmãos dessa devoção invocar o Santíssimo nome de Jesus.
Entre outras indulgência levadas em consideração pelos irmãos da devoção, o então Ilustríssimo Senhor D. João Franco de Oliveira, arcebispo da Bahia foi servido acrescentar quarenta dias a cada irmão no dia em que lhe cabe a sua hora, qualquer vez que o fizerem ganham cem dias de perdão (grifo meu). Colégio de Santos, 15 de Novembro de 1755. Ignácio Antunez.
(1) Documentos Avulsos, de interesse para a História e Costume de São Paulo, Departamento do Arquivo do Estado de São Paulo Vol. I, 1952 pág. 122/123.
(2) http://migre.me/MiG5
(3) http://migre.me/MjYE

quarta-feira, 2 de junho de 2010

ESTRADA REAL: VETOR DE FERTILIZAÇÃO DE CONHECIMENTO E APRENDIZADO PARA A EXPLORAÇÃO MINERAL Obs: Esse documento produzido pelo Centro de Tecnologia Mineral, reafirma a tese de que o desfiladeiro de Itajubá sempre foi usado como alternativa à garganta do Embaú. Sendo certo que originalmente chegava-se ao Núcleo Embrião de Piquete pelo Bairro do Ronco.

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3. Estrada Real: Contexto Histórico
Os atuais 1.400 km da Estrada Real compreendem os denominados Caminhos Velho e Caminho Novo. O primeiro, se constitui numa típica rota de penetração que, partindo do porto de Paraty, localizado a cerca de 180 km da cidade do Rio de Janeiro, passava por Cunha, ainda no Estado do Rio de Janeiro, em seguida por Guaratinguetá e Lorena, no Estado de São Paulo, para então penetrar no Estado de Minas Gerais seguindo pelas localidades de Marmelópolis, Caxambu, Cruzília, Carrancas, Nazareno, São João del-Rei, Tiradentes, Lagoa Dourada, Congonhas do Campo, Miguel Burnier, Engenheiro Correa, Santo Antonio do Leite, Cachoeira do Campo e Ouro Preto (vide o mapa a seguir apresentado).
Em fins do século XVII, com o suporte desta rota de penetração, são efetuadas as primeiras descobertas de ouro nas localidades onde veio a surgir a exuberante Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto. A produção crescente do novo centro minerador logo veio a determinar a necessidade de se construir uma nova rota que propiciasse a sua mais fácil, rápida e segura ligação, ao litoral e, por este meio, a Portugal.
Esta missão coube a Garcia Rodrigues Paes, o qual, por determinação da Coroa Portuguesa, se incumbiu da construção do Caminho Novo (ou Estrada da Corte), ligando a região mineradora de Vila Rica ao Rio de Janeiro. De fato, em relação ao Caminho Velho, através da qual a viagem demandava cerca de dois meses, o Caminho Novo passou a permitir o percurso entre os dois centros em 25 dias (a pé), ou 15 dias (a cavalo), propiciando, obviamente, uma notável redução dos custos do transporte. Além de ter se constituído uma rota de saída, de Vila Rica a Rio de Janeiro, o Caminho Novo foi também uma rota de penetração, avançando no sentido norte, para ligar Vila Rica a Vila do Príncipe (atual Serro) e ao Arraial do Tijuco (atual Diamantina).
No seu trajeto de Ouro Preto ao Rio de Janeiro, o Caminho Novo passava por Ouro Branco, Conselheiro Lafaiete, Cristiano Otoni, Carandaí, Ressaquinha, Alfredo de Vasconcelos, Barbacena, Antonio Carlos, Santos Dumont, Ewbank da Câmara, Juiz de Fora, Matias Barbosa, Simão Pereira. Paraibuna, Paraíba do Sul, Inconfidência, Secretário, Três Rios, Petrópolis e Magé. Por outro lado, de Ouro Preto para Diamantina, o Caminho Novo seguia por Mariana, Camargos, Bento Rodrigues, Santa Rita Durão, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Itambé do Mato Dentro, Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas, Serro, Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras.
A análise do contexto histórico evidencia, que – apesar do declínio do Ciclo do Ouro do século XVIII, no qual se afirmou - a Estrada Real manteve o seu notável papel como rota de penetração e de desenvolvimento regional com marcantes efeitos para a Região de Influência da Estrada Real (RIER) e para o país, seja em termos de correspondentes formações político-culturais e científico-tecnológicas ou de suas contribuições para a ocupação e o ordenamento do território e para o desenvolvimento regional
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Estrada de Ferro - Linha Centro da EFCB: No decorrer das duas últimas décadas do século XIX, diferentes ramais de estrada de ferro foram construídos no país, boa parte com tecnologia inglesa, além de contar com mão-de-obra predominante de imigrantes portugueses, especialmente no que se refere a obras-de-arte em pedra de cantaria. Alguns destes ramais serviram-se da Estrada Real, seja como rota de acesso de equipamentos, materiais e recursos humanos, seja para aproveitamento do próprio traçado. Tal é o caso da antiga linha centro da Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), que ligava o Rio de Janeiro a Ouro Preto e Belo Horizonte, da qual resultou parte do atual sistema ferroviário da MRS.
A partir de final do século XIX, passando pelo século XX e chegando aos dias atuais, verifica-se uma notável ampliação e aprimoramento do sistema de transporte em todo o país, cabendo assinalar que a Estrada Real ainda hoje evidencia a sua importância como eixo básico da atual rodovia federal BR-040 (antiga BR-03) que liga o Rio de Janeiro a Belo Horizonte e a Brasília. Verifica-se também que alguns dos principais eixos logísticos existentes no país - e que ao longo do tempo promoveram e viabilizaram a implantação de novos centros urbanos, novos pólos de produção agropastoril e modernos parques industriais - encontram-se intrinsicamente associados ao traçado original da Estrada Real ou foram por este estimulados.
http://www.cetem.gov.br/publicacao/CTs/CT2008-048-00.pdf
Nota: O presente estudo  vem confirmar a relevãncia Histórica do Núcleo Embrião de Piquete, uma vez que, o acesso a Marmelópolis, originalmente era  realizado  pela Garganta do Sapucai, via Pico do Meia Lua, local onde  veio a se instalar na Raiz do Monte,  o Registro de Itajubá.

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...